UMA HISTÓRIA DA VOLKSWAGEN - 2.ª PARTE

O RECOMEÇO DA PRODUÇÃO

No fim da 2.ª Guerra Mundial a Volkswagenwerk estava destruída, mas as máquinas para produção dos automóveis estavam intactas, e havia material em armazém, que permitia o recomeço da produção.  Foi o que o major Ivan Hirst, do Corpo de Engenheiros do exército britânico, foi encarregado de realizar. Os carros eram necessários para as forças de ocupação britânicas.


Produção  do modelo 

Quando os soldados da 102.ª divisão de infantaria do exército americano avistaram a fábrica e a cidade da Volkswagen, em 11 de Abril de 1945, desconheciam a sua existência porque a localidade não vinha representada em nenhum mapa.

Devido à proximidade do exército russo, as tropas americanas não ocuparam logo a cidade, mas a população alemã foi ter com os soldados ocidentais, com medo das represálias dos combatentes russos.

Mais tarde, com a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação, a cidade passou a ser responsabilidade do exército britânico. A direcção da fábrica foi entregue ao major Ivan Hirst, do Corpo de Engenheiros electrotécnicos e mecânicos, com o encargo de pôr a fábrica a funcionar e, enquanto Presidente da Câmara da povoação, dar condições de vida aos operários que lá viviam precariamente. A fábrica tinha 9.000 empregados e a localidade uma população de 17.000 habitantes, mas estava a aumentar todos os dias, com a chegada diária de refugiados dos territórios da Alemanha de leste. Foi na primeira reunião da nova autarquia, em 25 de Maio de 1945, que foi dado o nome de Wolfsburg à cidade. Nos primeiros tempos, a fábrica serviu sobretudo para reparação de Jeeps do exército britânico, e produção de motores.

Mas dois KdF-Wagens foram montados à mão, para uso do Quartel General do exército britânico. O exército britânico precisava urgentemente de meios de transporte e, por isso, fez uma encomenda de 20.000 automóveis à Volkswagen, em 17 de Setembro de 1945 . Serviriam também para pagamento das indemnizações ao governo britânico. Até ao fim do ano foram produzidos 1.785 automóveis, e no ano seguinte chegou-se aos 10.000 veículos, que foi atingido rigorosamente no dia 14 de Outubro de 1946. O preço era de 5.000 marcos, e os automóveis foram entregues à Comissão aliada de Controlo da Alemanha, e distribuídos aos Correios, à Cruz Vermelha e a outras instituições nascentes necessitadas. Não foram vendidos exemplares a particulares.


A fábrica da VW em 1945

Nordhoff, os VW e Wolfsburg

Em 1947 a empresa participou na Feira de Exportação de Hanovre, encontrando um comerciante interessado em exportar Volkswagens para a Holanda. No ano seguinte,  após contactos com a Ford, com o governo francês e com uma empresa automóvel britânica, o Rootes Group, que não se mostraram interessados em ficar com a administração da empresa,  o exército britânico entregou a direcção da fábrica, no dia 2 de Janeiro de 1948, ao antigo engenheiro da Opel  Heinrich Nordhoff, dando-lhe o título de director-geral.

Em 1949 a Comissão de Controlo aliada, ao entregar o controlo dos bens do estado alemão ao governo federal, entregou também a fábrica da Volkswagen. O governo de Bona passou este precioso bem para o Land da Baixa Saxónia, que criou uma empresa pública para gerir a fábrica.

A empresa entregue à Alemanha era uma empresa de sucesso. Empregava quase 10.000 pessoas, produziria até ao fim do ano 46.154 veículos, dos quais 23% seriam exportados para 9 países. Uma produção que estava a aumentar rapidamente,  já que, em 1948, o número não tinha ultrapassado os 20.000 exemplares. O Volkswagen era o carro mais vendido na Alemanha, tendo 50% do mercado. A empresa estava a criar  uma rede de vendas e de serviço na Alemanha e no estrangeiro, e tinha inovado ao criar um seguro especificamente para os compradores de Volkswagens. O único problema ? Era produzido só em duas cores: azul escuro e cinzento pérola.

Foi em 1949 que o Volkswagen foi visto novamente pelos americanos quando foi apresentado na Exposição Industrial alemã de Nova Iorque. Uma parte do público que o viu nessa exposição, possivelmente, lembrou-se  da reportagem com fotografias a cores da revista Life, que em 1938 tinha mostrado três modelos deste automóvel quando da colocação da primeira pedra da fábrica da Volkswagen por Hitler. A nova apresentação do carro não foi um sucesso. Nesse ano venderam-se dois carros nos Estados Unidos.

O modelo para exportação do «Carocha» foi criado também neste ano. Tinha um interior mais acolhedor do que a versão normal, mais cromados no exterior, e sobretudo mais cores disponíveis: verde, castanho, encarnado escuro (bordeaux) e preto.

A década de 50

Em 4 de Março de 1950 foi produzido o Volkswagen n.º 100.000. Até ao fim da década, precisamente em 1959, serão produzidos três milhões de carochas. Nestes 10 anos a Volkswagen, que era uma empresa pública, irá preparar-se para a época de ouro do Carocha, que será a década de 60, no fim da qual serão atingidos os 10 milhões de veículos (4 de Março de 1970). Será enquanto empresa privada que a Volkswagen se tornará a empresa a produzir o modelo mais vendido de sempre.

Durante estes anos a mudança mais visível deu-se no vidro traseiro que, em 1953 perdeu a barra central, aumentando a visibilidade em 23% , e que em 1958 foi aumentado tornando-se quase da largura do «capot». Na parte mecânica a modificação mais importante foi a introdução da caixa de mudanças sincronizada e o aparecimento dos travões hidráulicos. Na parte comercial foi introduzido o programa de troca de motor com garantia, e renovação de garantias para outros componentes.

Durante a primeira parte da década de 50, o Volkswagen foi sendo exportado para os Estados Unidos da América por empresas mais interessadas em garantir o fornecimento de carros desportivos, como os Porsches, do que em vender o «Carocha». As vendas não eram brilhantes e só com o aparecimento da Volkswagen America, empresa criada em 1954, é que a situação se modificou, e rapidamente.

A Volkswagen of America, que apareceu para coordenar a distribuição dos carros nos Estados Unidos e criar uma rede de serviços e de peças, fez com que o número de carros vendidos naquele país quadruplicasse num só ano e chegasse aos 35.000 veículos em 1955. Os Estados Unidos tornavam-se assim o mais importante mercado de exportação para a Volkswagen alemã. 

No final da década, já se vendiam nos Estados Unidos quase 100.000 mil veículos por ano, havendo uma lista de espera de seis meses, e isto sem nenhum tipo de publicidade em meios de comunicação de massa. O Volkswagen tinha conquistado os estudantes, que em números nunca vistos, afluíam aos campus universitários americanos, e começava a ser uma opção na escolha do segundo carro das famílias americanas. Em Março de 1960, as exportações tinham chegado aos 500.000 automóveis. Isto é, no princípio da década de 60, mais de 10% dos Volkswagen produzidos rodavam nos Estados Unidos - 500.000 veículos em mais de 3 três milhões produzidos.

O mercado americano tinha especificidades, que tinham que ter respostas condignas, até porque os regulamentos eram mais rigorosos que os europeus. Era necessário, por isso, criar uma versão de exportação do carro expecificamente americana, e que irá ter mais cromados do que as outras versões. Em 1952, esta versão tinha passado a ter travões hidráulicos e em 1955 passou a ter «pisca-piscas» eléctricos.

Mas era preciso vender mais. O mercado e as divisas - o dólar americano era a moeda mais estável - eram essenciais para a sobrevivência da Volkswagen. Para compra de máquinas necessárias à produção das fábricas. 

Em 1959, estava tudo preparado para um aumento de produção. Havia 4 fábricas a produzir Volkswagens na Alemanha (Wolfsburg, Braunschweig,  Hanover e Kassel),  e outras duas no estrangeiro, uma no Brasil e outra na Austrália. Havia também uma linha de montagem na África do Sul. Havia seguros, e havia em todo o mundo um exemplar serviços de pós-vendas

 

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