Portugal - Dicionário

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
O Portal da História Dicionário > José Feliciano de Castilho

 

Castilho (José Feliciano de).

 

n.       21 de abril de 1769.
f.        5 de março de 1826.

 

Fidalgo da Casa Real, cavaleiro professo na Ordem de Cristo, doutor em Medicina e lente de prima da mesma faculdade na Universidade de Coimbra, primeiro médico e inspector dos hospitais militares das províncias do Alentejo, Minho, Beira e Trás-os-Montes; primeiro médico da câmara de D. João VI, censor régio do desembargo do Paço; sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, e nela membro da Instituição Vacínica; primeiro médico e subinspector da colónia dos suíços de Nova Friburgo na comarca do Rio de Janeiro, e nela membro da comissão de trabalhos públicos, etc.

Nasceu em Saguim a 21 de abril de 1769; faleceu em 5 de março de 1826, em Castanheira de Vouga, na casa de seu filho Augusto Frederico de Castilho. Era filho de José Barreto de Castilho, e de sua mulher D. Maria Luísa Gomes de Sampaio, filha e herdeira de Domingos Francisco de Sampaio, abastado proprietário em Anadia, e de sua mulher D. Maria Barreto.

Sua família o especialmente seu pai, queriam que seguisse a carreira eclesiástica, mas apesar de ser muito criança. Castilho resistiu com energia, e foi para Coimbra matricular-se no primeiro ano das faculdades de Filosofia e Matemática; porém o pai ainda conseguiu, quase à. força, que ele recebesse ordens de prima tonsura. A luta entre o pai e o filho durou até 1789, em que José Feliciano de Castilho resolutamente se matriculou em medicina, fazendo o curso com muita distinção, formando-se em 1795 e doutorando-se em 1796. Em 1800 foi nomeado lente substituto da universidade; estabeleceu em Portalegre o Hospital de S. Francisco e muitos outros, que a campanha de 1801 tornou necessários. Em 1806 ficou sendo efectivo, em 1809 foi delegado do físico-mor, e em 1812 eleito sócio da Academia Real das Ciências, e logo depois membro, secretário e director da Instituição Vacínica. Nesse ano também fundou o Jornal de Coimbra. Tendo sido pronunciado corno um dos promotores da agitação que se manifestou entre os lentes da universidade contra o reitor D. Francisco de Lemos, Castilho tanto se indignou que resolveu ir ao Brasil pedir justiça a D. João VI, e passando a Lisboa embarcou a bordo duma galera que se destinava ao Rio de Janeiro. A galera teve de arribar a Santiago de Cabo Verde para fazer algumas reparações, e José Feliciano de Castilho aproveitou essa demora para estudar a flora, a fauna, os usos e a corografia do país, e escreveu uma Memória sobre a província de Cabo Verde, que ficou incompleta. Chegando ao Rio de Janeiro, foi muito bem recebido por D. João VI e pelo governo, aos quais mostrou a sem razão da pronúncia, e querendo o rei dar-lhe uma prova de estima, encarregou-o de auxiliar a organização da colónia suíça de Nova Friburgo, de que foi inspector e médico. Despronunciado pela Relação em 1819, só regressou a Portugal em 1821, acompanhando D. João VI, tendo exercido o cargo de censor régio do Desembargo do Paço.

As suas obras literárias, que existem, estão incorporadas na grande colecção completa do Jornal de Coimbra; os escritos versam sobre pontos científicos, e ou debatem ou explicam muitas questões de grande alcance, ou muitos alvitres de utilidade pública.

Casou em 1798 com D. Domicilia Máxima Doroteia da Silva Castilho.

 

 

 

Genealogia de José Feliciano de Castilho
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs.
909

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral