AUTOBIOGRAFIA DE LEÃO TROTSKY

Trostky tenta explicar, neste capítulo da sua autobiografia, a relação política que mantinha com Lenine, defendendo que as posições de ambos, tanto teóricas como tácticas, sobre os objectivos a prosseguir na Revolução Russa de Fevereiro de 1917 - a tomada do poder pelos bolcheviques -, assim como as condições necessárias à sua manutenção - a "revolução permanente" -, eram idênticas. Segundo o autor, eram propostas que os outros dirigentes bolcheviques, Estaline, em especial, que considerava "a mais estúpida iminência do partido", eram incapazes de compreender. É patente como considerava impossível conjugar os princípios trotskistas com o estalinismo.

 

"O Pravda de Petrogrado, cujos editores, antes da chegada de Lenine, eram Estaline e Kamenev, manteve-se um monumento permanente à estreiteza mental, à cegueira e ao oportunismo."

 

Trotsky

Trotsky na Estação de Petrograd em 4 de Maio de 1917

O "Trotskismo" em 1917


Estava fora das lutas das duas facções da social-democracia1 [russa] d
esde 1904. Passei os primeiros anos da revolução de 1905-19072, ao lado dos bolcheviques. Durante os anos de reacção, defendi, na imprensa internacional marxista, os métodos revolucionários contra os mencheviques. Ainda não tinha perdido a esperança dos  mencheviques virarem à esquerda e fiz uma série de tentativas para a  unificação. Só no decurso da guerra3 é que me apercebi que essas tentativas seriam inúteis. Em Nova Iorque4, no início de Março, escrevi uma série de artigos dedicados ao estudo das forças de classe e as perspectivas da Revolução Russa. Ao mesmo tempo, Lenine5 enviava de Genebra para Petrogrado6 as suas Cartas de Longe.7 Escritos em dois lados do mundo, que o oceano separava, estes artigos faziam uma análise semelhante da situação e apresentavam previsões idênticas. Todas as  principais formulações – sobre a atitude a tomar para com os camponeses, a burguesia, o governo provisório, a guerra, a revolução internacional, eram absolutamente idênticas. A história mostrou bem a relação que havia entre "trotskismo" e leninismo. Esta demonstração deu-se em condições quase idênticas a  uma pura  experiência química. Não sabia qual era a opinião de  Lenine. Parti das minhas próprias premissas e experiência revolucionária. E mostrei ter as mesmas perspectivas e a mesma linha estratégica que Lenine apresentou.


Mas, possivelmente, naquela época, o problema era bem claro para todos, e a solução apresentada prevista por todos. Não! Pelo contrário! A opinião de Lenine foi nesse período - até 4 de Abril de 1917, ou seja, até ao seu aparecimento na arena de Petrogrado – uma opinião pessoal e isolada. Nenhum dos dirigentes do partido que se encontravam na Rússia – nenhum! –
tinha a mesma ideia de governar em direcção à ditadura do proletariado, à revolução socialista. A conferência do partido,8 que se tinha reunido nas vésperas da chegada de Lenine, algumas dezenas de bolcheviques, tinha mostrado que nenhum deles pensava para além da democracia. Não foi por acaso que as actas desta conferência permanecem escondidas até agora. Estaline9 era da opinião que se devia apoiar o Governo Provisório de Goutchkov-Milioukov10 e de realizar a fusão dos bolcheviques com os mencheviques. A mesma opinião foi defendida (de facto uma atitude ainda mais oportunista) por Rykov11, Kamenev12, Molotov13, Tomsky14, Kalinin15 e todos os outros dirigentes ou semi-dirigentes actuais. Yaroslavsky16, Ordzhonikidze17, o presidente da Comissão Executiva da Comissão Central da Ucrânia, Petrovski18, e outros, publicaram, durante a Revolução de Fevereiro19, em Yakutsk20, em comum com os mencheviques, um jornal chamado O Social Democrata, em que apresentaram ideias do mais vulgar oportunismo provinciano. Se alguns dos artigos do Social Democrata de Yakutsk fossem reproduzidos actualmente, Yaroslavsky que era o seu director, seria morto ideologicamente, admitindo que seja possível executá-lo ideologicamente.

Aqui está a defesa actual do "leninismo". Que em algumas ocasiões estes homens tenham repetido as palavras e imitado os gestos de Lenine, isso eu sei. Mas, no início de 1917, estavam entregues a si mesmos. A situação era difícil. Foi nesse momento que deveriam ter mostrado o que tinham aprendido na escola de Lenine e do que eram capazes de fazer sem ele. Não serão capazes de  nomear quem quer que seja, de todos eles, quem tenha sido capaz de compreender a posição formulada de forma idêntica, tanto por Lenine, em Genebra, como por mim em Nova Iorque. Não encontrarão uma única pessoa que seja. O Pravda21 de Petrogrado, cujos editores, antes da chegada de Lenine, eram Estaline e Kamenev,  manteve-se um monumento permanente à estreiteza mental, à cegueira e ao oportunismo. No entanto a maior parte do partido, assim como a classe  trabalhadora como um todo, estavam a dirigir-se espontaneamente para a luta pelo poder. Não havia, de facto, outra via, nem para o partido nem para o país.

Para defender, durante os anos da reacção, a perspectiva da revolução permanente, eram precisas previsões teóricas. Para lançar, em Março de 191722, a palavra de ordem da luta pelo poder, só era necessária, penso eu, perspicácia política. Capacidade de previsão e, ainda menos, perspicácia foi coisa que nenhum membro da actual direcção mostrou ter - nenhum! Nenhum deles, em Março de 1917, ultrapassou a posição pequeno burguesa da esquerda democrática. Nenhum deles passou correctamente o exame da história.

Cheguei a Petrogrado, um mês depois de Lenine. Exactamente o tempo que estive retido no Canadá por ordem de Lloyd George23. Encontrei a situação no partido muito mudada. Lenine tinha apelado à massa dos militantes contra os seus pobres dirigentes. Dirigiu uma luta sistemática contra os "velhos bolcheviques - como escreveu - que tinham feito, mais uma vez, um triste papel na história do partido, repetindo sem nada entenderem uma fórmula aprendida de cor, em vez de explorar as particularidades da nova e activa situação."

Kamenev e Rykov tentaram resistir. Estaline, em silêncio, afastou-se da discussão. Não há um único artigo, naquela época, onde tenha feito um esforço para analisar a sua posição política anterior e aproximar-se da posição leninista. Calou-se, nada mais. Estava demasiado comprometido com a direcção  desastrosa seguida no primeiro mês da revolução. Preferiu  desaparecer. Nunca defendeu publicamente as ideias de Lenine. Iludia e esperava. Durante o mês em que se fez a preparação teórica e política da Revolução de Outubro, quando foram definidas claramente as responsabilidades de cada um, Estaline, de facto, não existia politicamente.

Quando regressei à Rússia, muitas organizações sociais-democratas ainda juntavam mencheviques e bolcheviques. Era consequência natural da posição que Estaline, Kamenev e outros dirigentes tinham tomado, não só no início da revolução, mas também durante a guerra, sendo claro que a atitude de Estaline  durante o conflito é completamente desconhecida. Não escreveu uma única linha  sobre o problema, o que não é tão pouco importante como parece.

Actualmente, os manuais da Internacional Comunista no mundo inteiro  - a União dos Jovens Comunistas24 na Escandinávia e os Pioneiros25 na Austrália - repetem à saciedade que Trotsky, em Agosto de 1912, tentou unificar os bolcheviques e os mencheviques. No entanto, não é dito em parte nenhuma que Estaline, em Março de 1917, pregava a aliança com o partido do Tsereteli26 e que de facto, até meados de 1917, Lenine não conseguiu retirar o partido do pântano onde o tinham lançado os dirigentes temporários da altura, tornados actualmente seus epígonos. O facto que nenhum deles tenha compreendido, no início da revolução, o sentido e a direcção que ela estava a seguir, é agora interpretada como fazendo parte de uma bastante profunda visão dialéctica, que se opunha à  heresia trotskista, que ousou não só compreender os acontecimentos do passado, como prever os de amanhã.

Quando cheguei a Petersburgo [sic], disse a Kamenev que não tinha nenhuma objecção em relação às famosas Teses de Abril de Lenine, que determinaram o  novo rumo do partido, Kamenev respondeu-me apenas:

- Acho bem!...


Mesmo antes de ingressar formalmente no partido, contribuí para a elaboração  dos documentos mais importantes do bolchevismo. Não ocorreu a ninguém perguntar se eu tinha renunciado "trotskismo", como depois quiseram saber, em  milhares de ocasiões, no período de decadência dos seguidores de Lenine, os  Cachin27, os
Thälmann28 e outros parasitas da Revolução de Outubro. Se, naquela  época, podiam descobrir uma oposição do trotskismo ao leninismo, foi apenas no sentido de que nas mais altas esferas do partido, no mês de Abril, Lenine foi acusado de trotskismo. Kamenev falou disso aberta e persistentemente. Outros disseram o mesmo, mas de uma forma mais prudente, nos corredores. Dezenas de "velhos bolcheviques" disseram-me, após ter regressado à Rússia:

- Agora é que vai haver festa na sua rua! ...

Fui obrigado a demonstrar que Lenine não tinha adoptado as minhas posições, que  só tinha desenvolvido as suas ideias e que, devido a essa evolução, em que a  álgebra simplificava-se e tornava-se aritmética, a identidade das nossas ideias tornava-se manifesta. Foi de facto o que aconteceu.

A partir dos nossos primeiros encontros, e sobretudo a partir das Jornadas de Julho29, Lenine dava a impressão de uma enorme concentração interior, de uma capacidade de recolhimento levado ao extremo, sob uma aparência calma e simples. O regime de Kerensky30 parecia, na altura, todo-poderoso. O bolchevismo era apresentado como um "pequeno grupo insignificante". Era assim que era  tratado oficialmente. O partido não se dava conta da força que iria ter no futuro. E, mesmo assim, Lenine preparava-o, calmamente, para as grandes tarefas.  Associei-me ao trabalho e ajudei Lenine.

Dois meses antes de Outubro, escrevi:

"Para nós, o internacionalismo não é uma ideia abstracta, não existente apenas para ser traído na primeira oportunidade (que é o que ele é para um Tsereteli ou um Tchernov); é um princípio que nos orienta permanentemente e que é profundamente prático. Um êxito duradouro, decisivo, não é concebível para nós fora de uma revolução europeia."

Ao lado de nomes de Tsereteli e Chernov, não poderia, ainda assim, colocar  Estaline, filósofo do socialismo num só país31. Terminei o meu artigo com estas palavras:

"A revolução permanente contra a carnificina em curso! Esta é a luta cuja finalidade é o destino da humanidade."

Foi publicado no órgão central do nosso partido, em 7 de Setembro, e reimpresso em forma de panfleto. Porque é que os meus críticos actuais se mantiveram calados em relação à palavra de ordem herética duma revolução permanente? Onde estavam? Uns, como Estaline, esperavam os acontecimentos, olhando para todos os lados, outros, como Zinoviev, escondiam-se debaixo das mesas.

Mas a grande questão era esta: como é que Lenine podia tolerar a minha propaganda herética? Em questões teóricas não era nada condescendente nem tão-pouco indulgente. Como poderia aceitar que o "trotsquismo" fosse pregado no órgão central do partido?

No dia 1 de Novembro de 1917, numa reunião da Comissão de Petrogrado (a acta da reunião, histórica em todos os sentidos, mantêm-se secreta até hoje), Lenine declarou que desde o momento em que Trotsky se tinha convencido da impossibilidade de uma aliança com os mencheviques "não havia melhor bolchevique que ele." Assim, mostrou claramente, não tendo sido a primeira vez,  que se alguma coisa nos separava, não era a teoria da revolução permanente, mas sim um problema mais restrito, embora muito importante, sobre as relações a  manter com o menchevismo.

Fazendo uma análise retrospectiva, dois anos após a Revolução de Outubro, Lenine escreveu:

"No momento da conquista do poder, quando foi criada a República dos Sovietes32, o bolchevismo chamara a si tudo o que havia de melhor nas  diferentes tendências do pensamento socialista que lhe estavam próximo."

Pode haver alguma dúvida que, ao falar de uma forma tão clara das tendências do pensamento socialista mais próximas do bolchevismo, Lenine tinha em mente, sobretudo o que agora é chamado de "trotsquismo histórico"? Na verdade, que outra tendência poderia estar mais próxima do bolchevismo do que aquela que eu representava? Em quem é que Lenine poderia estar a pensar? Em Marcel Cachin? Em Thaelmann? Para Lenine, quando passou em revista a evolução do partido, no seu todo, o trotsquismo não era algo estranho e hostil; era, ao contrário, a corrente do pensamento socialista mais próxima do bolchevismo.

A verdadeira marcha das ideias não teve, como se vê, nada em comum com a falsa caricatura que fizeram, aproveitando a morte de Lenine e a vaga reaccionária, os seus epígonos.


Notas:

1. O Partido Operário Social Democrata da Rússia foi fundado em 1898 por marxistas russos, entre eles Gueorgui Plekhanov. Em 1903, no 2.º Congresso, o partido dividiu-se na questão dos estatutos, criando-se uma maioria "bolchevique" (do russo bolchinstvo) - que defendia um partido formado unicamente por revolucionários profissionais - e uma minoria "menchevique" (menchinstvo) - que defendia um partido de massas, aberto a todos o que aceitariam o seu programa.

2. A Revolução de 1905, teve início no Domingo Vermelho, 22 de Janeiro, tendo dado origem à promulgação, por Nicolau II, de uma constituição liberal em Outubro seguinte. A oposição de esquerda manteve-se activa durante o ano de 1906, em São Petersburgo, onde pontificava Trotski, e Moscovo. A Duma, a Assembleia electiva, manteve-se como centro do poder até 1907.

3. A Primeira Guerra Mundial, de 1914-1918.

4. Preso em finais de 1906, enviado para um campo no Círculo Polar Árctico, Trostky conseguiu evadir-se durante a transferência, acabando por se estabelecer em Viena. Com o início da guerra mudou-se para a Suíça. Mais tarde passou a França, sendo preso e deportado para Espanha. Detido  em Madrid, foi enviado para Cádis e, mais tarde, para Barcelona, onde foi colocado num navio com destino para os Estados Unidos da América. tendo chegado a Nova Iorque em Janeiro de 1917.

5. Vladimir Ilitch Oulianov (1870-1924), principal dirigente do partido bolchevique, foi o primeiro presidente do Conselho dos comissários do povo, após a Revolução de Outubro de 1917.

6. São Petersburgo passou a chamar-se Petrogrado a partir de 1914 devido à sua conotação germânica. Esta reacção anti-germânica foi muito intensa em toda a Europa, no início da Primeira Guerra Mundial, sobretudo na Grã-Bretanha onde os nomes com conotações germânicas foram rapidamente mudados, sobretudo o da Casa Real que de Saxe-Coburg-Gotha se tornou Windsor.

7. Cinco cartas escritas de Zurique e publicadas no jornal Pravda e nas revistas BolcheviqueInternacional Comunista entre 21 de Março e 8 de Abril de 1917 tentavam, dirigir de longe a actividade dos bolcheviques durante a Revolução iniciada em Fevereiro de 1917.

8. A reunião a que Trotsky se refere é a Conferencia dos Sovietes de deputados operários e soldados da Rússia, à qual Lenine ainda se apresentou no dia em que chegou a Petrogrado, e não a do Partido Bolchevique, que se reuniu em fins de Abril, já com a presença de Lenine, que chegara a capital russa em 4 de Abril.

9. Iossif (José) Vissarionovitch Djougachvili (1878/1879-1953), secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética de 1922 a 1953. Bolchevista desde 1904 foi, em 1917, membro fundador do Politburo do Partido Comunista da URSS.

10. O governo provisório russo criado após a Revolução de Fevereiro de 1917, estava dividido em dois grupos, um, mais à direita dirigido por Alexandre Goutchkov (1862-1936), ministro da Guerra e da Marinha, democrata liberal, chefe dos Outubristas de 1905, presidente da Douma em 1907, e Pavel Milioukov (1859-1943), dirigente do Partido Constitucional Democrático, ministro dos Negócios Estrangeiros, e outro mais à esquerda dirigido por Kerensky. O governo - formado pela aliança do "bloco progressista" - opunha-se às decisões do Soviete de Petrogrado.

11. Alexeï Rykov (1881-1938), foi presidente do Conselho dos comissários do povo, de 1924 a 1929, após a morte de Lenine. Em 1917 era membro do Soviete de Petrogrado, da Comissão Central do Partido Bolchevique e da Comissão militar revolucionária que organizou a tomada do poder em Novembro de 1917.

