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Miranda (Inocêncio António de).

 

n.       1761.
f.   
     29 de maio de 1836.

 

Presbítero secular e abade da freguesia de Medrões, na província de Trás-os-Montes, deputado nas cortes de 1821, etc. 

Nasceu em Paço de Outeiro, próximo de Bragança em 1761, faleceu na freguesia de Grijó de Val-Bemfeito em 29 de maio de 1836. 

Foi professor régio de gramática latina na vila de Algoz, e ordenando-se de presbítero deixou a cadeira, e passou a paroquiar em várias igrejas. Obteve por concurso, a igreja de Grijó de Vale Bem-feito, onde foi reitor durante seis anos, opôs-se depois à de Quirás, mas suscitando-se questões no provimento veio para Lisboa, e foi mestre do marquês de Fronteira e de seu irmão D. Carlos de Mascarenhas. Pela casa de Murça foi apresentado abade de Medrões. 

Escreveu: 

O Cidadão Lusitano: breve compendio em que se demonstram os frutos da Constituição, e os deveres do cidadão constitucional para com Deus, para com o rei, para com a patria, e para com todos os seus concidadãos; dialogo entre um liberal e um servil, o abade Roberto e D. Júlio, Lisboa, 1822; 2.ª edição feita no mesmo ano, adicionada com um Apêndice ao Cidadão Lusitano, ou ilustração de alguns artigos deste compendio, em que o seu autor pretende dar uma satisfação ao publico menos ilustrado, sobre certos reparos que se lhe tem feito. Esta obra sofreu desde logo violentíssimos ataques e ásperas censuras, da parte de muitos que trataram de confutar certas proposições do autor, como contrárias à disciplina da igreja, e pouco conformes à doutrina ortodoxa e à piedade cristã. Entre estes sobressaiu o padre José Agostinho de Macedo, que escreveu uma série de artigos muito virulentos, que publicou em vários números da Gazeta Universal. Um anónimo imprimiu também três folhetos, com o título de Cartas de Ambrósio ás direitas ao sr. Abade de Medrões, Lisboa, 1822. O padre Inocêncio de Miranda respondeu com os seguintes opúsculos: Resposta á carta de Ambrósio ás direitas sobre alguns artigos do «Cidadão Lusitano», Lisboa, 1822, Resposta do abade de Medrões á segunda carta de Ambrósio ás direitas, na qual se mostra a sem razão com  que o seu autor atacou a doutrina do «Cidadão Lusitano» e a hipocrisia com que pretendeu inculcar-se por muito a quem não o conhecer, Lisboa, 1822. Contra a referida obra ainda saíram mais os seguintes opúsculos anónimos: A Religião em triunfo, defendida e sustentada pela mesma regeneração da pátria libertada da superstição da inveterada seita maçónica, por, um português cristão, etc., Lisboa, 1822; Dialogo entre um barbeiro e um professor de gramática, Lisboa, 1822. 

Apesar das críticas, o Cidadão Lusitano continuou a ter grande voga, esgotando-se em poucos dias a primeira edição, e acontecendo quase outro tanto à segunda, mais numerosa, que se fez em seguida, conforme dissemos. O prior-mor da Ordem de Cristo, D. Luís António Carlos Furtado, escreveu também contra ele uma extensa  refutação que publicou anónima com o título de Elenco  dos erros, paradoxos e absurdos, que contém a obra intitulada «O  Cidadão Lusitano», etc. Quando se, deu a queda da Constituição em 1823, o cardeal patriarca D. Carlos da Cunha apenas recolheu a Lisboa, em Junho desse ano, publicou logo uma pastoral em que; de mistura com algumas outras obras, proibiu sob pena de excomunhão a leitura do Cidadão Lusitano. Depois foi também condenado em Roma por decreto da Congregação do Índex de 6 de setembro de 1824, como a Gazeta de Lisboa n.º 206 do mesmo ano publicou. 

O padre Inocêncio de Miranda escreveu mais: Homilia constitucional que Incêndio António de Miranda, abade de Medrões e deputado em cortes, mandou publicar aos seus fregueses pelo seu coadjutor, Lisboa, 1822; Carta escrita em 30 de novembro de 1812 ao prior de S. Lourenço acerca da seita mística influenciada pelo bispo de Bragança; e seus pretendidos milagres; saiu em folhetins no Conimbricense de 20 de 1870, e continuou nos seguintes números, concluindo no de 22 de outubro do mesmo ano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, pág.
1131.

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