CRONOLOGIA DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA NA
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.

O CORPO EXPEDICIONÁRIO PORTUGUÊS,  DE 1916 A 1919

Soldados nas trincheiras
Soldados nas trincheiras


1916

 

9 de Março A Alemanha declara a guerra a Portugal.
15 de Março Constituí-se o chamado governo de «União Sagrada», em que Afonso Costa cede o seu lugar de presidente do governo e cede o seu lugar a António José de Almeida.
25 de Março O ministro da Guerra, general Norton de Matos, publica uma Ordem do Exército, esclarecendo a situação de guerra.
28 de Março Todas as publicações, periódicas ou não, são obrigados à censura prévia enquanto durar a guerra.
20 de Abril É decidida a censura à correspondência enviada para países estrangeiros e para as colónias, e da recebida destas.
9 de Junho Afonso Costa, ministro das finanças, e Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, partem para Paris para participar na Conferência Económica dos Aliados. Nessa reunião considera-se como condição preliminar e sine qua non de paz a restituição dos territórios indevidamente ocupados pela Alemanha: Alsácia e Lorena à França, em 1871, e Quionga, Moçambique, em 1894, a Portugal.
15 de Junho O governo britânico convida formalmente Portugal a tomar parte activa nas operações militares dos aliados.
1 de Julho O exército britânica ataca no Somme, para tentar diminuir a intensidade do ataque alemão a Verdun, defendida pelo exército francês, que tinha começado em 21 de Fevereiro. 
22 de Julho É constituído, em Tancos, sob o comando do general Norton de Matos, o Corpo Expedicionário Português (CEP), formado por 30 mil homens.
7 de Agosto O Parlamento português aceita a participação de Portugal na Guerra de acordo com o convite formal do governo britânico de 15 de Junho.
31 de Agosto É votada a pena de morte em situação de guerra.
Dezembro O chefe do Estado-maior do CEP, major Roberto Baptista, parte para França, acompanhado de outros oficiais do Estado-maior para preparar a recepção das tropas portuguesas.
13 de Dezembro Machado Santos faz, em Tomar, uma tentativa revolucionária, malograda
26 de Dezembro O governo francês manifesta ao governo português o desejo, de que fosse enviado para França  pessoal de artilharia necessário para guarnecer 20 a 30 baterias de artilharia pesada francesa.

 

1917

3 de Janeiro Convenção com a Grã-bretanha para regulamentação da nossa participação na frente europeia. O CEP ficará subordinado ao BEF (British Expeditionary Force).
7 de Janeiro O governo francês dá o seu acordo à proposta portuguesa que, em resposta ao seu pedido de 26 de Dezembro, propõe disponibilizar pessoal de artilharia necessário para 25 baterias de artilharia pesada, sob um Comando Superior Português. Tem assim origem o Corpo de Artilharia Independente (CAPI).
17 de Janeiro O CEP é mandado organizar, como uma Divisão de Infantaria reforçada.
30 de Janeiro A 1.ª Brigada do CEP, do comando do general Gomes da Costa sai do Tejo a bordo de três vapores britânicos.
2 de Fevereiro As primeiras tropas portuguesas chegam a Brest, porto na Bretanha, onde desembarcam.
8 de Fevereiro As tropas portuguesas chegam à zona de Thérouane, na Flandres francesa, que será o local de concentração da divisão do CEP.
12 de Fevereiro O general Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do CEP, propõe a elevação da Divisão a Corpo de Exército.
20 de Fevereiro A proposta do general Tamagnini de reorganizar o CEP enquanto Corpo de Exército é aceite.
23 de Fevereiro Parte para França o segundo contingente do CEP
4 de Abril As primeiras tropas portuguesas entram nas trincheiras. É morto o primeiro soldado português em combate, António Gonçalves Curado.
6 de Abril A Escola de Morteiros de Trincheira do CEP é organizada.
Os Estados Unidos da América declaram a guerra à Alemanha.
20 de Abril O CEP, a concentrar-se no Norte de França, é reorganizado enquanto Corpo de Exército.
25 de Abril Constituição do terceiro governo presidido por Afonso Costa, devido ao fim do ministério da União Sagrada.
7 de Maio A Escola de Gás do CEP, em Mametz, começa a funcionar.
17 de Maio É assinada a «Convenção militar para o emprego das forças portuguesas de artilharia pesada na linha francesa de operações em França». O CAPI será organizado com pessoal de 10 baterias, sob o comando do coronel João Clímaco Pereira Homem Teles.
19, 20 e 21 de Maio Greves, motins e assaltos a mercearias e armazéns de Lisboa e arredores, assim como no Porto. No Porto as vítimas ascenderam a vinte e duas.
21 de Maio O general Norton de Matos, ministro da Guerra, chega a Londres, para regular com o governo britânico a disponibilização de navios para transporte dos reforços militares para o CEP.
30 de Maio A 1.ª brigada de infantaria, da 1.ª divisão do CEP, ocupa um sector na frente de batalha.
4 de Junho Primeiro ataque alemão ao sector defendido pela 1.ª brigada portuguesa.
16 de Junho A 2.ª brigada de infantaria ocupa o seu sector na frente de batalha.
7 de Julho Os comandantes portugueses do CEP encontram-se com o rei Jorge V de Inglaterra, em Fauquembergues.
10 de Julho A 1.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na linha da frente. Estará subordinada ao XI Corpo de Exército britânico comandado pelo general Haking.
A 3.ª brigada de infantaria ocupa um sector da frente de batalha.
12 de Julho Devido às greves constantes é declarado o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes.
31 de Julho Terceira batalha de Ypres. O 2.º Exército britânico começa uma ofensiva na zona de Ypres, na Flandres belga, a norte do sector português da frente. A cidade de Passchendaele será tomada por forças canadianas em Novembro. O objectivo de conquistar a zona costeira da Bélgica, de maneira a diminuir a intensidade da guerra submarina alemã, não é atingido.
10 de Setembro É estabelecida a censura militar aos filmes que façam alusão à guerra.
14 de Setembro O alferes miliciano Gomes Teixeira, à frente do seu pelotão, realiza o aprisionamento de quatro soldados alemães; o primeiro realizado por tropas portuguesas na frente ocidental.
23 de Setembro A 4.ª brigada de infantaria (a «Brigada do Minho»), parte da 2.ª divisão, entra em sector na linha da frente.
11 de Outubro Bernardino Machado, presidente da República, chega à zona de concentração do CEP em visita às tropas na frente. É acompanhado de Afonso Costa, presidente do Conselho e ministro das Finanças, e de Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros. A estadia irá prolongar-se até 15 de Outubro.
13 de Outubro Cerimónia de entrega das primeiras Cruzes de Guerra ao CEP. Serão condecorados 10 oficiais, 8 sargentos e 27 cabos e soldados.
17 de Outubro O primeiro contingente do CAPI, que representa o apoio directo de Portugal ao esforço de guerra francês, chega à sua zona de concentração em França. Passará a ser designado por «Corps d'Artillerie Lourde Portugais» (CALP).
21 de Outubro Eleições complementares em Lisboa. Participam somente 15% dos eleitores.
25 de Outubro O presidente da República, Bernardino Machado, chega a Lisboa, após a sua visita às tropas portuguesas em França.
28 de Outubro O último dos navios de transporte britânicos, dos sete iniciais, é retirado do  serviço do CEP. Os quadros do corpo expedicionário não serão completados, e no futuro não serão substituídos.
1 de Novembro O Grupo de Esquadrões de Cavalaria do CEP é extinto, sendo convertido em Grupo de Companhias Ciclistas.
5 de Novembro O Comando do CEP assume a responsabilidade da defesa do Sector Português na frente. Estava subordinado ao 1.º Exército britânico, comandado pelo general Horne.
7 de Novembro Revolução Bolchevique de «Outubro».
20 de Novembro O 3.º exército britânico ataca em direcção a Cambrai, a sul do sector português da frente. Os tanques britânicos (480 ao todo) são usados pela primeira vez em grupos compactos,
26 de Novembro A 2.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na frente.
5 de Dezembro Sidónio Pais, embaixador de Portugal em Berlim de 1912 a 1916, na altura professor da escola de Guerra (Academia Militar), e major, chefia uma revolução que o levará ao poder três dias depois. O movimento e a situação política que criou será conhecido pelo «Dezembrismo».
Armísiticio Russo-Alemão de Brest-Litovsk.
9 de Dezembro O Congresso (Parlamento) é dissolvido.
12 de Dezembro O Presidente da República,  Bernardino Machado, é destituído.

 

1918

 

6 de Janeiro Tentativa de acção contra-revolucionária levada a cabo por marinheiros da Armada.
15 de Janeiro O segundo contingente do CAPI desembarca em França. O comando do corpo é entregue ao tenente-coronel Tristão da Câmara Pestana.
3 de Março Assinatura do tratado de Brest-Litovsk entre a Alemanha e a Rússia soviética. A Rússia abandona a guerra.
11 de Março O sufrágio universal é instituído, pela primeira vez, em Portugal.
16 de Março A 1.ª bateria do 1.º grupo de artilharia do CAPI entra em acção.
19 de Março É decidido a transferência do CAPI  para o CEP. A transferência não se efectuará devido à ofensiva alemã de 21 de Março.
21 de Março Começo da ofensiva alemã na Frente Ocidental, conhecida por «Kaiserschlacht». .
22 de Março Decreto que decide a rendição do pessoal em serviço no CEP.
27 de Março O CEP deveria ter começado a ser rendido. A ofensiva alemã no Somme impede a rendição.
6 de Abril É aprovada a reorganização do CEP. A 2.ª divisão, reforçada, tomaria conta do sector português. O CEP deixaria de existir. A 1.ª divisão deveria ser enviada para reserva, e a 2.ª divisão ficaria subordinada ao 11.º corpo de Exército britânico, sob as ordens do general britânico Hacking. A visita deste às tropas portuguesas decidiu-o a também retirar a 2.ª divisão da linha da frente. A ordem deveria ser posta em prática no dia 9 de Abril.
9 de Abril A batalha do Lys começa, com uma prolongada barragem de artilharia alemã. A 2.ª divisão do CEP é destruída no decurso da batalha.
10 de Abril O antigo CAPI dirige-se para o porto francês do Havre, para embarcar para a Grã-Bretanha, para receber instrução. Três baterias ficam à disposição do exército francês.
13 de Abril A 1.ª e 2.ª brigadas de infantaria retiram para a nova linha de defesa em construção entre Lilliers e Stennberg.
28 de Abril Eleições presidenciais, por modo directo, sendo Sidónio Pais o único candidato, e legislativas.
27 de Maio Ataque alemão ao sector francês da frente, em frente de Paris. 
6 de Junho A 6.ª divisão americana contra ataca o exército alemão. É a primeira intervenção de uma unidade americana na frente ocidental.
Julho O general Tomás António Garcia Rosado é nomeado comandante do CEP, em substituição do general Tamagnini.
4 de Julho A 1.ª Divisão do CEP passa a estar subordinada ao 5.º Exército britânico, comandado pelo general Birdwood.
15 de Julho «Ofensiva da Paz». O exército alemão ataca em direcção a Paris.
18 de Julho Segunda Batalha do Marne. O exército alemão recua em frente de Paris.
8 de Agosto Os exércitos aliados retomam a ofensiva. O 4.º exército britânico ataca o sector alemão em frente de Amiens. Segundo o general Ludendorff é «o dia mais negro do exército alemão».
25 de Agosto O general Garcia Rosado assume o comando do CEP, em França.
8 de Setembro Começo da distribuição de senhas de racionamento e de cartas de consumo.
29 de Setembro A Bulgária assina um armistício e abandona a Guerra.
12 e 13 de Outubro Tentativa revolucionária em diversas localidades do país. É declarado o estado de emergência pelo governo, que consegue controlar a situação.
14 de Outubro O caça-minas Augusto de Castilho, comandando pelo comandante Carvalho Araújo é torpedeado por um submarino alemão.
A Turquia, derrotada na Mesopotâmia (actual Iraque) e na Palestina, abandona a guerra.
16 de Outubro «A Leva da Morte». O transporte de um grupo de presos, em Lisboa, provoca um tiroteio que leva à morte de algumas pessoas.
29 de Outubro A República da Checoslováquia é proclamada em Praga. A Húngria proclama a sua separação do Império.
3 de Novembro É declarado o cessar-fogo com as forças armadas austro-húngaras.
9 de Novembro Guilherme II, Imperador alemão, abdica.
11 de Novembro O Armistício proposto pelos aliados é aceite pela Alemanha..
12 de Novembro Tentativa de Greve Geral convocada pela União Operária Nacional.
3 de Dezembro As Câmaras do Congresso reúnem-se para comemorar a assinatura do Armísticio. Cunha Leal, na Câmara dos Deputados, e Machado dos Santos, no Senado, criticam a política do Sidonismo em relação à participação de Portugal na guerra.
9 de Dezembro Parte para Cherburgo, porto de embarque, o primeiro contingente de tropas do CEP que regressam a Portugal.
14 de Dezembro Sidónio Pais é assassinado em Lisboa, na Estação do Rossio, baleado por um sargento do exército.
16 de Dezembro Canto e Castro é eleito presidente da República, pelas duas câmaras do Congresso.

 

1919

 

3 de Janeiro Manifesto da Junta Militar do Norte, do Porto, que se assume como representante do sidonismo.
12 de Janeiro Movimento revolucionário, de cariz republicano, em Santarém que leva a confrontos com o exército durante alguns dias.
18 de Janeiro Inicia-se a Conferência de Paz, em Versalhes, França. A delegação portuguesa é chefiada por Egas Moniz.
19 de Janeiro A Monarquia é proclamada em Lisboa e no Porto. Organiza-se uma Junta Governativa do Reino dirigida por Paiva Couceiro, que declara o estado de sítio em todo o território continental. O movimento ficará conhecido por «Monarquia do Norte».
20 de Janeiro Manifestações em Lisboa de apoio à República. Organização de Batalhões de Voluntários para combaterem a insurreição monárquica do Norte.
24 de Janeiro A revolta monárquica é subjugada em Lisboa.
13 de Fevereiro Após combates no litoral centro as tropas governamentais entram no Porto. A «Monarquia do Norte» é derrotada, terminando a Guerra Civil. 
1 de Março Os analfabetos são proibidos, novamente, de participar nas eleições. A reposição desta restrição ao sufrágio, era uma reivindicação dos republicanos históricos.
17 de Março Afonso Costa substitui Egaz Moniz à frente da delegação portuguesa à Conferência de Paz.
30 de Março Tomada de posse do governo chefiado por Domingos Pereira, do Partido Democrático. É o regresso da «República Velha».
26 de Abril O general Alves Roçadas, antigo comandante da 2.ª Divisão, assume o comando do CEP.
11 de Maio Eleições legislativas. O Partido Democrático ganha as eleições.
16 a 18 de Junho Greve Geral promovida pela União Operária Nacional.
28 de Junho É assinado em Versalhes o Tratado de Paz que põe fim à Primeira Guerra Mundial. Quionga, reocupada em Abril de 1916, é formalmente restituída a Portugal.
14 de Julho Um contingente português, constituído por 400 homens de Infantaria, desfila passando sob o Arco do Triunfo, participando na Festa da Vitória, em Paris.

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Fontes principais:

Nuno Severiano Teixeira, O Poder e a Guerra, 1914 -1918. Objectivos Nacionais e Estratégias Políticas na Entrada de Portugal na Grande Guerra, Lisboa, Estampa («Histórias de Portugal, 25»), 1996;
Conde Falcão, Imagens da I Guerra Mundial, Lisboa, Estado Maior do Exército, 1998;
António Simões Rodrigues (coord.), História de Portugal em Datas, 3.ª ed., Lisboa, Temas & Debates, 2000 (1.ª ed., 1997);
General Ferreira Martins, História do Exército Português, Lisboa, Inquérito, 1945.

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