Portugal - Dicionário

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
O Portal da História Dicionário > Adrião Pereira Forjaz Sampaio
Adrião Pereira Forjaz Sampaio
Adrião Pereira Forjaz Sampaio

Sampaio (Adrião Pereira Forjaz de).

 

n.      10 de fevereiro de 1810.
f.       11 de setembro de 1874.

 

Fidalgo cavaleiro da Casa Real por sucessão a seus maiores, do conselho da rainha D. Maria lI, de D. Pedro V e de D. Luís I, comendador da Ordem de S. Tiago, doutor e lente de prima jubilado de direito na Universidade de Coimbra, vogal do Conselho Superior de Instrução Pública, sócio correspondente da Academia Real das Ciências, do Instituto de Coimbra, e do Conservatório da Arte Dramática, etc. Nasceu em Coimbra a 10 de fevereiro de 1810, faleceu na Figueira da Foz a 11 de setembro de 1874. Era filho do desembargador José Maria Pereira Forjaz de Sampaio e de sua mulher D. Maria do Carmo Freire Pimentel de Mesquita e Vasconcelos. 

Desde o alvorecer da vida se revelou em Adrião Forjaz uma grande inteligência, que o gosto pela leitura, o amor ao trabalho e o estudo aturado na maior verdura da mocidade, ainda mais lhe desenvolveram. Ainda muito novo já coligia dos livros da sua leitura grande cópia de pensamentos, que mais tarde publicou por diferentes vezes com o título de Fructo das minhas leituras, que formam uma colecção preciosa. Só por este precoce desenvolvimento se pode explicar o facto pouco vulgar, de estar habilitado aos catorze anos de idade para todos os preparatórios necessários para estudos superiores, sendo para isso preciso suplemento de idade, que lhe foi concedido por Aviso de 19 de setembro de 1823, para cursar umas das faculdades da Universidade; matriculou-se nas de matemática e filosofia, tendo nesta o prémio pecuniário. Seu pai destinara-o, porém, ao estudo de direito, e a frequência do 1.º ano daquelas outras faculdades tivera só por fim avigorar-lhe o espírito, como era conveniente em tão verdes anos. Matriculou-se pois aos quinze anos na Faculdade de Leis, ainda separada da de Cânones, porque só mais tarde, a reforma do ensino superior de 1836 refundiu numa só faculdade, a de direito, as duas de leis e de cânones. O seu curso foi dos mais brilhantes, em todos os anos, recebendo, ao conclui-lo, as melhores informações e as mais distintas classificações. Durante a guerra civil esteve a universidade fechada, a qual reabriu em outubro de 1854, e Adrião Forjaz recebeu o grau de doutor, em 14 de junho de 1835, das mãos de seu tio, o dr. Manuel de Serpa Machado, que recolhendo do exílio apenas restaurado o governo de D. Maria II, havia sido nomeado lente de prima da Faculdade de Leis. Desde logo, e ainda como simples doutor, foi chamado ao serviço do professorado, sendo-lhe dada a regência da cadeira de Economia Política e de Estatística, que na faculdade de Direito se criara pela reforma de 1836, e de que ele foi o primeiro lente. Tendo subido por escala todos os degraus do professorado da sua faculdade, e completando sem interrupção trinta anos de bom e efectivo serviço desde o seu primeiro despacho para lente substituto até ao lugar, o último, superior a todos, de lente de prima, decano e director da mesma faculdade, foi jubilado em 1868. 

O dr. Adrião Forjaz nunca se dedicou à política, nunca se envolveu em lutas partidárias, nunca o seu nome figurou nos certames políticos, a que poderiam tê-lo chamado o seu grande génio e vastos conhecimentos; a sua voz autorizada, sempre fluente, nunca se fez ouvir fora dos certames literários, onde o chamavam os seus deveres do professorado, ou doutra análoga posição social. Foi por muitos anos presidente do asilo da infância desvalida de Coimbra, que enriqueceu com alguns livrinhos sobre instrução primária. 

Casou em 1842 com D. Leonarda Teresa Leite Freire, filha de Cipriano Leite Ribeiro Freire, fidalgo da Casa Real, comendador da ordem de Cristo, ministro plenipotenciário de Portugal em Madrid e Suécia, etc., e de sua mulher, D. Eulália Carolina Godinho Ribeiro Freire. 

Bibliografia: 

Memórias do Buçaco, 1.ª  Parte, Coimbra, 1838; 2.ª Parte, idem, 1839; imprimiram-se ambas reunidas em 1850; incluindo também Uma viagem á serra da Lousã no mês de julho de 1838, que se havia publicado nesse ano; houve 3.ª edição feita no Porto em 1864; Pensamentos, memórias e sentimentos, fruto de minhas leituras: e Roma e seus arrabaldes, do Visconde de Chateaubriand, coligidos e traduzidos em portuquês, Paris, 1838; Elementos de Economia Política, Coimbra, 1839; 2.ª edição, 1841; Primeiros Elementos de Ciência da Estatística, Coimbra,  1841; estas duas obras saíram em nova edição reformada e aumentada, com o título seguinte: Elementos de Economia Política e Estatística, Coimbra, 1845; outra edição: em 1852; em 1856 publicou-se com o título de Novos Elementos de Economia Política e Estatística; em 1858 publicou uma edição novíssima dos Elementos de Economia Política, em 3 volumes, edição que foi até se extinguir, como o tinham sido as antecedentes, a obra, pela qual foram lidas as disciplinas da respectiva cadeira na Universidade; Geografia da Infância para uso das escolas, Coimbra, 1850; outra edição, 1855; Gramática da Infância, idem, 1851; idem, 1855; Aritmética da Infância, idem, 1850; idem, 1855; Introdução do Amigo dos meninos; idem, 1854, Estudas de Economia Política; não concluídos, idem, 1853; idem, 1855; Estudos sobre os primeiros elementos da Teoria da Estatística, idem, 1855; Brevíssimo Resumo da Historia Sagrada, idem, 1853; Catecismos da Doutrina Cristã, adoptados nas Dioceses de Coimbra, Bragança, Vizeu, Lamego e Beja, Coimbra, 1854; Pequeno Catecismo (resumo antecedente), idem, 1854; Catecismo da Historia Sagrada, idem, 1857; Gramática francesa da Infância, idem, 1856; Das irmãs da Caridade, idem, 1857; Pro Fidelíssimo Rege Ludovico Primo, etc., pela fausta exaltação de el-rei fidelíssimo o sr. D. Luís I ao trono de Portugal; oração recitada na sala grande dos actos da Universidade de Coimbra no dia 22 de dezembro de 1851, Coimbra, 1861; texto latino com a versão portuguesa; Aos senhores deputados da Nação Portuguesa sobre o requerimento apresentado pelo sr. Sanches na sessão de 27 do próximo janeiro 1836, Coimbra. Neste breve arrazoado tratou o autor de justificar-se da acusação que lhe fora feita, em razão de haver incluído nas Teses que defendera para o acto de conclusões magnas a proposição de que o governo absoluto era o melhor. Responde igualmente a outras arguições que se dirigiam em desabono do seu comportamento político durante o período de 1828 a 1834. O dr. Adrião Forjaz publicou vários artigos no Instituto, de Coimbra, e em outros jornais literários. Escreveu também: Exposição dos princípios sobre a Constituição civil do clero, pelos bispos deputados á Assembleia Nacional, vertida em linguagem, e acompanhada de uma curta noticia dos principais sucessos que lhe são relativos, Lisboa, 1836; saiu anónima.

 

 

 

Adrião Pereira Forjaz de Sampaio
Genealogy (Geni.com)

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, págs. 519-520.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral