Introdução

 



Introdução | Realização | Direitos de autor | A Internet | Endereços


Em 1793 o exército português era comandado pelo aristocrata mais importante do país, o tio-avô do príncipe regente, o duque de Lafões; em 1823, na realidade por um período muito curto, é comandado por um general que fez todas as campanhas militares de 1808 a 1814, e que com a Divisão de Voluntários do Príncipe, enviada para o Brasil, conquistou o actual Uruguai, tendo prestado em 1821 relevantes serviços ao rei D. João VI enquanto Governador das Armas do Rio de Janeiro, o general Jorge de Avilez.

Pintura
A Sopa dos Pobres

Estes 30 anos da história do exército, como na verdade todos os outros desde 1640, não são conhecidos na perspectiva da sua evolução orgânica, que faça sobressair as transformações, mas também nos faça ver as continuidades profundas. Que nos mostre, por exemplo, a importância da instituição militar na sociedade portuguesa já nos fins do século XVIII, devido à importância dada aos conhecimentos práticos dos engenheiros e dos artilheiros do exército, na prossecução da política de modernização da sociedade portuguesa, posta em prática pelos diferentes ministérios do tempo de D. Maria I e de D. João VI.

A importância da instituição militar na sociedade portuguesa aumentou, e muito, em 1797, quando se obrigou todos os futuros morgados a passarem pelo exército como cadetes, sob pena de perderem a possibilidade de sucederem nos vínculos, por acaso o motivo que leva Jorge de Avilez ao exército, só para dar um exemplo.

A história do Exército português está por fazer, e pareceu-me que tinha de começar a ser realizada com base no estudo da organização do Exército a partir de uma época em que ele é ainda claramente um exército de Antigo Regime, com a sua estrutura permanente de oficias, e em que os generais são quase todos aristocratas, mas sem praticamente tropas quando em paz, o que é o caso em 1793, e da sua evolução ao longo dos 30 anos seguintes, em que devido à aceleração do processo de profissionalização do exército, devido à preparação do exército para as diferentes guerras e campanhas em que participará, e a diferentes influências, tanto vindas da Prússia como da França revolucionária, assim como da Grã-Bretanha, o Exército chega a 1823 como uma força profissional, dirigida por oficiais que devem a sua função, em teoria, à sua competência, e em que os generais são sobretudo membros da nobreza da província elevados àquele posto pelos serviços prestados durante a Guerra Peninsular, e em teoria, devido ao seu mérito e experiência profissionais.

A minha conclusão, provisória como é natural, é que o exército português que chega a 1823, e que a partir desta data vai passar a ser um dos principais instrumentos da luta política entre os diferentes partidos que se vão criando na sociedade portuguesa do século XIX - primeiro, liberais e absolutistas, mais tarde, depois da guerra civil e da revolução de Setembro de 1836, cartistas e constitucionalistas, e assim por diante até à Regeneração -, é a conclusão lógica do processo de profissionalização da força armada portuguesa, desenvolvida ao longo do século XVII e do século XVIII. Na verdade, não encontro momentos de ruptura importantes na orgânica do exército. Encontro desenvolvimentos na organização que se encontram pensados e preparados há longo tempo quando, por motivos conjunturais, são postos em prática. Sobretudo não encontro influencias decisivas dos generais estrangeiros que dirigiram o exército português nesta época, e foram muitos, e que é parte importante da visão que ainda hoje prevalece sobre o desenvolvimento do exército português.


Introdução | Realização | Direitos de autor | A Internet | Endereços


Apresentação
O Comando | A Cavalaria | A Infantaria | A Artilharia | A Engenharia | Os Serviços | As Milícias | As Ordenanças
Os Oficiais | Uniformes | Bandeiras | O Equipamento | As Campanhas
Novidades | Apresentação | Bibliografia | Apêndices
regresso à página principal
© Manuel Amaral, 2000-2010