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D. António Sebastião Valente
D. António Sebastião Valente

Valente (D. António Sebastião).

 

n.      20 de janeiro de 1846.
f.       26 de janeiro de 1908.

 

Doutor em teologia pela Universidade de Coimbra e lente catedrático da mesma faculdade; arcebispo de Goa, patriarca das Índias Orientais Nasceu no Porto de Santa Maria, Espanha, a 20 de janeiro de 1846, faleceu em Goa a 26 de janeiro de 1908. Era filho do dr. João Maria Valente, que foi o primeiro médico que houve nas Minas de S. Domingos, e mais tarde do partido municipal de Cascais. 

Iniciou os seus estudos em Beja, passando depois a Lisboa, onde frequentou o Colégio Artístico, que mais tarde teve o nome de Colégio Parisiense, completando ali com muito aproveitamento os seus preparatórios. Em 1865 matriculou-se na Universidade no 1.° ano de teologia, seguindo um curso brilhante cm que conquistou os principais prémios e distinções, fazendo a sua formatura em 1870, doutorando se dois anos depois, a 14 de julho de 1872, indo em seguida reger aulas no seminário de Santarém, onde deixou renome, e aberta uma vaga na faculdade de teologia na universidade, foi nomeado em 9 de junho de 1875 lente substituto, lugar de que tomou posse no primeiro do mês de julho seguinte, regendo a sua cadeira com excecional competência. A 14 de setembro de 1876 foi promovido a lente catedrático, tomando posse a 19 de outubro imediato. Em 2 de maio de 1881, sendo ministro da marinha, o sr. Conselheiro Júlio de Vilhena foi nomeado arcebispo de Goa. Essa nomeação levantou larga discussão na imprensa, fundando-se em que o novo arcebispo não era português, por ter nascido numa terra espanhola, mas afinal provou-se ser de origem portuguesa. A 25 de setembro do mesmo ano de 1881 recebia o novo prelado a sagração episcopal. Leão XIII pela bula Humanae salutis auctor, erigia o patriarcado das Índias Orientais, sendo o arcebispo de Goa promovido a patriarca em 1 de setembro de 1886. Na célebre questão do Padroado, monsenhor Valente soube proceder como um hábil diplomata e um inteligente patriota. Homem virtuoso, austero e disciplinador, alcançou prestigio entre os seus diocese nos e os seus sufragâneos, e tomando a peito a sua missão ao mesmo tempo espinhosa e insigne, nunca pensou em retirar se para a metrópole senão nos últimos anos, quando ao sentir-se cansado e doente, pretendeu resignar a mitra. Leão XIII tinha por monsenhor Valente a maior consideração, que o venerando prelado chegou até a ser indigitado para a púrpura cardinalícia, quando faleceu o cardeal D. Américo. Desveladamente se dedicou à instrução do clero, elevando o seminário de Rachol à categoria dos primeiros da Europa, na educação religiosa e cientifica, criando verdadeiros sacerdotes e dotando o seminário com mais uma cadeira de filosofia e outras novas de física, química, introdução e história natural, com o competente laboratório, reformando também a escola de canto sacro, escolhendo para tudo bons reitores devidamente remunerados O papa, reconhecendo o elevado grau do perfeição dos cursos do seminário de Rachol, concedeu-lhe a faculdade de conferir o grau de bacharel aos alunos que nele completassem o curso com distinção, regalia que nenhum seminário tinha, quer na Índia, quer no reino. A par dos melhoramentos dos cursos realizou os materiais, alargando consideravelmente o edifício com suas dependências apropriadas, de modo que se tornou o primeiro de toda a Índia. Assim como procedeu no seminário, também não descurou a educação e instrução dos seus diocesanos, merecendo-lhes sua especial atenção. Por vezes presidiu ao conselho do governo do Estado da Índia, com imparcial justiça, do 4 de fevereiro a 11 de abril de 1886, e de 3 de novembro a 16 de dezembro do mesmo ano. Esteve em Roma pela primeira vez de visita ad sacra limina, e pela segunda por ocasião do jubileu episcopal de Leão XIII, na qual obteve de Sua Santidade a graça de celebrar missa de pontifical no dia da canonização dos mártires de Cuncolim. Durante a sua permanência na Índia o reverendo prelado veiu apenas três vezes ao reino, sendo a ultima em 1904 para procurar alívios à enfermidade de que sofria, a diabetes. Esteve nos Cucos, e em Coimbra, onde descansou. Estava na ideia de voltar novamente ao reino, quando a morte o arrebatou.

 

 

 

D. António Sebastião Valente, (Arcebispo de Goa.)
Genealogy (Geni.com)

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, págs. 264-265.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2016 Manuel Amaral