Portugal - Dicionário

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
Emília Eduarda
Emília Eduarda

 

Eduarda (Emília).

 

n.       1 de janeiro de 1845.
f.
        [ 29 de fevereiro de 1908 ].

 

Actriz contemporânea, escritora e poetisa.

Nasceu em Lisboa a 1 de janeiro de 1845.

Era filha dum militar muito distinto, e desde muito nova mostrou grande vocação para o teatro. Casou com doze anos e meio de idade, mas passados poucos anos enviuvou, e decidiu-se então a seguir a carreira dramática. A primeira vez que representou, foi como amadora, no teatro Therpsychore, da rua da Conceição à Praça das Flores, nas comédias O homem de ouro, em 3 actos, A Útil e agradável e Moleira de Marly, ambas em um acto. O actor Taborda apresentou-a no Ginásio, onde debutou em outubro de 1861 na comédia, em um acto A esposa deve acompanhar seu marido, traduzida pelo falecido escritor Júlio César Machado. O público recebeu-a com aplausos sinceros, e desde então ficou consagrada actriz. Conservou-se algum tempo neste teatro, entrando em grande parte do reportório, passando depois aos teatros das Variedades, rua dos Condes e Príncipe Real. Foi numa tournée artística às ilhas dos Açores, e quando regressou, o empresário do teatro Baquet, do Porto, António Moutinho de Sousa, a escriturou na qualidade de dama central e característica. Dessa companhia fazia parte o actor Simões e suas filhas, Lucinda e Amélia Simões, Paulo Martins, Júlio Soler, Garra, Apolinário de Azevedo, e outros, cujos nomes nos não recordam. Sempre estudando e dedicando-se com boa vontade à arte a que se destinara, tornou-se uma actriz muito apreciada e muito simpática, especialmente no Porto, onde tem feito a maior parte da sua carreira artística. Tanto no teatro Baquet como no do Príncipe Real, tem representado em papéis de géneros diferentes, no drama, na comédia, na opereta e na farsa, sendo sempre aplaudida, como na Thereza Raquin, de Zola, Medico à força, Bocácio, A boneca, O testamento da velha, O solar dos Barrigas, etc. Já foi duas vezes ao Brasil, numas tournées da companhia do empresário Taveira, sendo também muito festejada. Na época de 1898 e 1890 esteve contratada no teatro de Carlos Alberto, do Porto. 

Emília Eduarda, além do seu merecimento artístico, é escritora e poetisa. Dos seus trabalhos literários citaremos os seguintes: Sobrinho da América, comédia em três actos; Senhor e senhora Diniz, opereta num acto; Cartas na mexa e Diabo a quatro, revistas do ano (de 1886 e 1889); Tripas à revolução e O sentinela, comédias num acto; O processo d'el-rei Dinheiro, sátira em três actos; etc. Traduziu também o drama em três actos, Mulher de fogo, a comédia enum acto, Historia d'um crime., etc. Em 1895 publicou um volume, intitulado Contos simples, com um prefácio de D. João da Câmara. Foi quem escreveu a primeira poesia, que o actor António Pedro recitou em público. Emília Eduarda tem colaborado em diversos jornais literários, tanto em prosa como em verso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume III, pág. 1
11

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral