Portugal - Dicionário

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Barbosa Leão (José).

 

n.      15 de outubro de 1818.
f.       13 de novembro de 1888.

 

Cirurgião médico pela Escola Médico-cirúrgica do Porto, doutor na faculdade de medicina, da Bélgica, deputado, etc.

Nasceu em Parada, concelho de Paredes, a 15 de outubro de 1818, faleceu no Porto, na casa de saúde do médico Ferreira, a 13 de novembro de 1888. Era filho de Luís Barbosa Leão, agricultor e proprietário.

Em 1841 entrou para o exército, onde serviu em diferentes corpos. Quando se organizou a Junta do Porto, nas lutas civis de 1846, estava de licença em casa, porém, patuleia de coração e entusiasta por Manuel Passos, não pôde resistir a apresentar-se à junta, sendo então colocado como cirurgião-mor no Regimento n.º 2, que depois foi o Regimento n.º 18. Seguiu com a divisão do conde das Antas em direcção a Lisboa; aprisionado em Torres Vedras, foi recolhido a bordo da fragata Diana, onde esteve seis meses. Restituído à liberdade, desenganado de que os seus ideais políticos vinham ainda distantes, retirou-se com licença para o Brasil. Depois duma demora de ano e meio, voltou à Europa, e esteve na Bélgica, onde tomou o grau de doutor em medicina. Regressando a Portugal, e reintegrado no seu posto, foi em 1856 nomeado secretário-geral para Moçambique. Era então governador daquela província o general Vasco Guedes de Carvalho e Meneses, e com ele colaborou inteligente e zelosamente na administração daquele nosso domínio ultramarino, de que publicou importantes relatórios. Em 1860, sendo nomeado governador-geral de Angola o conselheiro Sebastião Calheiros, Barbosa Leão foi escolhido para seu secretário, lugar que desempenhou até princípios do ano de 1863.

Deputado por um dos círculos do ultramar, e jornalista distinto, redigiu o Leiriense, que começou em 1853 ou 1855. Fundou depois, em 1858, de sociedade com António Rodrigues da Cruz Coutinho, o Jornal do Porto, de que também foi director e redactor principal, tendo por companheiro na redacção o actual chefe do partido progressista, o Sr. José Luciano de Castro. Vindo mais tarde residir na capital, fundou em 1864, um novo periódico, intitulado Jornal de Lisboa, cedendo depois sociedade a Carlos José Barreiros, antigo jornalista e inspector geral dos incêndios, que por fim veio a ficar com a propriedade exclusiva do jornal. A respeito da administração das colónias ultramarinas, além dos jornais em que era redactor efectivo publicou artigos no Braz Tisana e em outros. Abandonando mais tarde o jornalismo e a politica, retirou-se para a sua casa próximo do Porto, entregando-se aos estudos predilectos, que lhe prendiam toda a atenção, acerca da língua portuguesa, dando ao prelo, já em jornais, já em publicações separadas, escritos de propaganda sónica. Em 11 de junho de 1884 recebeu a reforma de cirurgião de divisão. A sua morte foi muito sentida, especialmente no Porto.

Seu irmão, cónego de Cedofeita, Manuel Barbosa Leão, reuniu num folheto todos os artigos publicados nos jornais da época, acompanhados dalgumas cartas e dum esboço biográfico do falecido; este folheto tem por título: Cartas e publicações relativas ao falecido dr. José Barrosa Leão, que, em memoria do seu saudoso irmão, reuniu e mandou imprimir, Porto, 1889.

Escreveu:

Reflexões acerca da indemnização das preterições sofridas pelos oficiais progressistas, Porto, 1858; reprodução de vários artigos, insertos com referência ao assunto indicado, no Nacional, do Porto, n.os 277, 279 e 280, todos do referido ano; Representação que vários subscritores portugueses da «Tutelar» dirigiram ao governo de sua majestade católica, a qual foi apresentada na reunido celebrada nesta cidade no dia 12 de agosto e unanimemente aprovada, Porto, 1867; Questão colonial, série de artigos publicados no Jornal de Lisboa, a começar em Janeiro de 1867; Analise do orçamento ou a questão financeira resolvida, de pág. 211 a 338 vem uma circunstanciada análise do orçamento do ministério da guerra, acompanhada de diferentes alvitres ou propostas tendentes a reduzir sensivelmente as despesas dos diferentes estabelecimentos e repartições dependentes do referido ministério, Porto, 1868; Considerações sobre a ortografia portuguesa, memoria oferecida ao ill.mo e ex.mo sr. conselheiro António Rodrigues Sampaio, ministro e secretario de Estado dos negócios do reino, Porto, 1875; sem o nome do autor; Coleção de estudos e documentos a favor da reforma da ortografia em sentido sónico, Lisboa, 1878; nesta colecção inclui o autor o anterior folheto Considerações, etc., que publicara anónimo, e o parecer da comissão ortográfica do Porto, da qual fora relator; A Academia Real das Ciências de Lisboa e a comissão de reforma ortográfica do Porto, 1879. A este respeito veja-se: Parecer apresentado à Academia Real das Ciências de Lisboa sobre a reforma ortográfica proposta pela comissão da cidade do Porto, Lisboa, 1879; foi assinado por Pinheiro Chagas, Couto Monteiro e Latino Coelho, relator. Escreveu mais: O futuro de Portugal, etc., Porto, 1881. Nesta obra o autor confessa francamente a sua adesão à aliança económica das duas nações da península Ibérica; antevê depois disso a possibilidade duma aliança defensiva e acentua que, sem essa aliança «Portugal está condenado a vir formar à direita da Galiza na linha das províncias de Espanha, sendo ao mesmo tempo o seu domínio colonial pela Inglaterra.»

 

 

Iberismo e nacionalismo no pensamento de José Barbosa Leão
Artigo de Maria da Conceição Meireles Pereira
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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs. 106-107

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral