Portugal - Dicionário

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Mosinho (Manuel de Brito).

 

n.      1763.
f.       c. 1824.

 

General e ajudante general do nosso exército durante todo o tempo da Guerra da Península. Nasceu em Estremoz no ano de 1763. 

Faltam dados biográficos deste distinto militar na primeira época da sua vida. Não se sabe em que corpos serviu primeiro, e quais as comissões que desempenhou, apenas em 1807 se encontra a notícia de ser o então tenente coronel Mosinho ajudante de ordens do Governo das Armas da província do Alentejo, sendo o seu chefe o marquês de Alorna. Quando depois da invasão dos franceses o nosso exército foi dissolvido e se organizou a Legião Portuguesa, foi Mosinho nomeado chefe do estado maior da 2.ª divisão dessa força, mas ou não chegou a passar a fronteira, ou em breve regressou à pátria; logo depois da restauração do reino foram aproveitados os seus dotes militares, e em dezembro de 1808 mandado servir como ajudante general do exército que, às ordens de general António José de Miranda Henriques, se formou para coadjuvar os espanhóis. 

Escolhido no ano seguinte pelo marechal Beresford para ajudante general do nosso exército, desempenhou esse elevado cargo durante toda a guerra da Península, assistindo a oito batalhas e a dois sítios principais, e auxiliando constante e zelosamente o comandante em chefe, sem que durante esse largo período pedisse um único dia de licença nem estivesse por qualquer motivo que não fosse do serviço, afastado das importantes funções de que fora encarregado. Não é possível descriminar boje a parte que coube ao ajudante general Mosinho na grandiosa empresa de reorganizar ao nossas forças militares e de manter depois a disciplina que se tornou proverbial, é certo porém que o marechal Beresford deveu muito a Mosinho, e que a este distinto oficial pertence de direito um dos primeiros lugares entre os generais do nosso exército que mais contribuíram para as vitórias ganhas pelos soldados portugueses contra as hostes de Napoleão. Terminada a campanha, continuou Mosinho servindo de ajudante general, até que depois da revolução de 1820, pela nova organização dada às repartições superiores militares, foi dispensado do cargo em que estivera empregado por tantos anos. 

Enquanto durou entre nós o sistema constitucional conservou-se o general Mosinho inteiramente afastado dos negócios públicos, e indo ter com o infante D. Miguel a Vila Franca, quando este fez a conhecida revolução em fins de maio de 1823, foi em 30 de junho seguinte nomeado presidente da comissão encarregada de examinar as circunstâncias dos indivíduos, que o conde de Amarante promovera a diferentes postos no tempo em que, antes da queda da constituição, se tinha posto em campo para restabelecer o sistema absoluto. Em março de 1824 foi escolhido para presidente da comissão incumbida de tomar conhecimento dos indivíduos, que deviam entrar na distribuição das presas feitas aos franceses durante a Guerra da Península, e tendo servido de chefe do estado maior general ao infante D. Miguel no dia 30 de abril e nos dias imediatos ao dessa revolta, foi, logo em seguida à partida do mesmo infante para o estrangeiro, mandado prender. Instaurou-se o processo, o general foi levado para a Torre de Belém, daí transferido para o castelo de S. Jorge, e sendo afinal posto em liberdade em consequência da amnistia que se promulgou, pouco mais viveu, falecendo de uma hidropesia de que principiara a sofrer no cárcere. Também se não conhece a data da sua morte. Em 1828, seu irmão Maximiliano de Brito Mosinho publicou o processo a que respondeu, tendo por titulo: Processo do tenente general Manuel de Brito Mosinho. V. o artigo seguinte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, pág. 1303
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