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Valença (D. Afonso, [ 4.º ] conde de Ourém
e 1.º marquês de).
n. [
1402/3 ].
f. 29 de agosto de 1460.
Era filho primogénito do 1.º duque
de Bragança, D. Afonso filho de D. João I, e de sua mulher D.
Brites Pereira, condessa de Ourém, filha do condestável D. Nuno Álvares
Pereira.
Nasceu em Lisboa, faleceu em Tomar a
29 de agosto de 1460.
Depois de cultivar os estudos próprios
da sua hierarquia, tornou se distinto pelas suas virtudes morais e
políticas, pelas quais mereceu ser estimado dos príncipes do seu
tempo. Seu tio, o rei D. Duarte, resolvido a mandar um embaixador ao
Concílio de Basileia, que se tinha congregado para pacificar as
largas discórdias entre a Igreja Grega e a Latina, que depois foi
transferido por Eugénio IV para Ferrara, o nomeou a ele, confiando
na sua profunda capacidade, que felizmente desempenharia as obrigações
do seu cargo. Com outros companheiros e mais comitiva, saiu de
Lisboa a 21 de janeiro de 1435, e chegando a Bolonha a 24 de julho
do mesmo ano, foi recebido pelo papa com as manifestações de
paternal benevolência. Concluído o concilio, foi à Palestina
visitar os lugares santos, regressando depois a Lisboa Mais tarde,
também teve a incumbência de acompanhar D. Leonor, quando esta
infanta e sua prima foi desposar Frederico III, imperador da
Alemanha. Saiu de Lisboa a 20 de outubro de 1451, como general da
armada que a conduziu a Leorne. Desta cidade caminhou até Sena,
despertando todas as atenções pela numerosa e magnífica comitiva
que os acompanhava Chegando a Roma, procedeu à coroação dos dois
esposos o papa Nicolau V. Terminada a cerimónia, o imperador o
armou cavaleiro.
Em 1415 fundou a importante colegiada
de Ourém, consignando lho copiosas rendas para sustentação das
dignidades e cónegos, de que ela se compunha. Edificou também N.
Sr.ª das Misericórdias, de Ourém, sumptuoso templo e sede da
referida colegiada. D. Afonso V, por decreto de 11 de outubro de
1451, lhe fez doação da vila de Valença, com todos os seus termos
e limites, concedendo-lhe também o título de marquês de Valença,
sendo este o primeiro marquesado que houve em Portugal. O seu corpo
foi trasladado para Ourém, em 1487, sendo sepultado na capela
debaixo do coro da Igreja da colegiada, num soberbo mausoléu, em
que se gravou um longo epitáfio.
Dizem alguns antigos escritores, que
D. Afonso foi casado ocultamente com D. Brites de Sousa, filha de
Martim Afonso de Sousa, senhor de Mortágua, de cujo matrimónio
houve um filho, D. Afonso de Portugal, que pretendeu suceder na casa
de seu avô, o que se não pôde provar, mas o que não padece dúvida
é a existência desse filho, a quem, segundo a tradição, D. João
II obrigou a ser clérigo, ainda em curta idade, e foi bispo de Évora
do a 24 de abril de 1552. O marquês de Valença compôs: Itinerário
ao Concilio de Basileia no ano de 1435, que saiu impresso no
tomo V das Provas da Historia Genealógica da Casa Real Portuguesa,
por D. António Caetano de Sousa, pág. 573.
O brasão de armas é o antigo da
Casa de Bragança: uma aspa vermelha em campo de prata e sobre a
aspa cinco escudos das quinas do reino; são as mesmas de que usam
os duques de Cadaval.
D. Afonso, 4º Conde de Ourém Medievalista
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