Portugal - Dicionário

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Francisco de Melo
Francisco de Melo

 

Melo (Francisco de).

 

n.      1597.
f.       1651.

 

Fidalgo, que se esqueceu completamente do que devia à sua terra, e que se ilustrou e distinguiu ao serviço de Espanha. 

Era filho primogénito de D. Constantino de Bragança, da casa dos marqueses de Ferreira. Nasceu em 1597, faleceu em Madrid em 1651. Foi muito novo para Madrid, e ali teve a nomeação de veador da rainha D. Isabel de Bourbon, filha de Henrique IV, e mulher de Filipe IV, rei de Espanha, e gentil homem da câmara deste monarca, que sucessivamente o fez conde de Assumar  e marquês de Vilescas. Foi também nomeado membro do conselho de Portugal e mais tarde embaixador em Roma, sendo depois substituído pelo marquês de Castelo Rodrigo, que igualmente se mostrou adverso à causa de Portugal. D. Francisco de Melo passou, à corte de Viena de Áustria, onde estava, quando rebentou em Portugal a revolução de 1 de dezembro de 1640. Esta revolução nada influiu no espírito de D. Francisco de Melo, que, tendo recebido ordem do conde-duque de Olivares para alcançar do imperador a prisão do infante D. Duarte de Bragança, que servia então distintamente nos exércitos da Alemanha, não hesitou em empregar todos os esforços para conseguir esse odioso fim. O imperador Fernando III respondeu primeiro às instâncias de D. Francisco de Melo que não havia motivo algum para tornar D. Duarte de Bragança responsável. pelo que se passava em Portugal na sua ausência, tanto mais que D. Duarte servira sempre com distinção e lealdade nos exércitos da Alemanha, mas D. Francisco de Melo conseguiu chamar ao seu partido a imperatriz, o secretário de estado e o confessor do imperador, de forma tal que venceu os escrúpulos de Fernando III. Também se não esqueceu o nosso embaixador de pôr nos seus interesses o general Piccolomini, comandante do exército em que D. Duarte servia, e desta maneira conseguiu a prisão arbitrária de D. Duarte, seu compatriota e ainda seu parente. Foi na sua própria carruagem que o infeliz infante veio enganado .e preso para Viena. 

Em seguida a esta infamante acção, foi D. Francisco de Melo nomeado governador das armas de Flandres; comandou então o exército espanhol na guerra contra a França. Invadiu este reino, devastou a Champanha, e atacou Rocroi. D. Francisco de Melo rompera a campanha efectivamente com energia e a sua marcha rápida causou verdadeiro terror em Paris, mas um jovem general francês, de dezoito anos de idade, saiu-lhe ao encontro, e no dia 19 de maio de 1643 destroçou-o complemente na batalha de Rocroi. Nem este desastre, nem a queda do conde-duque de Olivares, amigo particular de D. Francisco de Melo, fizeram com que este perdesse o valimento, que do governo das armas de Flandres passou para o das armas da Lombardia. Foi capitão-general de Sicília, de Aragão e da Catalunha, membro do conselho de guerra e do conselho de estado, embaixador aos príncipes de Itália, etc., e ainda em 1648, tendo recebido o titulo de marquês de Torredelaguna, foi como plenipotenciário espanhol ao congresso de Vestefália. D. Francisco de Mello deixou memória pouco honrosa, apesar dos seus merecimentos, porque no momento em que todos os portugueses se sacrificavam pela defesa da pátria, ele não só se conservou longe dela, sacrificando-a aos seus interesses e ambições, mas tornou-se cúmplice dum dos actos mais infamantes e. mais atrozes que se praticaram no século 17, a prisão à falsa fé do infante D. Duarte de Bragança.

 

 

 

Francisco de Melo, 1° conde de Assumar
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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, págs. 971-972
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Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral