Varela (Aires).

n.      
f.       8 de outubro de 1655.

Cónego magistral da sé de Elvas, escritor, etc. Não se sabe ao certo a sua naturalidade, mas julga-se que nascesse em Elvas; faleceu em 8 de outubro de 1655. Era filho de André Afonso e Francisca Varela 

Ficou órfão de pai, ainda muito criança, encarregando-se da sua educação um seu tio materno, o licenciado em teologia Aires Varela. Seguindo a vida eclesiástica, recebeu ordens de subdiácono em 18 de dezembro de 1605. O bispo de Elvas D. António de Matos de Noronha, reconhecendo o seu elevado merecimento, lhe deu os ofícios de inquiridor, contador e distribuidor do juízo eclesiástico, em cujos cargos o confirmou depois o cabido, sede vacante, em sessão de 18 de novembro de 1610. No tempo do bispo D. Lourenço de Távora, alcançou a mercê de ser provido numa das três escrevanias do auditório eclesiástico; e por lembrança do mesmo prelado, em 1623, estando vago o priorado de S. Pedro intra muros, desempenhou as funções paroquiais, até que em agosto de 1624 foi colocado na dita igreja o licenciado António Simões. Em 1626 era capelão da igreja de Nossa Senhora da Ajuda, da Ponte de Olivença, e acompanhou muitas vezes o bispo D. Sebastião de Matos de Noronha nas suas visitas pastorais Tanto o considerava este prelado que o nomeou secretario do sínodo, que celebrou com a máxima pompa na sua catedral em 8 de maio de 1633. Aires Varela, que além de seus ofícios era beneficiado nas três igrejas da Alcáçova de Elvas, de S. Pedro de Alenquer e de Santa Maria de Povos, foi então proposto e votado examinador sinodal. Em 1634 vagou a cadeira magistral do cabido da sé de Elvas pela desistência do licenciado Francisco de Faria. Conforme os estatutos da catedral, abriu-se o concurso por éditos, que foram fixados na porta da igreja da Sé, e nas universidades de Coimbra e de Évora Foi ele o escolhido para exercer aquele elevado cargo, de que tomou posse a 23 de fevereiro do 1635. Em 21 de maio de 1637 foi eleito vigário geral na sé de Elvas. Mais tarde, o bispo D. Manuel da Cunha, saindo da sua diocese para Lisboa, investiu o licenciado Aires Varela de três cargos da mais alta importância, constituindo-o governador, vigário geral e provisor do bispado. A Santa Sé concedeu-lhe o título de protonotário apostólico. Foi visitador do bispado nas igrejas intra muros da cidade de Elvas; juiz sinodal no sínodo que o bispo D. Manuel da Cunha celebrou no ano de 1652 no dia 15 de dezembro. 

As obras de Aires Varela, apesar de ficarem na maior parte inéditas, granjearam-lhe grande reputação. Dele fazem a mais honrosa memória Moreri e Nicolau António entre os estrangeiros; e dos portugueses D. Francisco Manuel de Melo, o padre João de Vasconcelos, António Carvalho da Costa, Diogo Barbosa Machado, frei Jerónimo Belém, D. António Caetano de Sousa, J. C. de Figaniere, Inocêncio Francisco da Silva, e outros. As obras que correm impressas são as seguintes: Sucessos que houve nas fronteiras de Elvas, Olivença, Campo Maior e Ouguela o primeiro ano da recuperação de Portugal, que começou no 1.º de dezembro de 1640, e fez fim no ultimo de novembro de 1641, Lisboa, 1642; foi reimpressa em Eivas no ano de 1901; Sucessos que houve nas fronteiras de Elvas, Olivença, Campo Maior e Ouguela o segundo ano da recuperação de Portugal, que começou no 1.º de dezembro de 1641 e fez fim no ultimo de novembro de 1642, Lisboa. 1643; com algumas estampas, que representam a planta das praças tomadas ao inimigo. As obras manuscritas, que se consideram perdidas, constam serem as seguintes: Sucessos, etc., no terceiro ano da recuperação de Portugal, que começou em 1.º de dezembro de 1642 e fez fim em o último de novembro de 1643; o original estava no cartório da Casa de Bragança, e foi devorado pelo incêndio que sucedeu ao terremoto do 1.º de novembro de 1755; Genealogia de todas as Famílias do Bispado de Eivas; Teatro das Antiguidades de Elvas com a história da mesma cidade e descrição das terras da sua comarca; a esta obra se refere D. Francisco Manuel nas suas Cartas Familiares, publicadas em Roma em 1664.