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Lacerda
(D.
Fernando Correia
de).
n. 1628.
f. 1 de setembro de 1685.
Doutor
em Cânones pela Universidade de Coimbra, inquisidor em Évora e em
Lisboa, deputado do conselho geral do Santo Ofício, comissário
geral da Bula da Cruzada, bispo, do conselho de D. Pedro II, etc.
Nasceu
em Tojal, no bispado de Viseu, no ano de 1628, faleceu em Lisboa no
1.° de setembro de 1685. Era filho de Fernando Correia de Lacerda,
e de sua mulher D. Maria de Souto Maior (V.
o artigo antecedente).
Depois
da sua graduação na Universidade de Coimbra, obteve os benefícios
das igrejas de Arruda, Arraiolos, Torres Vedras, e uma conezia na
Colegiada de Ourém. Em 17 de agosto de 1671 foi provido no lugar de
inquisidor na inquisição de Lisboa. D. Pedro II, atendendo aos
seus muitos merecimentos, o elegeu bispo do Porto a 26 de abril de
1673. D. Fernando Correia da Lacerda despendeu 12.000 cruzados no
edifício da paróquia de S. Nicolau, que o seu antecessor, D.
Nicolau Monteiro, havia começado, e a sagrou solenemente em 1676;
reformou o palácio episcopal, e
presenteou a sé com preciosos donativos. Era muito
caritativo; por meio de esmolas livrava presos das cadeias, remia
cativos, e protegia donzelas e viúvas, que viviam em miséria. Por
ordem de D. Pedro II assistiu em 1677, em Coimbra, à trasladação
do corpo da rainha Santa Isabel, pregando nessa cerimónia na presença
de toda a universidade, que o aclamou príncipe da oratória eclesiástica.
Quando em 1670 foi jurada em Lisboa como sucessora da coroa a
infanta D. Isabel, também pregou um sermão naquela cerimónia.
Voltando para o seu bispado, levou por companheiros os padres da
Congregação do Oratório, para que fundassem casa no Porto, e
enquanto não foi determinado o local, hospedou-os por espaço dum
ano no seu palácio episcopal. D. Fernando Correia de Lacerda era
profundamente versado nas letras sagradas e profanas.
Na
sua mocidade foi sócio da Academia dos Generosos, estabelecida em
Lisboa, e ali recitou a seguinte Oração
panegírica nos aplausos da sempre memorável vitória do Canal,
Amsterdão, 1673. Fundou depois no Porto em sua própria casa a
Academia Instantânea, que teve curta duração.
Escreveu:
Canção à morte de André
de Albuquerque; saiu na colecção de versos, que a este herói
fez João Medeiros Correia, Lisboa, 1661; Panegírico
ao Ex.mo Sr. D. António
Luís de Meneses, Marquês de Marialva, Conde de Cantanhede,
etc., Lisboa, 1674; com um retrato gravado a buril; Virtuosa
vida e santa morte da princesa D. Joana; reflexões morais e políticas
sobre a sua vida e morte, 1674; História
da vida do bem-aventurado S. João da Cruz, primeiro carmelita
descalço; reflexões sobre algumas acções da sua vida,
Lisboa, 1680; História da
vida, morte, milagres, canonização e trasladação de Santa
Isabel, rainha de Portugal, Lisboa, 1680; segunda vez impressa e
acrescentada com o sexto livro de sua segunda e última trasladação,
Lisboa, 1735; Carta pastoral
escrita aos fiéis do seu bispado, Lisboa, 1673; Carta
pastoral sobre a fábrica, dedicação e consagração do templo,
aos fiéis do bispado do Porto, Lisboa, 1676; Catástrofe
de Portugal na deposição de el‑rei D. Afonso VI, e sub-rogação
dos portugueses, Lisboa, 1669, saiu com o nome de Leandro Dores
Cáceres e Faria. Diz Inocêncio da Silva, no tomo II do seu Dicionário
Bibliográfico, a pág. 272, que acerca desta obra, justamente
acusada de parcial, cumpre ter presente a que em sentido contrario
então se escreveu, e modernamente se publicou, com o título de Anti-catástrofe,
história d'el rei D. Afonso VI de Portugal, Porto, 1845. Deixou
entre outros manuscritos: Diário
da embaixada do conde de Vilar Maior, embaixador extraordinário à
corte de Heidelberga por el-rei
D. Pedro; Vida do Venerável
Fr. Gonçalo Dias, Mercenário descalço.
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