12. Lev Kamenev (1883-1936). Amigo de Lenine, cunhado de Trotsky, foi redactor do Pravda de Viena, criado por Trostky. Em 1917 opôs-se, com Zinoviev, ao projecto insurreccional de Lenine. Após a Revolução de Outubro, foi eleito Presidente da Comissão Executiva Central do Congresso dos Sovietes - posição equivalente à de Chefe de Estado. Em 1924, formou com Trotsky a oposição de esquerda a Estaline, sendo expulso do partido em 1927. Foi acusado nos Processos de Moscovo de 1936, sendo condenado à morte. Os seus dois filhos, em 1938 e 1939, e a sua primeira mulher, a irmã de Trotsky, em 1941, foram também assassinados por ordem de Estaline.

13. Viatcheslav Molotov (1890-1986). Membro dos bolcheviques desde 1906. Escreveu no Pravda de São Petersburgo, sendo nomeado membro da Comissão Central do Partido Comunista da USSR em 1920. Responsável pelas requisições forçadas de produtos agrícolas, na Ucrânia, em 1932-33, provocou o genocídio conhecido por Golodomor - a Grande Fome da Ucrânia. De 1939 a 1949 foi ministro dos Negócios Estrangeiros, sendo o principal artífice do Pacto Germano-Soviético que permitiu o início da Segunda Guerra Mundial.

14. Mikhail Tomsky (1880-1936). Sindicalista, membro do Partido Bolchevique foi dirigente do Conselho Central dos Sindicatos russos. Em 1917 estava em Moscovo. Aliado de Estaline contra Trotsky, na luta pelo poder a seguir à morte de Lenine, foi acusado no primeiro Processo de Moscovo e suicidou-se.  

15. Mikhail Kalinin (1875-1946). Membro do Partido Bolchevique desde 1905, presidente da Câmara de Petrogrado em 1919, presidente da URSS de 1922 a 1946.

16. Emelyan Mikhailovich Yaroslavsky (1878-1943). Revolucionário desde 1898, aderiu ao Partido Social-Democrata em 1903. Participou na Revolução de 1905 sendo membro do Soviete de Yakutsk, no Extremo Oriente.

17. Grigoriy Ordzhonikidze (1886-1937), amigo de Estaline, fez parte da Clique Georgiana. Durante a Guerra Civil foi Comissário político na Ucrânia, sendo um dos responsáveis da inclusão do Cáucaso na União Soviética, dirigindo a invasão da República Democrática da Geórgia e criando uma República Socialista. Membro do Politburo do Partido Comunista em 1926, parece ter-se oposto às purgas de 1936. Em 1937, após o seu irmão mais velho ter sido torturado até à morte, foi encontrado morto em 18 de Fevereiro.

18. Grigory Ivanovich Petrovsky (1878-1958). Nascido na Ucrânia, era membro do Partido Social Democrata desde 1897. Comissário do Interior com a Revolução de Outubro organizou a Cheka, a polícia política bolchevique, sendo um dos proponentes do Terror Vermelho. Estaline expulsou-o do Partido Comunista em 1933.

19. Revolução começada em Fevereiro de 1917 (Março no calendário gregoriano, actualmente usado) que depôs a autocracia czarista, tendo sido nomeado um Governo Provisório pelo Parlamento Imperial, a Duma.

20. Capital da região da Iacútia, na Sibéria Oriental, uma das cidades mais frias da Terra, desenvolveu-se, a partir de um forte de cossacos, após a descoberta das minas de ouro siberianas, no fim do século XIX.

21. Criado por Trotsky, em Viena, em 1908, tentava ser um meio de unificação das facções sociais democratas russas. Deixou de se publicar em 22 de Abril de 1912. Estaline dirigiu um novo Pravda em São Petersburgo a partir dessa data. Foi o órgão oficial da Comissão Central do Partido Comunista da URSS de 1918 a 1991. O nome - Verdade - tem sido utilizado para muitos órgãos políticos e culturais pelo mundo inteiro: La Vérite, em França, Aletheia na Grécia, The Truth em Inglaterra.

22. Conjunto de manifestações operárias iniciadas a partir de 23 de Fevereiro de 1917 (8 de Março no calendário gregoriano), dia Internacional da Mulher, dando origem a greves prolongadas que acabaram em 3 de Março, após a abdicação do Czar Nicolau II no dia anterior.

23. David Lloyd George (1863-1945), primeiro-ministro britânico a partir de 1916 a 1922, é o único primeiro-ministro britânico nascido no País de Gales.

24. A Liga Comunista da Juventude sueca fazia parte do Partido Comunista Sueco, que em 1929, por ordem do Comintern (a 3.ª Internacional), tinha expulso todos os seus deputados e a maior parte dos seus membros, restando 4.000 dos 17.300 originais.

25. O Partido Comunista Australiano foi fundado em 1920. Em 1929 o Comintern impôs mudanças escolhendo uma nova direcção política, que se manteve durante trinta anos.

26. Irakli Tsereteli (1881-1959). Menchevique georgiano, eleito para a 2.ª Duma, em 1907. Preso nesse mesmo ano, foi exilado em 1913. Regressou à Rússia em 1917, dirigindo o Soviete de Petrogrado. Propôs que se tentasse acabar com a Guerra, mas que se mantivesse a luta contra a Alemanha até à assinatura da paz. Foi membro do Governo Provisório, tendo sido feito prisioneiro após a Revolução de Outubro. Libertado regressou à Geórgia, que se declarara independente, tendo sido eleito para a Assembleia Constituinte da República Democrática. Foi o representante da Geórgia na Conferência de Paz de Versalhes. Após a invasão do país pelos bolcheviques, exilou-se em Paris. Em 1940, foi viver para os EUA.

27. Marcel Cachin (1869-1958), membro do SFIO - a Secção Francesa da Internacional Operária (futuro Partido Socialista) -, foi eleito deputado em 1914, apoiando a guerra. Em 1920 fundou o Partido Comunista Francês - a Secção Francesa da Internacional Comunista - e integrou o Comintern. Em 1923 foi preso por se opor à ocupação do Ruhr e de Marrocos pela França. Em 1939 apoiou o governo da Frente Popular assim como o Pacto Germano-Russo de 1939. Foi director do Humanité de 1918 a 1958.

28. Ernst Thälmann (1886-1944). Membro do Partido Social Democrata alemão desde 1903, em 1917 aderiu ao Partido Socialista Independente da Alemanha. Fez parte da facção do partido que aderiu ao Comintern e se juntou ao Partido Comunista alemão em 1921. Participou no 3.º congresso do Comintern nesse mesmo ano. Presidente do Partido Comunista em 1925, aplicou a tese do social-fascismo recusando qualquer colaboração com os sociais democratas alemães. Preso em Março de 1933 pela Gestapo, foi transferido para o campo de concentração de Buchenwald, sendo morto, por ordem de Hitler, em Agosto de 1944.

29. Tentativa de insurreição, dirigida pelos bolcheviques em Petrogrado, contra o Governo Provisório da Rússia, que durou de 16 a 20 de Julho de 1917.

30. Aleksandr Fyódorovich Kérensky (1881-1970). Advogado, defensor de perseguidos políticos, membro do Partido Socialista Revolucionário, foi eleito para a 4.ª Duma, em 1912. Participou na Revolução de Fevereiro de 1917, sendo membro do Governo Provisório e do Soviete de Petrogrado, foi. Ministro da Justiça e depois do da Guerra, passando a dirigir o Governo Provisório russo em 21 de Julho, após as Jornadas de Julho, até à Revolução de Outubro.

31. Teoria desenvolvida por Bukharin e Estaline, em 1924, que  defendia que o socialismo poderia ser construído na União Soviética baseado nas forças nacionais e independente do destino da revolução socialista internacional.

32. A Revolução de Outubro (de acordo com o calendário juliano) acabou com a tomada do poder pelos bolcheviques em 7 de Novembro (no calendário gregoriano). Em 12 de Novembro realizaram-se eleições para uma Assembleia Constituinte, ganhas pelos Socialistas Revolucionários e Mencheviques. Em Dezembro, Lenine defendeu que os Sovietes, onde os bolcheviques dominavam, eram uma forma de democracia superior à Constituinte e, após a repressão brutal de uma manifestação de apoio aos constituintes, aboliu-a em 6 de Janeiro, criando a República dos Sovietes.

Fonte:

Trotsky, Mein leben, versuch einer autobiographie, Berlin, Fischer Verlag, 1930 

Tradução, com base na versão francesa (Ma Vie, Paris, Gallimard, 1953): Manuel Amaral.

Ver também:

Biografia de Leão Trotsky

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