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Manuel Maria Bordalo Pinheiro
Manuel Maria Bordalo Pinheiro

Bordalo Pinheiro (Manuel Maria).

 

n.      28 de novembro de 1815.
f.       31 de janeiro de 1880.

 

Pintor e gravador; primeiro-oficial da secretaria da camara dos pares, socio de mérito da Academia Real das Belas Artes, etc.

Nasceu a 28 de novembro de 1815, faleceu a 31 de janeiro de 1880. Em 1833, não contando ainda dezoito anos de idade, serviu como voluntario na causa liberal. Este facto contava-o ele com certo orgulho. Bordalo Pinheiro começou o seu tirocínio artístico em 1840, num período em que o entorpecimento geral dos espíritos banira tudo quanto se relacionava com a arte. Ao seu esforço deve-se, por assim dizer, o renascimento da gravura em madeira, que estava inteiramente esquecida e desprezada. Apareceram então varias obras poéticas e jornais literários ilustrados sob a sua direção, tais como os poemas Ruy o escudeiro e Miragaia, o semanário a Época, e o primeiro Jornal de Belas Artes. Sendo amigo e companheiro de Alexandre Herculano, foi ele um dos que o auxiliaram muito na fundação do Panorama com a sua colaboração artística. Do Ocidente, de 1880, vol. 8.° a pág. 27, transcrevemos o seguinte:

“Há quarenta anos, quando Manuel Maria Bordalo Pinheiro fez a sua entrada no mundo artístico português, esse mundo artístico compunha-se unicamente dos elementos seguintes: uma sombra sentada sobre uma ruina. O fio da tradição tinha-se partido, a memória dos grandes nomes estava perdida. Era preciso refazer tudo. Para vencer, era necessário, em primeiro lugar, a têmpera dos valentes e a crença dos predestinados. Bordalo Pinheiro iniciou a gravura em madeira, e o Panorama saiu do caos. Princípia então a laboriosa vida do artista, manifesta-se a fecunda iniciativa que depois, secundada por outros esforços, consegue tornar a sombra numa estátua e a ruina num templo. Como trabalhador que havia encontrado os materiais da sua obra dispersos nas ruinas do passado, Manuel Maria Bordalo Pinheiro professava o culto sereno do antigo, mas os esplendores do seu tempo seduziam-no; enamorava-se dos prodígios do espirito novo, de forma que, em virtude de uma bondade ingénita da sua alma, o seu modo de ser artístico vacilava sempre entre dois polos, sem poder fixar-se nem tomar um rumo determinado. É este o caracter essencial da sua obra”.

É extraordinário o numero de trabalhos deste notável artista. Além de desenho. e ilustrações dispersos em diferentes obras, contam-se os seguintes: estatueta do visconde de Castilho; busto de Camões, hoje existente na gruta de Macau; projeto de um monumento a D. Pedro lV, apresentado à Associação dos Arquitetos; projeto de um monumento ao duque da Terceira; busto do patriarca D. Guilherme; estatueta do primeiro duque de Palmela, etc. É prodigioso o número dos seus quadros, sendo muitos deles premiados em diversas exposições. Na galeria particular do falecido rei D. Fernando existiam cinco destes quadros, e os restantes foram para o estrageiro, ou estão em coleções particulares

Nos últimos anos dedicara-se de preferência à pintura do género flamengo em que conseguira produções de uma extrema nitidez, tocadas com uma grande delicadeza, e impregnadas dum cunho antigo perfeitamente caracterizado. Bordalo Pinheiro, além das medalhas que recebera em diversas exposições, como dissemos, foi condecorado pelo governo espanhol, por ocasião da exposição internacional de Madrid, com a ordem de Carlos III. O teatro também lhe mereceu muita dedicação; por algum tempo foi ele quem desenhou os costumes e fez os figurinos para os teatros de S. Carlos e D. Maria, sendo notáveis os do Alfageme de Santarém, Alcaide de Faro, Templo de Salomão e A Profecia ou a queda de Jerusalém. Também traduziu algumas peças, entre as quais se conta o Duende, que se representou com muito agrado nos teatros de D. Maria, Variedades e Trindade. Para perpetuar a sua memória, além dos trabalhos de grande valor que nos deixou, enriqueceu a arte com seus filhos Rafael e Columbano, e sua filha D. Maria Augusta, artistas distintos. São também seus filhos o professor Feliciano Bordalo Pinheiro, o médico Manuel Maria Bordalo Pinheiro, e o desenhador mecânico Tomás Bordalo Pinheiro.

 

 

 

 

Genealogia de Manuel Maria Bordalo Pinheiro
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs.
390

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
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