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Andrade
(António Galvão de).
n. 1613.
f. 9 de abril de 1689.
Fidalgo
da Casa Real, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, comendador de São
Tiago de Ourém, e Santa Maria da Caridade; estribeiro-mor e mestre
de ambas as selas, de D. João IV e dos príncipes D. Teodósio e D.
Pedro.
Era
natural de Vila Viçosa, onde nasceu em 1613, e faleceu a 9 de abril
de 1689. Seu pai chamava-se Francisco Galvão de Andrade, era
estribeiro do duque de Bragança D. Teodósio, e sua mãe, D. Inês
Mouro, filha de André Álvares Mouro.
Foi
insigne na arte de cavalaria, de tal sorte que mereceu, pela sua
grande ciência e destreza competir com os mais celebres professores
daquela arte, como na Vida do Príncipe D. Teodósio escreve
o padre Manuel Luís, liv. I, cap. 12, n.º 27: Equestri peritia
in paucis magnus, omnibusque quos nostravidit aetas ea in arte
praestantes aequiparandus. Desde os sete anos que começara a
exercitar-se como cavaleiro. Escreveu a seguinte obra: Arte de
Cavalaria de gineta e estardiota; bom primor de ferrar e alveitaria:
dividida em três tratados que contém vários discursos e experiências
novas desta arte. Dedicada ao Sereníssimo Príncipe de Portugal, D.
Pedro nosso senhor, filho do Senhor Rei D. João IV de Portugal de
gloriosa e saudosa memória, composta por António Galvão de
Andrade fidalgo de sua casa e seu estribeiro; comendador das
comendas de Santiago de Ourém, e de Nossa Senhora da Caridade,
ambas da ordem de Cristo. Lisboa, 1678. Esta importante obra é
acompanhada do retrato do autor, gravado a buril, e de treze
estampas. Neste livro vem uma curiosa apologia do cavalo, cheia de
anedotas interessantes, com as quais se pretende provar a inteligência
desse animal.
Na
introdução do livro dá o autor algumas notícias da sua vida, e
conta os motivos que teve para escrever a obra: "As cavalarias
extraordinárias que obrei no casamento do senhor rei D. João IV,
que Deus haja, antes da sua feliz aclamação, das quais se poderá
seguir aos cavaleiros livrarem de muitos riscos, como nelas escrevo;
introduzir coisas nesta arte com que os cavaleiros livrem melhor de
infortúnios, que é a primeira coisa a que se deve atender; e
querer dar bem a entender muitas opiniões que os cavaleiros não
conhecem, e assim mostrando as devem entender como as escrevo; como
também mostrar primores na cavalaria os quais não vi escritos, nem
postos em prática e juntamente declarar o como se obram as selas a
arreios, de que resultará aos cavaleiros saberem-no mandar obrar
melhor Tenho repetido as razões que se ofereceram para fazer este
livro; seguem-se as de que me nasceu a confiança do o tirar a público.
O ser amparado de, tão grande príncipe e cavaleiro, e da muita
continuação que sempre tive no exercício desta ilustre arte, pois
da idade de sete anos a comecei e a exercitei até à idade de
sessenta a cinco, no fim dos quais o imprimi com a maior clareza que
pude alcançar; aproveitando-me sempre das lições de meu pai e
mais mestres, e de livros que vi; e principalmente da grande experiência
que tive no decurso de todos estes anos, da qual me nasceu fazer
muitas outras particulares com grande vagar e sentido, não as
fazendo uma só vez senão muitas; e delas tirei o melhor que contém
o livro; servindo sempre de estribeiro e mestre de ambas as selas
aos senhores reis e príncipes da real casa de Bragança, os quais
foram: el-rei D. João IV, e os príncipes D. Teodósio e D. Pedro,
que todos foram tão admiráveis cavaleiros como bem o souberam os a
quem chegou sua fama, acrescendo muitos títulos, fidalgos e gente
nobre que havia em seu serviço, aos quais vi obrar esta arte com
bom primor; havendo também muitas cavalariças que certo não sei
encarecer a grande quantidade de cavalos que ensinei, assim na
gineta como na estardiota. E considerando no pouco que os
portugueses tem escrito nesta arte (não chamando pouco ao que
esqueceram), me pareceu fazer este livro, assim para crédito, como
também para se aproveitarem, e as mais nações, do que ele contém".
Genealogia
de António Galvão de Andrade
Geneall.pt
Arte
da cavallaria de gineta, e estardiota, bom primor de ferrar, &
alveitaria
Obra digitalizada na Biblioteca Nacional Digital
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