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Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho Póvoas
Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho Póvoas

Póvoas (Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho).

 

n.      7 de setembro de 1773.
f.       
29 de novembro de 1852.

 

Fidalgo da Casa Real, comendador das ordens de Cristo e da Torre e Espada, senhor das comendas de Mirandela e de Santa Maria, da Covilhã; cavaleiro da Ordem de Avis, condecorado com a cruz de ouro da Guerra Peninsular, tenente general, etc. Nasceu na Guarda a 7 de setembro de 1773, faleceu na sua quinta de Vela, nas proximidades da Guarda, a 29 de novembro de 1852. Era filho de António Manuel das Póvoas de Brito Marecos, fidalgo da Casa Real e ouvidor do Brasil, e de sua mulher, D. Mariana Vitória de Castro Sousa e Almada.

Matriculando-se na Universidade de Coimbra, fez acto do 1.° e 2.° anos de direito, mas assentando praça de cadete em cavalaria n.º 11 a 28 de setembro de 1792, passou a formar-se em matemática, concluindo os estudos e obtendo a formatura em 1796. Foi estudante muito distinto, alcançando sempre os primeiros prémios. Em setembro do mesmo ano de 1796 foi despachado capitão duma companhia de cavalaria, que organizou à sua custa e da qual eram seus irmãos António das Póvoas de Brito Coutinho e Francisco de Melo Póvoas, um tenente e outro alferes. Em 1803 teve a promoção para major, em 1809 para tenente-coronel, para coronel em 1812, servindo nestes postos em cavalaria n.º 7, que tinha sido encarregado de organizar. Póvoas foi um dos oficiais que o general francês Junot mandou para França com a divisão portuguesa em 1808; vindo, porém, para Portugal com o general Soult, em 1809, fugiu, vindo incorporar-se no exército aliado. Até ao fim da Guerra Peninsular sempre se distinguiu, e terminada a campanha foi despachado brigadeiro em 1815, marechal de campo a 13 de maio de 1820, Sendo mais tarde promovido a tenente general a 26 de outubro de 1832. Sendo ainda marechal de campo foi deputado ao congresso constituinte que se reuniu depois da revolução de 1820. Entre várias comissões de que foi encarregado, exerceu as de inspector-geral da arma de cavalaria, e das Ordenanças. Seguindo o partido absolutista foi um dos mais dedicados partidários de D. Miguel. Além da condecoração pelos serviços prestados na Guerra Peninsular, já citada, ainda obteve outras condecorações, em que se conta a medalha Fidelidade ao rei e à Pátria (vulgarmente, medalha da guerra da poeira) com a efígie de D. Miguel. 

O general Póvoas adquiriu a sua maior fama desde 1828, como comandante duma divisão realista, sendo ainda marechal de campo. D. Miguel desembarcou em Belém a 22 de fevereiro de 1828. As tropas que, desde 1823 sempre se lhe haviam conservado fiéis, e principalmente depois da morte de D. João VI, em 1826, estavam emigradas em Espanha, tendo por chefe o general marquês de Chaves. Era regente do reino a infanta D. Isabel Maria, que para combater os realistas, em 1826, tinha, além de mais de metade das tropas portuguesa, uma divisão inglesa de 6.000 homens, comandada pelo general Clinton. D. Miguel, sendo regente, despediu as tropas inglesas, que em 25 de abril de 1828 embarcavam para Inglaterra, e admitiu a continuar no serviço o exército liberal, que em 1826 e 1827 havia combatido contra as tropas realistas, não mandando regressar ao reino as tropas emigradas, com cuja fidelidade poderia contar. O resultado foi que a maior parte dessas tropas se revoltou no Porto a 16 de Maio do mesmo ano de 1828, depois de terem jurado fidelidade ao governo realista. D. Miguel organizou à pressa um exército, com os poucos corpos que se lhe conservaram fiéis, regimentos de Milícias, alguns batalhões de voluntários e corpos de guerrilhas, dando o comando ao marechal Póvoas, que marchou contra os revoltosos. Os resultados desta guerra foram bem tristes. 

Em 1829, Póvoas foi nomeado general das armas da Beira Alta, e em 1832 comandou a 2.ª divisão do exército de operações em frente do Porto. Neste posto, a sua mais notável proeza foi a vitória de Souto Redondo a 7 de agosto desse ano. Em 20 de dezembro de 1833 teve o comando em chefe do exército realista. Pelo mau plano e péssimo resultado da batalha de Almoster, para os realistas, em 13 de fevereiro de 1831, D. Miguel exonerou o general Póvoas do comando em chefe, logo no dia 19, imediato à batalha, sendo substituído pelo general José António de Azevedo e Lemos. Sendo compreendido na convenção de Évora Monte, Povoas retirou-se da vida pública, e só no princípio do ano de 1847, tendo já setenta e três anos de idade, é que tornou a aparecer na cena política, organizando uma força popular com que se apresentou à Junta do Porto, executando algumas operações contra as tropas de governo cabralista, que lhe adquiriram fama e prestígio. Retirando-se depois definitivamente à sua quinta de Vela, ali faleceu. O governo patuleia quis dar-lhe o título de conde de Vela, que ele recusou, reiterando a mesma recusa quando o governo constitucional lhe fez igual oferecimento.

 

 

 

Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho Póvoas (1773-1852), «O General Póvoas» - Vela, Guarda
Heráldica e Genealogia

 

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume V, págs. 1034-1035.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral