CRONOLOGIA DO LIBERALISMO - DE 1777 A 1926

A Regeneração,
de 1853 a  Julho de 1868.

Inauguração

Inauguração da primeira linha ferroviária, em
28 de Outubro de 1856, por Roque Gameiro

 

1853

Janeiro, 2 - Discurso da coroa. Só um deputado, Alberto de Sousa Pinto, se assume em oposição.

Fevereiro, 19 - Guimarães é elevada a cidade

Março, 23 - Medidas de fomento florestal, com distribuição gratuita de sementes, e responsabilização das câmaras municipais pelos projectos de fomento florestal.

Maio, 10 - Fontes Pereira de Melo, ministro das Obras Públicas, aprova os estatutos da Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal, que serão publicados no Diário do Governo de 20 de Maio.

Junho, 6 - Alexandre Herculano parte para a Beira, onde até Setembro visitou todos os arquivos e bibliotecas colhendo documentos para os Portugaliae Monumenta Historica, que começarão a ser publicados em 1856.

Agosto, 12 - As cortes são adiadas até 15 de Dezembro.

Outubro - Descoberto um caso de cólera-morbo em Valença.

Novembro, 15 - Morte de D. Maria II, de parto, ao dar à luz o seu 11.º filho, com 34 anos de idade.

Novembro, 16 - D. Fernando II é jurado Regente perante o Conselho de Estado, na menoridade do filho, D. Pedro V, que contava 16 anos, sendo a maioridade atingida aos 18 anos.

Novembro, 26 - Nomeação de uma comissão para redigir um Código Florestal, e em que participa Morais Soares.

Dezembro, 19 - D. Fernando II reitera o seu juramento como Regente, perante as duas câmaras das Cortes.

*

  - Começo da utilização dos selos postais.

  - Silva Porto atinge o Lui, no Barotze, e envia para Leste o pombeiro João Silva.

  - Alexandre Herculano é eleito Presidente da Câmara Municipal de Belém.

 - Oliveira Marreca apresenta um projecto sobre estatística na Academia das Ciências, com o título Parecer e Memoria sobre um projecto de Estatistica.

 - O Jornal do Commercio começa a sua publicação.

 

1854

Janeiro, 21 - Criação da comissão central para a Exposição Universal de Paris, presidida pelo marquês de Ficalho.

Fevereiro - São criadas comissões distritais para o estudo da cultura do arroz.

Fevereiro, 26 - Tumultos entre estudantes e populares em Coimbra, durante o Carnaval.

Março, 2 - Aprovação do Regulamento das exposições anuais de gado.

Março,12 - Começo da Guerra da Crimeia. A Grã-Bretanha e a França aliam-se à Turquia contra a Rússia. A guerra durará até Março de 1856.

Maio - D. Pedro V começa a sua viagem à Europa, em companhia do seu irmão o infante D. Luís, futuro rei de Portugal.

Junho, 6 - Criação do Curso Administrativo português.

Julho, 8 - Primeira experiência de caminho de ferro em Portugal, entre Sacavém e Vila Franca de Xira.

Julho, 29 - Instituição do sistema de padrão ouro clássico em Portugal.

 - Uma coligação de progressistas e liberais moderados, que exclui os democratas, toma o poder em Espanha, tendo Espartero como Primeiro Ministro e o general O'Donnell à frente do ministério da Guerra.

Agosto, 2 e 7 - A produção cerealífera foi fraca, tendo sido dada autorização de importação de milho estrangeiro até 15 de Setembro.

Agosto, 5 - O monopólio do sabão é abolido, pelas Cortes.

Agosto, 29 - O jornal O Portuguez convoca uma reunião do Partido Progressista.

Setembro, 6 - Promulgada nova regulamentação dos celeiros comuns.

Setembro, 15 - D. Pedro V e o infante D. Luís chegam ao Tejo, a bordo do vapor Mindelo, regressando da sua primeira viagem que teve como destino a Grã-Bretanha.

Setembro, 17 - Alexandre Herculano recusa fazer parte da comissão central do Partido Progressista.

Dezembro, 8 - O Papa Pio IX promulga o Dogma da Imaculada Conceição.

Dezembro, 14 - Os escravos pertencentes ao Estado são libertados.

*

Aparecem os jornais O Comércio do Porto e O Conimbricense.

 

1855

Janeiro, 12 - São aprovados os estatutos da Associação Comercial de Lisboa.

Fevereiro - Falta de cereais no Porto, o que obrigou a baixar o preço de venda do pão.

Março, 19 - A Escola Regional Agrícola de Viseu é transferida para Coimbra.

Março / Abril - Cheias catastróficas no vale do Tejo.

Maio, 1 - Inauguração da Exposição Universal de Agricultura e Indústria de Paris, com uma participação portuguesa.

Maio / Agosto, 14 - Viagem de D. Pedro V a França, onde visitou a Exposição Universal de Paris, a Roma, à Alemanha e à Bélgica.

Julho, 16 - Os Bens da Coroa são considerados inalienáveis.

Julho, 17 - Reorganização do ensino da Veterinária.

Maio, 2 - A extensão legal da légua passa a ser de cinco mil metros ou cinco quilómetros, passando a denominar-se légua itinerária.

Setembro, 16 D. Pedro V fez 18 anos entrando no exercício do poder real, por meio da celebração do juramento e aclamação numa sessão real extraordinária das Cortes.

Setembro, 17 - Reorganização das alfândegas, com criação de uma Direcção-Geral e da Guarda Fiscal.

Outubro - A epidemia de cólera-morbo recrudesce em Portugal, atacando sobretudo no Centro, no Sul e na Madeira.

Novembro, 25 D. Pedro V recusa assinar o decreto de reorganização do ensino da Veterinária.

*

 - Exposição Industrial no Porto.

 - Inauguração do serviço telegráfico.

 - Assinatura do contrato para lançamento de um cabo submarino ligando Portugal continental aos Açores e Estados Unidos da América.

 

1856

Janeiro - Tremor de terra no Algarve.

Fevereiro, 16 - Confronto entre o duque de Saldanha e o conde de Tomar, na Câmara dos Pares. Os dois políticos discutem durante três horas.

Março - O visconde de Fonte Arcada discursa sobre a crise agrícola.

Março, 30 - Fim da Guerra da Crimeia.

Maio - Epidemia de cólera-morbo, circunscrita a Coimbra e Lisboa.

Junho, inícios - D. Pedro V recusa nomear uma fornada de vinte pares, como lhe tinha sido pedido pelo duque de Saldanha considerando que «a oposição é uma condição essencial dos governos representativos, e todo o ataque que se lhe dirige é um ataque que vai recair sobre as próprias instituições». Saldanha pede a demissão.

Junho, 6 - O duque de Loulé, tio do rei D. Pedro V, assume a presidência do governo formando um ministério com Sá da Bandeira nas pastas da Marinha e Colónias e nas Obras Públicas, José Jorge Loureiro na Guerra e na Fazenda, Silva Sanches, no Reino e Cunha Pessoa na Justiça.

Junho, 12 - Devido ao mau ano agrícola, é autorizada a importação de cereais em grão ou farinha, e mais tarde, em 6 de Agosto, de bolachas e massas para sopa.

Junho, 16 - Carta de Lei que autoriza a criação do Banco Mercantil.

Julho, 24 - É dada a liberdade aos filhos de escravos nascidos no ultramar, depois de atingirem os 20 anos.

Agosto, 8 / 10 - Revolta das subsistências. Devido ao mau ano agrícola realizaram-se manifestações em Lisboa contra o aumento do custo de vida, com tumultos e assaltos a lojas.

Agosto, 28 - Criada a Associação Geral do Comércio e Hipotecas.

Setembro, 5 - É emitido o manifesto da comissão eleitoral progressista de Lisboa.

 - Morte de Silva Carvalho, ministro da fazenda de Dezembro de 1832 a Maio de 1835 e de Abril a Setembro de 1836.

Setembro, 15 - A abertura da Universidade é adiada para 1 de Novembro, devido à persistência da epidemia de cólera-morbo em Coimbra.

Setembro, 29 - O número de deputados é aumentado, passando de 156 para 162.

Outubro, 28 - Inauguração do primeiro troço de caminho de ferro, entre Lisboa e o Carregado, primeira secção da linha de Leste, com uma extensão de 36 km.

Novembro, 3 e 4 - A Frota britânica bombardeia Cantão, cidade do Sul da China.

Novembro,  9 - Realizam-se eleições, com a vitória dos progressistas históricos, no Governo, que venceram os progressistas regeneradores, de Rodrigues Sampaio, José Estevão e Fontes Pereira de Melo, ente outros, e o pouco numeroso partido cabralista.

*

  - Inauguração da rede oficial de telégrafo eléctrico.

  - Concessão da liberdade a todos os escravos que desembarquem em Portugal continental, Ilhas adjacentes, Índia e Macau..

  - Abolição do castigo de varadas no Exército, introduzindo em Portugal em 1764, com os regulamentos do conde de Lippe.

 

1857

Janeiro, 23 - Sá da Bandeira acumula a secretaria da Guerra, substituindo José Jorge Loureiro, com a da Marinha e Colónias, tendo deixado a pasta das Obras Públicas em Junho de 1856.

Fevereiro, 9 - Por pedido da imperatriz viúva D. Amélia, a Sociedade Protectora dos Órfãos Desvalidos obteve autorização para algumas irmãs da Congregação de São Vicente de Paulo, conhecidas por irmãs da caridade, virem instalar-se em Lisboa. Mais tarde será a Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos a receber algumas «servas dos pobres» e em Abril a Ordem Terceira de São Francisco, do Porto. A congregação tinha-se tornado famosa durante a Guerra da Crimeia onde tinham administrado os hospitais militares franceses.

Fevereiro, 20 - Discursos da oposição, nas duas câmaras, contra o governo. As questões agrícolas ocupam as Cortes, sobretudo o problema do vinho do Douro, e a importação de cereais.

Fevereiro, 21 - Assinatura da Concordata com a Santa Sé acerca do Padroado Português no Oriente. O Tratado só será ratificado em 9 de Abril de 1859.

Março, 14 - António José de Ávila e Carlos Bento da Silva, dois antigos cartistas, entram no gabinete.

Maio, 26 - Autorizada a liberdade de importação dos cereais.

Julho / Dezembro - Epidemia de febre amarela em Lisboa, tendo morrido mais de 5.000 pessoas.

Julho, 12 a 14 - Exposição Agrícola no Porto.

Julho - Sá da Bandeira extingue a função de Comandante-em-Chefe do Exército, posto ocupado pelo duque de Saldanha.

Agosto, 8 - Criação de uma Comissão Central de Estatística..

Agosto - O Conde do Lavradio, embaixador de Portugal na Grã-Bretanha, vai à Alemanha tratar do casamento de D. Pedro V. Tinha sido ele também o negociador do casamento de D. Maria II com D. Fernando.

Setembro, 17 - Alexandre Herculano é nomeado vogal da secção de Agricultura do Conselho do Comércio, Agricultura e Manufacturas.

Setembro - Abertura da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.

Outubro - São criadas as Sopas Económicas.

Dezembro, 7 -O cônsul britânico em Moçambique alertou as autoridades portuguesas para a existência de tráfico de escravos entre Moçambique e a ilha de Reunião, francesa. A barca francesa Charles & George foi capturada nas águas moçambicanas com 110 negros a bordo. O comandante foi preso e condenado a dois anos de trabalhos públicos, tendo recorrido para o tribunal da Relação de Lisboa.

Dezembro, 8 - Assinatura em Berlim do contrato matrimonial entre D. Pedro V e D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmarinen.

Dezembro, 26 - Criação no território de Huíla, no distrito de Moçâmedes, em Angola de uma colónia militar agrícola, por meio de uma carta de Lei. O contigente só será enviado em Setembro do ano seguinte. 

*

 - É criado o Observatório Astronómico de Lisboa.

 

1858

Março, 26  - A Câmara dos Deputados é dissolvida.

Abril, 6  - Marcação de eleições para 2 de Maio.

Abril, 29  - Casamento por procuração, na igreja de Santa Edwiges em Berlim, de D. Pedro V e D. Estefânia, sendo o rei representado pelo duque da Terceira.

 - Promulgação de um decreto que fixava a extinção da escravatura para 29 de Abril de 1878.

Maio, 2 - Eleições. O partido histórico, que apoia o governo, ganha as eleições. Os cartistas - regeneradores - unem-se aos miguelistas sendo conhecidos por coligados. Alexandre Herculano, eleito por Sintra, recusará ser deputado.

Maio, 18 - Ratificação do casamento de D. Pedro V com D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmarinen, na igreja de S. Domingos, no dia em que a rainha chegou a Lisboa no navio de guerra Bartolomeu Dias.

Junho, 7  - Abertura do Parlamento.

Junho, 20  - Violento artigo no jornal O Portuguez, orgão do partido histórico, contra as Irmãs da Caridade.

Agosto, 13 - A barca francesa Charles & George, apresada nas águas de Moçambique, chega ao Tejo.

Setembro, 2 - É proibido às Irmãs da Caridade o ensino literário e religiosos nos estabelecimentos de beneficência.

Setembro, 10  - Autorizada novamente a livre importação de cereais.

Setembro, 28 - O contingente militar que foi fundar a colónia de Huíla, em Angola, saiu de Lisboa, com soldados e famílias. Chegou a Moçâmedes em 5 de Dezembro.

Outubro, 21 - Ultimato francês exigindo a libertação da barca Charles & George e o pagamento pelo estado português de uma indemnização.

Novembro, 5 - Discurso de José Estevão sobre o problema do apresamento da barca francesa Charles et George.

Dezembro, 31 - Comício anti-clerical presidido por Alexandre Herculano.

*

 - A Companhia União Mercantil estabelece as primeiras carreiras regulares, a vapor, de Portugal para Angola.

 - Fundação do Museu de História Natural da Escola Politécnica de Lisboa, que sucede ao Museu do Palácio da Ajuda.

 - A linha férrea do Norte chega à Ponte de Asseca.

 - Apresentação do projecto de Código Civil.

 - Abertura ao público do primeiro telégrafo, em Lisboa.

 

1859

Janeiro - Morais Soares, director do Archivo Rural propõe a criação de um partido dos agrocaratas, par o fomento da agricultura.

Janeiro, 13 - Portugal pagou a indemnização exigida pela França pelo caso da barca Charles et George, oito dias depois de ter sido apresentada a conta.

Janeiro, 18 - D. Pedro V não aceita a demissão de Loulé, que só tinha uma maioria de sete votos.

Março, 4 - José Estevão e Vicente Ferrer de Neto Paiva apresentaram uma moção anticlerical, em que se pedia ao governo para se opôr com firmeza «ás demasias e influencias de qualquer especie de reacção religiosa».

Março, 14 - O governo de Loulé pediu a demissão.

Março, 16 - O duque da Terceira forma governo, em que acumulará as pastas dos Estrangeiros e da Guerra, e  que será composto por Fontes Pereira de Melo no ministério do Reino, Martens Ferrão na Justiça, Casal Ribeiro na Fazenda, António Serpa nas Obras Públicas e Ferreri na Marinha e Colónias; todos políticos regeneradores.

Maio, 3 - A França declara a Guerra à Áustria, após esta ter invadido o Piemonte em 29 de Abril.

Abril, 18 - Proposta de liberalização do comércio dos cereais, proposta por António Serpa.

Junho  - Criação do Curso Superior de Letras, que teve o apoio do rei D. Pedro V, que chegou a assistir a algumas aulas. Os primeiros professores foram José Viale, Rebelo da Silva e Lopes de Mendonça, já que Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho recusaram.

Junho - As vinhas portuguesas são afectadas pelo oidium.

Junho, 30 - Decretada a importação livre de milho em Portugal.

Julho, 17  - Morte da rainha D. Estefânia, devido a uma angina diftérica, com 22 anos de idade.

Agosto, 19 - Organização do Tribunal de Contas.

Setembro, 14 - Decreto aprovando o regulamento do Curso Superior de Letras. 

 - É assinado um contrato com o financeiro espanhol José de Salamanca para a conclusão da via férrea do Norte e para a ligação ao Entroncamento.

Outubro, 23 - Nota do governo português pondo termo ao assunto respeitante à barca Charles et Georges.

Outubro, 31 - O Diário do Governo passa a designar-se Diário de Lisboa, folha oficial do Governo Portuguez.

Novembro, 23  - As câmaras são dissolvidas, sendo convocadas para 26 de Janeiro de 1860. Sendo aprovada uma nova Lei Eleitoral, influenciada por Oliveira Marreca e José Estevão. São criados os círculos uninominais. O censo é diminuído aumentando por isso o número de eleitores.

Novembro, 28  - Marcação de eleições para 1 de Janeiro de 1860.

*

 - Criação da Direcção-Geral de Instrução, no ministério do Reino, por iniciativa de Fontes Pereira de Melo.

 - Introdução do sistema métrico.

 

1860

Janeiro, 1 - Eleições. O Partido Regenerador, o partido que apoiava o governo, integrando os cabralistas, ganha as eleições. Os históricos só elegem 15 deputados, sendo eleitos 2 deputados miguelistas. Os deputados foram eleitos por meio de círculos eleitorais uninominais.

Janeiro, 26 - Abertura das Cortes.

Fevereiro, 6 - A Câmara dos Deputados ratifica a Concordata, o que põe fim ao problema do Padroado português do Oriente.

Março, 12 - O ministro da Marinha e Colónias, o general Adriano Maurício Ferreri, morre das consequências de uma congestão cerebral, acontecida durante um debate parlamentar sobre a perda do brigue Mondego.

Abril, 19 - Setúbal é elevada a cidade.

Abril, 24 - Devido à doença do duque da Terceira, este é substituído nas pastas dos Negócios Estrangeiros, por Casal Ribeiro, e na Guerra, por António Serpa.

Abril, 26 - Morte do duque da Terceira. 

Maio, 1 - Joaquim António de Aguiar assume a Presidência do ministério, devido à morte do duque da Terceira, sem ocupar nenhuma pasta. António Serpa é substituído na secretaria de estado da Guerra pelo visconde da Senhora da Luz, o general Joaquim António Velez Barreiros.

Junho, 10 - Criação da Real Associação Central da Agricultura Portuguesa.

Junho, 30 - Os morgados e capelas ainda existentes são abolidos.

Julho, início - O governo regenerador de Aguiar, enfraquecido desde a morte do duque da Terceira, pede a demissão no seguimento do debate sobre o crédito predial, ou hipotecário.

Julho, 4 - O duque de Loulé é incumbido de formar o governo. Ocupando a pasta do reino, escolhe Lobo de Ávila, antigo cartista puro, para a Fazenda e os Negócios Estrangeiros, e membros do partido histórico e antigos cabralistas, para as outras pastas.

Julho, 30 - Extinção da décima industrial.

Agosto, 3 - Assinatura de um tratado de paz e comércio entre Portugal e o Japão, na cidade de Iedo, pelo capitão de mar e guerra Isidoro Francisco Guimarães, governador de Macau e embaixador de Portugal na China

Agosto, 10 - Tratado com os Países Baixos regularizou a questão de Timor.

Dezembro - Exposição agrícola no Porto.

*

 - Fundação da Associação Industrial Portuguesa.

 - Nova tentativa de estabelecimento dos britânicos na baía de Lourenço Marques.

 - Reforma do ensino secundário, sob a égide de Fontes Pereira de Melo.

 

1861

Janeiro, 14 - Abertura solene do Curso Superior de Letras.

Fevereiro, 18 - Parecer da Câmara dos Pares sobre a venda de bens das ordens rekigiosas.

Março, 5 - É emitida uma portaria contra a Congregação das Irmãs da Caridade.

Março, 27 - Dissolução da Câmara dos Deputados, com marcação de eleições em 22 de Abril.

Abril - Estudantes de Coimbra criam a «Sociedade do Raio», com intenção de se manifestar contra o reitor Basílio Sousa Pinto, sendo formada, entre outros, por Antero de Quental, Alberto Sampaio e José Falcão.

Abril, 4 - Desamortização dos bens das freiras e das igrejas, com incorporação dos bens na fazenda nacional.

Abril, 22 - Eleições. Vitória dos históricos, apoiantes do governo, mas com cerca de 50 deputados oposicionistas.

Maio, 17 - São nomeados 17 novos pares, para permitirem uma maioria histórica na Câmara dos Pares, nomeação extraordinária que D. Pedro V não tinha aceite realizar em 1856, a pedido de Saldanha.

Maio, 24 - Fundação da Associação 1.º de Dezembro de 1640 em reacção às crescentes manifestações iberistas.

Junho, 22 - Decreto de dissolução das Irmãs da Caridade que, por pressão da França, acaba por não ser aplicado.

Julho, 29 - Portugal declara-se neutral nos assuntos internos dos Estados Unidos da América, em plena Guerra Civil.

Agosto, 20 - Foi autorizado a fundação do Banco União, o quarto banco português.

Agosto, 25 - Inauguração pelo rei D. Pedro V da Exposição Industrial Portuguesa, organizada no Palácio da Bolsa do Porto pela Associação Industrial.

 - Assinatura do Tratado de Amizade entre Portugal e a China.

Setembro, 29 - D. Pedro V parte para Vila Viçosa acompanhado dos infantes D. Augusto e D. Fernando. 

Novembro, 6 - Morte do infante D. Fernando. 

Novembro, 11 - D. Pedro V morre no seguimento de uma viagem ao Alentejo, vítima de febre tifóide. 

Novembro, 14 - D. Luís desembarca em Belém, regressado de Paris com o seu irmão o infante D. João, ao saber da morte do infante D. Fernando, sem saber que D. Pedro V já tinha morrido, e que era  o novo rei de Portugal. 

Novembro, 16 - Enterro do rei. 

Dezembro, 22 - Começo do reinado de D. Luís I, com a ratificação do juramento realizado em 14 de Novembro, por intermédio de uma proclamação publicada no Diário do Governo, e a cerimónia de aclamação realizadas na sala da Câmara dos Deputados. 

Dezembro, 25 - Tumultos em Lisboa, devido às suspeitas lançadas sobre as causas da morte de D. Pedro V e D. Fernando, assim como da doença dos seus irmãos, D. Augusto e D. João.  

Dezembro, 27 - Morte do  infante D. João. Dos cinco filhos varões de D. Maria II, que chegaram à adolescência, só dois D. Luís e D. Augusto sobreviveram ao Outono de 1860.

*

 - Início da construção do Palácio de Cristal, no Porto.

 - Linha férrea do Barreiro a Vendas Novas e de Pinhal Novo a Setúbal.

 

1862

Janeiro, 18 - Morte de Passos Manuel. 

Fevereiro, 21 - O duque de Loulé formou novo governo, depois de o anterior se ter demitido devido aos tumultos de Dezembro. António José de Ávila não faz parte do novo governo. Sá da Bandeira mantêm-se na Guerra, a Marinha é entregue a Mendes Leal, Lobo de Ávila, futuro conde de Valbom, ocupa as Obras Públicas. Anselmo José Braamcamp substituiu Loulé no ministério do Reino, o que provocará a intensificação das medidas contra as congregações religiosas. 

Março, 11 - É criada uma comissão da câmara dos deputados para dar parecer sobre as Irmãs da Caridade. Toma uma posição transigente, bem diferente da de Vicente Ferrer.

Maio, 1 - Tumultos no Minho. 

Junho, 9 - Expulsão das Irmãs da Caridade, que embarcam na fragata Orénoque, que o imperador francês mandara a Lisboa para esse efeito . A imperatriz viúva do Brasil abandona várias associações filantrópicas, acompanhada por várias aristocratas. A Maçonaria tentará colmatar a lacuna criando várias obras de assistência social.

Junho - Morais Soares defendeu no Archivo Rural que o latifúndio travava o desenvolvimento agrícola.

Agosto, 13 - Tratado de Tien-Tsin, entre Portugal e a China, reconhecendo Macau como território inteiramente português. A China nunca ratificará este tratado.

Agosto, 16 - Tumultos populares em Aveiro e Braga, que tinham como origem o aumento dos impostos.

Setembro - Trabalhadores rurais boicotaram o funcionamento de uma máquina de debulhar na Quinta da Cartuxa. 

Setembro, 15 - Revolta de Braga, sufocada. O regimento de Infantaria 6 revolta-se chefiado pelo capitão Guilherme Macedo.

Setembro, 27 - Casamento de D. Luís I com a princesa de Sabóia, D. Maria Pia, filha de Vítor Manuel II, futuro rei de Itália, mas na altura ainda rei do Piemonte e Sicília,  tendo como procurador o duque de Loulé. 

Outubro, 6 - O casamento de D. Luís com D. Maria Pia de Sabóia é ratificado na Igreja de São Domingos. A rainha tinha chegado a Lisboa no dia anterior. 

Novembro, 4 - Morte de José Estevão. 

Dezembro, 18 - Estudantes de Coimbra, dirigidos pela «Sociedade do Raio», manifestam-se publicamente contra o reitor Basílio Sousa Pinto. 

Dezembro - Nova fornada de 25 pares pró-governamentais.

*

 - As congregações religiosas são proibidas em Portugal.

 - A estátua de D. Pedro IV é inaugurada no Rossio, em Lisboa.

 

1863

Março, 4 - Novas medidas para disciplinar a cultura do arroz. 

Maio, 19 - Abolição dos Morgados, com a excepção dos pertencentes à casa de Bragança. 

Maio, 30 - Abertura da linha férrea até Badajoz, concluindo-se a linha do Leste, e chegada a Évora da linha do Sul.

Junho - Grandes chuvadas, que provocam a perda de um terço da produção agrícola. 

Junho, 22 - Lei sobre as sociedades anónimas. 

Julho, 13 - Reorganização do crédito hipotecário, da responsabilidade do ministro da fazenda Joaquim Tomás Lobo.

 - Autorização do 5.º banco português, o Banco Aliança. 

Setembro, 28 - Nascimento de D. Carlos I.

Outubro, 16 - Exposição agrícola e industrial de Braga, organizada pelo governador civil.

Dezembro, 12 - Reforma da Contabilidade pública.

Dezembro, 21 - Nova organização do Exército, conhecida pela organização do marquês de Sá.

Dezembro, 31 - Primeiro recenseamento nominal simultâneo de toda a população do país: 3.829.618 habitantes.

*

 - Exposição industrial têxtil no Teatro D. Maria II, em Lisboa.

 

1864

Janeiro -  Governo consegue um empréstimo de 5 milhões de libras.

Fevereiro, 11 - As Cortes reconhecem o príncipe D. Carlos como herdeiro do trono.

Março, 11 - Proposta de lei do governo abolindo o monopólio do Tabaco e a proibição da sua plantação no continente.

Abril, 7 - As associações de socorros mútuos são autorizadas.

Abril / Maio - «Rolinada»: movimento de rebelião estudantil em Coimbra contra o chefe do Governo, Nuno Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto, duque de Loulé, que leva ao abandono da cidade rumo ao Porto. Os estudantes tinham visto ser-lhes negado o perdão do acto.

Maio, 12 - É aprovado o novo regime dos tabacos. O fabrico de tabaco passa a ser livre em Lisboa, Porto, e nas Ilhas adjacentes. Sendo proibida a cultura do tabaco em Portugal continental.

Maio, 16 - É dada autorização para a fundação do Banco Nacional Ultramarino, que se estabelecerá em Luanda. 

Junho, 18 - É criada a Companhia da Fábrica de Tabacos de Xabregas, controlada por Francisco Isidoro Viana, tendo como outros accionistas João Henrique Ulrich, João Paulo Cordeiro e José Rodrigues Penalva, entre outros.

Setembro, 11 - Eleições. Os históricos, no Governo, vencem elegendo cerca de 100 deputados em 177. Os eleitores são cerca de 350.000 numa população de cerca de 4,2 milhões de habitantes (8,5 %).

Setembro, 29 - Forma-se em Inglaterra a 1.ª Internacional, reunindo sindicalistas britânicos, proudhonianos e marxistas alemães, assim como refugiados húngaros, polacos e italianos.

Outubro, 25 - Os estatutos da Companhia geral do Crédito Predial Português são aprovados.

Dezembro, 28 - É criado o Conselho Geral de Estatística.

 

*

 - Conclusão da linha férrea do Norte até Gaia, e da do Sul até Beja. E abertura do caminho de ferro até Vilar Formoso.

 - Começo da publicação do Diário de Notícias, em Lisboa.

 - Campanhas militares na Zambézia, em Moçambique.

 

1865

Abril, 17 - Formação de um ministério presidido por Sá da Bandeira, que se manterá em funções até Setembro.

Maio, 15 - A Câmara dos Deputados é dissolvida, marcando-se as eleições para 9 e a convocação para 30 de Julho.

Junho, 1 - Fundação da Companhia União Fabril, tendo como principais accionistas José Dias Leite Sampaio, visonde da Junqueira, William Gruis e Anselmo Ferreira Pinto Basto, para fabrico e comércio de tabaco, mas também de sabão e sabonetes e velas de estearna, óleo de purgueira e outros produtos químicos.

Junho, 11 - Tratado de comércio com a França.

Julho, 4 - O duque de Saldanha regressa a Lisboa, vindo de Roma.

Julho, 9 - Eleições. Uma união de históricos e regeneradores, que se apresentam como progressistas vence as eleições, por pequena margem. Sá da Bandeira apresenta a demissão, sendo contrário à fusão, mas achando que o governo deva ser «apoiado por uma maioria suficiente».

Julho, 30 - Reabertura do Parlamento.

Agosto - O Banco Nacional Ultramarino abre a sucursal de Luanda.

Setembro - Primeira viagem oficial de D. Luís ao estrangeiro, a Itália, transportado pela corveta Mindelo e acompanhado pela Sagres e Sá da Bandeira, frota comandada pelo visconde de Soares Franco.

Setembro, 4 - Ministério da Fusão, primeiro dos quatros a que presidirá Joaquim António de Aguiar, que detinha também a pasta do Reino, e que juntou no mesmo gabinete regeneradores e históricos. Fontes Pereira de Melo na Fazenda, Barjona de Freitas na Justiça, Andrade Corvo nas Obras Públicas

Setembro, 15 - Abertura da Exposição Internacional do Porto, no Palácio de Cristal. 

Setembro, 27 - Início da «Questão Coimbrã» ou «Questão Bom Senso e Bom Gosto». Polémica originada pelas referencias depreciativas de Castilho a Antero, Teófilo Braga e outros da mesma geração, em carta posfácio ao editor do Poema da Mocidade de Pinheiro Chagas, datada deste dia.

Dezembro, 7 - Autorizada a livre exportação de vinhos pelo Douro.

Dezembro, 23 - Criação de um imposto sobre a produtos vínicos entrados no Porto.

*

 - Inauguração do Palácio de Cristal, no Porto.

 - Fundação do Banco Nacional Ultramarino.

 - Fundação da Companhia União Fabril (CUF), com base numa fábrica de sabões nas Fontaínhas.

 - Organização do partido reformista, que se opõe à «fusão».

 

1866

Fevereiro, 7 -  Na continuação da «Questão Coimbrã», Antero de Quental bate-se em duelo, no Porto, com Ramalho Ortigão que fica ferido.

Maio - Antero de Quental parte para Paris, onde irá trabalhar como tipógrafo.

Julho - Uma expedição comandada pelo governador de Tete, Miguel de Gouveia, que tencionava prender o Bonga, António Vicente da Cruz, capitão-mor de Tipoe e Massangano, é massacrada na aringa do Bonga em Massangano.  Começam as «Guerras do Bonga», que se prolongarão até 1869, sem resultados.

*

 - Desamortização dos bens das câmaras, irmandades, hospitais, misericórdias e outras instituições pias.

 

1867

Janeiro, 29 - Proposta de reforma administrativa, com aumento da centralização.

Janeiro / Agosto - Eça de Queirós dirige, e redige sozinho, o jornal oposicionista O Distrito de Évora.

Fevereiro, 24 - Eleições suplementares, com vitória da oposição. 

Julho, 1 -  Promulgação do novo Código Civil português, do visconde de Seabra, que continha nova legislação sobre o casamento civil, e de uma reforma do sistema penal e prisional, que abolia em Portugal a pena de morte para todos os crimes civis.

 - Fundação da Confederação da Alemanha do Norte, último passo para a unificação de toda a Alemanha, sob a direcção da Prússia.

Agosto, 8 - Criação de uma grande comissão, presidida pelo duque de Loulé, e formada por dezoito outros membros, para propor reformas urgentes com intuito de «melhorar as condições economicas do paiz e extinguir ou atenuar o defice do orçamento do Estado».

Dezembro, 7 - Decreto que regulamentou o imposto da sisa, sobre o consumo.

*

 - Entrada em vigor do novo Código Administrativo.

 - Extinção das rodas de enjeitados e sua substituição por hospícios destinados a admitir crianças abandonadas.

 

1868

Janeiro, 1 - Janeirinha: Tumultos no Porto e em Lisboa. 

Janeiro, 4 - Queda do governo da Fusão e constituição de um ministério presidido por António José de Ávila, conde de Ávila, e futuro duque de Ávila e Bolama, governo da direita reformista que subiu ao poder para dar satisfação ao movimento da Janeirinha.

Janeiro, 14 - Revogação do imposto do consumo, e dissolução da Câmara dos Deputados.

Fevereiro, 13 - Revogada a reforma do ministério da fazenda levada a cabo pelo governo anterior.

Março, 22 - Eleições. O governo ganhou as eleições.

Abril, 15 - Reabertura das Câmaras. O governo conseguiu a ratificação de todos os decretos promulgados em ditadura, isto é sem as cortes estarem reunidas.

Julho, 13 - O governo pediu o adiamento das Câmaras, que não foi aceite pelo Conselho de Estado, sendo obrigado a pedir a demissão.

*

 - Fundação da Companhia das Águas de Lisboa.

 - Santarém é elevada a cidade.

 - Adopção da unificação de pesos e medidas.

 - Aparece no Porto o jornal O Primeiro de Janeiro.

 

Página anterior:
«A Patuleia»  Página de entrada:  
«Cronologia do Liberalismo» Página seguinte: 
«O Fontismo: 1.ª parte»

Fontes principais:

Anuário do Centro de Estudos do Pensamento Político, do ISCSP
sob a direcção de José Adelino Maltez

Rodrigues, António Simões (coord.)
História de Portugal em Datas,
3.ª ed., Lisboa, Temas e Debates, 2000 (1.ª ed., 1997)

Pires, António Machado
O Século XIX em Portugal. Cronologia e Quadro de Gerações,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1975

Serrão, Joel
Cronologia Geral da História de Portugal,
Lisboa, 4.ª ed., Livros Horizonte, 1980 (1.ª ed., 1971)

Martins, Oliveira
Portugal Contemporâneo,
Lisboa, 8.ª ed., Guimarães & C.ª Editores, 1979 (1.ª ed., 1881)

A ver também:

 

| Página Principal |
|
A Imagem da Semana | O Discurso do Mês | Almanaque | Turismo histórico | Estudo da história |
|
Agenda | Directório | Pontos de vista | Perguntas mais frequentes | Histórias pessoais | Biografias | Novidades |
|
O Liberalismo | As Invasões Francesas | Portugal na Grande Guerra | A Guerra de África | Temas de História de Portugal |
|
A Grande Fome na Irlanda | A Guerra de Independência Grega | As Cruzadas | A Segunda Guerra Mundial |
|
Think Small - Pense pequeno ! |

Escreva ao Portal da História

© Manuel Amaral 2000-2010