Nasceu em Lisboa a 30 de abril de 1845, onde também faleceu a 21
            de agosto de 1894. Era filho de Francisco Cândido Gonçalves
            Martins, oficial da Junta do Credito Publico, e de sua mulher, D.
            Maria Henriqueta Morais de Oliveira; neto paterno do desembargador
            Joaquim Pedro Gomes de Oliveira, que foi por duas vezes ministro do
            rei D. João VI, e membro do governo supremo do Reino em 1820 até
            à constituição das cortes, em 26 de janeiro de 1821.
            Cursou as aulas do Liceu Nacional de Lisboa, chegando a fazer
            alguns exames. Seus pais desejavam que seguisse a carreira militar
            estudando engenharia, mas por infelicidade ficou órfão aos doze
            anos de idade, porque seu pai faleceu em 1857, vítima da
            febre-amarela, que nesse ano assaltou a capital, deixando viúva e
            seis filhos em más circunstâncias. Faltando-lhe recursos, teve de
            interromper os estudos, dedicando-se à vida comercial para angariar
            meios de subsistência, exercendo desde então no comércio ou na
            indústria diversos empregos. 
            Através duma vida difícil, mas guiado pelo amor de sua mãe,
            foi completando a sua educação literária, até que em 1870 se
            empregou nas minas de Santa Eufémia, de Córdova, e partindo nesse
            ano para Espanha, ali se conservou até 1874, ano em que veio para o
            Porto, onde fixou residência, conseguindo o lugar de director da
            exploração do caminho de ferro do Porto à Povoa do Varzim e Vila
            Nova de Famalicão. Em 1878 apresentou-se no concurso aberto pela
            Academia Real das Ciências de Lisboa, com a memória relativa à Circulação
            fiduciária, que lhe valeu o prémio da medalha de ouro da mesma
            academia, e o título de sócio correspondente. Em 1880 foi eleito
            presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto, de que se
            demitiu dois anos depois, em 1882, sendo-lhe então conferido o título
            de presidente honorário. Nesse mesmo ano a Real Academia, de
            Espanha lhe conferiu o diploma de sócio correspondente. Oliveira
            Martins também era sócio do Instituto de Coimbra, e de diversas
            sociedades científicas nacionais e estrangeiras. 
            Em 1881 fez parte da comissão distrital do Porto, no inquérito
            industrial, e redigiu o relatório da mesma comissão. Este relatório
            foi impresso em separado no Porto; e depois incorporado na edição
            oficial de Lisboa. Em 1884 foi nomeado membro da direcção do Museu
            Industrial e Comercial do Porto, e vogal da comissão encarregada de
            propor ao governo algumas providências tendentes a melhorar a situação
            das classes operarias, com respeito ao trabalho; aos salários, ás
            crises industriais, e a outros assuntos de interesse publico. As
            suas ideias avançadas o afastaram algum tempo dos partidos monárquicos,
            mas depois, mudando de orientação, passou ás fileiras da
            monarquia, fundando em 1885 o jornal A Província. Em 1883
            foi deputado pela primeira vez, eleito por Viana do Castelo, e em
            1887 o elegeu o círculo do Porto, sendo reeleito ainda em outras
            legislaturas. No ano de 1887 apresentou ao parlamento o seu projecto
            de lei sobre fomento rural. Dirigiu a Régie antes do actual
            monopólio do tabaco. Em 1888, a Associação dos Tipógrafos do
            Porto ofereceu-lhe uma estatueta simbolizando o trabalho, em tributo
            de reconhecimento pela protecção dispensada à classe. Fez parte
            da comissão executiva da Exposição Industrial Portuguesa com uma
            secção agrícola, que nesse ano de 1888 se realizou em Lisboa na
            Avenida da Liberdade. No estrangeiro, Oliveira Martins igualmente
            ilustrou o seu nome e o de Portugal. Assim, o representou em 1890 na
            conferência internacional de Berlim e nada Propriedade Industrial
            de Madrid, onde em 1891 foi convidado para a conferência realizada
            no Ateneu para a celebração do centenário de Cristóvão Colombo.
            Recebeu depois a grã-cruz do Mérito Nacional. Em 1892, no ministério
            que se organizou sob a presidência do Dr. Dias Ferreira; foi
            convidado para a pasta da fazenda, que geriu desde 17 de janeiro até
            27 de Maio. Em 1893 foi eleito membro da Junta do Crédito Publico,
            exercendo nessa alta corporação, sob a qual seu pai e seu irmão
            tinham servido como empregados públicos, o lugar de
            vice-presidente.
            Colaborou nos principais jornais literários e científicos de
            Portugal, corno: O Arquivo Pitoresco, Ocidente, Dois Mundos,
            publicado em Paris; Revista Ocidental, Revista Científica,
            Revista de Portugal, Revista de Educação e Ensino; além
            dos jornais políticos: A Província, O Tempo, Jornal do Comércio,
            O Repórter, Protesto, e em outros jornais socialistas; no
            Cruzeiro, do Rio de Janeiro, e outros jornais do Brasil, para
            onde escrevia correspondências. Em 1873 entrou numa notável polémica
            acerca do livro do sr. conselheiro Júlio de Vilhena, As raças históricas
            da península ibérica, sendo o seu primeiro artigo de análise
            inserto no Jornal do Comércio de julho do mesmo ano. O sr. Júlio
            de Vilhena respondeu a esta apreciação com quatro artigos, sob o título:
            Do lugar da idade média na historia da civilização, resposta
            ao sr. Oliveira Martins, no Jornal do Comércio, de 6, 7,
            8 e 9 de Agosto. O sr. Júlio de Vilhena ainda respondeu às novas
            explicações do seu contendor no jornal de 10 de setembro. Em 1879,
            de acordo com os editores Viúva Bertrand & C.a,
            sucessores Carvalho & C.a, fundou uma Biblioteca
            das ciências sociais, de que saíram alguns tomos. A morte de
            Oliveira Martins foi muito sentida. Na câmara dos deputados fez o sr.
            conselheiro Francisco da Veiga Beirão o seu elogio histórico, na
            sessão de 24 de outubro de 1891. No ano de 1903, uma comissão de
            amigos dedicados de Oliveira Martins mandou erigir no cemitério dos
            Prazeres um jazigo monumento à sua memória, para onde foram
            trasladados no dia 21 de novembro desse ano os seus restos mortais,
            que se conservavam depositados no jazigo de sua família.
            Conjuntamente foram recolhidos no novo jazigo os restos mortais de
            sua mãe, D., Maria Henriqueta Morais de Oliveira, sendo os ofícios
            fúnebres celebrados na capela do cemitério. O túmulo é trabalho
            do apreciado escultor Teixeira Lopes, assim como a estátua da História,
            que se vê ali colocada.
            Bibliografia:
            Do principio federativo e sua aplicação á península hispânica:
            série de artigos no Jornal do Comércio, de 19, 21, 21, 24 e
            25 de setembro de 1869; Os Lusíadas; ensaio sobre Camões e a
            sua obra, em relação à sociedade portuguesa e ao movimento da
            renascença, Porto, 1872; Portugal e socialismo; exame
            constitucional da sociedade portuguesa e sua reorganização pelo
            socialismo, Lisboa, 1873; Teoria do socialismo; evolução política
            e económica das sociedades na Europa, Lisboa, 1873; Teófilo
            Braga e o cancioneiro; A reorganização do Banco de Portugal,
            Porto, 1877; As eleições, Porto, 1878; O helenismo e a civilização
            cristã, Porto, 188; A circulação fiduciária, etc.,
            Lisboa,.1883; Historia da civilização ibérica, Porto,
            1880; Historia de Portugal, 2 tomos, Porto, 1882; O Brasil e as colónias
            portuguesas, Porto, 1881; Portugal contemporâneo, 2
            tomos, Porto, 1881; a respeito desta obra escreveu José Joaquim
            Rodrigues de Freitas uma extensa carta ao autor, impressa em
            separado, com o título de Portugal contemporâneo do sr.
            Oliveira Martins, Porto, 1881; Elementos de antropologia;
            história natural do homem, Porto, 1881; As raças humanas e
            a civilização primitiva, Porto, 1881; A linguistica; Sistema
            dos mitos religiosos, Porto, 1882; Quadro das instituições;
            primitivas, Porto, 1883; O regimen das riquezas, elementos de
            chrematistica, Porto, 1883; Tábuas de cronologia e geografia
            histórica; Portugal nos mares; Navegação e
            descobrimentos dos portugueses; Historia da republica romana;
            Phebus Moniz; O artigo «Banco» no Dicionário
            Universal; Política e economia nacional; Elogio histórico
            de Anselmo Braamcamp; O empréstimo português de 1832; Carteira
            dum jornalista; Portugal em África; Inglaterra; Inglaterra
            de hoje; A população e a emigração; Teorias das
            instituições políticas; Geografia política e estatística
            das nações; Os filhos de D. João I; D. Nuno Alvares
            Pereira. Quando faleceu andava escrevendo um livro de crítica
            histórica do tempo de D. João II, que foi, depois concluído por
            Carlos Lobo de Ávila. V. Lobo de
            Ávila (Carlos).