Alegoria ao Amor de Francesco Bartolozzi

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A Edição em Jornal

A Capital, edição de Sábado, 10 de Abril de 1915

A Capital de Sábado, 10 de Abril de 1915


 

No Sábado, 3 de Abril de 1915 o jornal A Capital, “Diário Republicano da Noite”, publicava a seguinte notícia na coluna central da primeira página:

«JÚLIO DANTAS vai dizer aos leitores d’A CAPITAL, em folhetins cuja publicação iniciaremos no próximo Sábado, o que foi O AMOR EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII.

Bastam para assegurar o êxito do novo trabalho do grande escritor, o nome ilustre e consagrado que o firma e o tema por ele eleito, - dos mais interessantes, dos mais fecundos, dos mais sugestivos e também dos que maior campo ofereciam à exibição dos seus singulares recursos, se estes já agora não estivessem sobejamente demonstrados em algumas das mais belas obras-primas da literatura contemporânea.

Virtuoso do estilo, requintado artista da prosa, joalheiro da língua, poeta ainda mesmo quando não compõe maravilhosos versos como os da CEIA DOS CARDEAIS e os desses magníficos sonetos com que A CAPITAL ilustrou as suas colunas, JÚLIO DANTAS que ao estudo minucioso e atento da nossa história, em todas as suas fontes e em todos os seus aspectos, vem de há muito dedicando o melhor do seu esforço e do seu talento por igual brilhantíssimos, ao escrever sobre O AMOR EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII atinge a suprema perfeição da forma, do mesmo passo que esgota o assunto, sem embargo da sua vastidão e da sua complexidade.

Século, entre nós, de misticismo e de erotismo, coisas tão intimamente confundidas, aquele em que D. João V comprava a peso de ouro a bem-aventurança celeste e fazia cunhar moeda especial – as dobras de duas caras – para pagamento dos seus caprichos libidinosos, evocou-o, descreveu-o, vivificou-o.

JÚLIO DANTAS nos surpreendentes capítulos que constituem O AMOR EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII e em que o clero, a nobreza e o povo nos são mostrados em torno do altar de Vénus…

A história do namoro, com as suas invenções tantas vezes ridículas, ocupa na obra admirável que vamos publicar uma boa parte que para o maior número dos leitores será certamente dum particular interesse, sobretudo pelas sobrevivências que esses capítulos nos revelam. Em suma, o novo folhetim d’A CAPITAL, que sairá regularmente às Terças e Sábados, formando cada capítulo um todo completo e independente, será, sem dúvida um autêntico sucesso literário e um novo, verdadeiro triunfo para o polígrafo notabilíssimo que se chama JÚLIO DANTAS.»

Na Terça-feira seguinte, 6 de Abril, dia em que, de acordo com a notícia de Sábado, sairia a primeira parte do folhetim, o jornal publicava uma caixa com a seguinte informação:

«O AMOR EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII por Júlio Dantas. A CAPITAL iniciará no próximo Sábado a publicação do folhetim, do novo e interessantíssimo trabalho que o grande escritor elaborou expressamente para vir a lume neste diário.

O AMOR EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII, por Júlio Dantas publicar-se-á, com toda a regularidade, às Terças e Sábados, abrangendo cada folhetim um capítulo completo e independente. Alberto de Sousa, o notável aguarelista, incumbiu-se de ilustrar com primorosos desenhos o sensacional trabalho de Júlio Dantas.»

E assim foi, de facto, no Sábado, 10 de Abril de 1915, saiu o primeiro capítulo do folhetim com o título “O Bandarra.”

A sequência normal foi interrompida no Sábado, 15 de Maio, já que nesse dia o jornal não foi publicado, devido ao Golpe de Estado organizado pelo general Norton de Matos, que demitiu o general Pimenta de Castro da presidência do governo, e permitiu aquilo que João Chagas afirmava ser a “restituição da República aos republicanos,” ou a implantação da Nova República Velha.

Nova interrupção se deu em 3 de Julho de 1915, agora por motivo de doença do autor. Como noticiava o jornal:

«Embora se encontra, felizmente, melhor dos incómodos que o têm retido em casa, o nosso ilustre amigo e eminente colaborador Sr. Júlio Dantas não pôde enviar-nos o folhetim, que hoje devíamos publicar, da brilhantíssima série de estudos históricos a que deu o título de «O Amor em Portugal no Século XVIII» e que até agora ainda não foi interrompida.

Júlio Dantas conta enviar-nos o novo capítulo do seu esplêndido trabalho de modo a prosseguir na Terça-feira a publicação do folhetim que tamanho agrado tem produzido entre os nossos leitores.

Fazemos os mais sinceros votos pelo pronto restabelecimento do insigne académico.»

Na Terça-feira dia 27 de Julho houve nova interrupção, não tendo sido publicado o capítulo desse dia, desta vez sem explicações. E sem explicação também, durante todo o mês de Agosto e quase todo o de Setembro o folhetim foi publicado somente às Terças-feiras, sendo que os três últimos capítulos foram publicados nos Sábados dia 25 de Setembro, 2 e 9 de Outubro.

 

 

© Manuel Amaral 2009-2010