Portugal - Dicionário

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Cavroé (Pedro Alexandre).

 

n.       1776.
f.        20 de abril de 1844.

 

Escritor.

Nasceu em Lisboa em 1776, faleceu a 20 de abril de 1844. Era filho do francês Agostinho Alexandre Cavroé, que teve por muitos anos uma oficina de marcenaria no largo do Calhariz em Lisboa.

Pedro Cavroé estava destinado a seguir a profissão de seu pai, porém, dando provas de bastante inteligência, recebeu uma regular educação, e aprendeu noções elementares de matemática e desenho, gramática latina e francesa, alguns outros estudos secundários, havendo quem afirme que chegara a concluir o curso dos preparatórios com intento de se matricular na Universidade de Coimbra. Muito hábil nas artes mecânicas, era também muito apaixonado pela literatura. Tendo-se mostrado desde 1820 fervoroso apologista das doutrinas liberais, viu-se obrigado a emigrar em 1828, e passou de Lisboa ao Rio de Janeiro, onde foi bem acolhido pelo imperador D. Pedro, por quem professava uma verdadeira idolatria.

Quando se estabeleceu definitivamente em 1834 o regime constitucional, regressou do Brasil, e cinco anos depois foi nomeado, por decreto de 20 de junho de 1839, demonstrador do conservatório de artes e ofícios com o ordenado anual de trezentos mil réis. Havendo tido a infelicidade de partir a perna direita na região superior da coxa, os socorros da ciência não o puderam salvar, e desse desastre faleceu. No Diário do Governo de 3 de maio de 1844, vem publicado o seu necrológio. 

Escreveu muito, com especialidade para o teatro; foi redactor do Jornal de Belas Artes, ou Mnemósine Lusitana, relação patriótica, que se publicou em Lisboa, em 1816 e 1817, formando dois tomos volumosos e com gravuras; contém muitos artigos e notícias interessantes, entre eles a descrição de edifícios, monumentos e praças públicas de Lisboa; dos estabelecimentos de instrução pública mais notáveis; do estado das artes e ofícios em Portugal; um catálogo dos pintores de maior. nomeada entre nós; a descrição da baixela de prata, que a regência do reino ofereceu a lorde Wellington; muitas poesias inéditas de autores contemporâneos, etc. Foi também redactor da Mnemósine Constitucional, jornal político, publicado em Lisboa, em 1820 e 1821, 2 tomos. Em 1821 sustentou uma polémica em cartas contra o padre José Agostinho de Macedo, e depois de 1834 publicou várias poesias celebrando os acontecimentos funestos ou lutuosos que se passaram na família real. Dizem que também redigiu por algum tempo no Brasil um jornal politico.

Escreveu mais: Elementos de Geometria, aplicáveis ao oficio de marceneiro, etc., Lisboa, 1814, um folheto; Resposta ao papel intitulado «Exorcismos contra periódicos e outros malefícios» com, o responso de Santo António contra a descoberta da malignidade dos aleijões solapados, Lisboa, 1821; Resposta à Carta do reverendo sr. José Agostinho de Macedo, publicada na segunda feira da semana santa, 16 de abril de 1821, Lisboa, 1821; Elegia à sentidíssima perda dos portugueses... pela infausta morte do sr. D. Pedro, duque de Bragança, oferecida a S. M a Senhora D. Maria II em 12 de outubro de 1884, sem designação de lugar nem de tipografia; Vários sonetos, impressos em meias folhas e quartos de papel avulsos, por ocasião de aniversários de S. M. a Rainha; de seu augusto esposo, do príncipe real, etc.; Epistolas de Cavroé a Falmeno (Felisberto Inácio Januário Cordeiro), datadas do Rio de Janeiro a 27 de maio e 7 de junho de 1832; andam no tomo VII das Obras de Falmeno, a pág. 111 e 127; Ao muito honrado juiz do povo António Joaquim Mendes, na ocasião em que dirigiu o seu eloquente discurso às valorosas tropas portuguesas, etc., Ode; sem lugar nem ano, mas é da Impressão Régia, 1814; no fim tem as iniciais P. A. C. O autor do discurso foi o padre José Agostinho de Macedo. Parece que Pedro Cavroé foi o autor de duas composições poéticas dedicadas a D. João VI e a D. Carlota Joaquina, para se recitarem num teatro em 1817. Para o teatro escreveu: O Zeloso de mil oitocentos e dez, comedia original em dous actos; composta sobre um facto verídico, etc., Lisboa, 1810; Segunda parte da comedia «O Zeloso de mil e oitocentos e dez», Lisboa, 1810; estas duas partes saíram anónimas. Além destas peças, escreveu pelo mesmo tempo várias outras que se representaram nos teatros públicos, e que não se imprimiram, sendo umas originais, e outras imitadas ou traduzidas do francês. Entre elas contam-se: O que fazem os herdeiros, drama em um acto; A batalha do Salado; A tomada da Figueira, Santa Catarina, drama sacro; Adela de Val de Faro; Sinval e Mathilde; A verdadeira mãe, etc.

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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs. 9
59-960

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral