Discurso de Charles De Gaulle
Discurso proferido na Câmara Municipal de Montreal em 24 de julho de 1967 .
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De Gaulle estava oficialmente de visita a
Montreal devido à realização da Exposição Universal de 1967. Tendo
viajado de barco, desembarcou na cidade do Quebeque, capital da
província francófona, não entrando no Canadá pela capital do país, Ottawa,
para o que teria de viajar de avião. De Gaulle foi recebido
apoteoticamente em Montreal onde proferiu o controverso discurso,
apoiando explicitamente a politica autonomista do governo do Quebeque, e
mesmo as intenções segregacionistas de franjas radicais da população
de língua francesa.
O governo federal do Canadá esperava que a viagem fosse controversa. O governo canadiano tinha apoiado a posição dos Estados Unidos durante a crise do Suez em finais de 1956. Devido a essa posição, a França, dirigida por De Gaulle a partir de 1958, tinha-se retirado da estrutura militar da OTAN no ano anterior, 1966, e não tinha enviado nenhum representante oficial ao funeral do governador-geral do Canadá, Georges Vanier, de quem De Gaulle era amigo desde o seu exílio londrino durante a Segunda Guerra Mundial, exéquias que se tinham realizado no início de 1967. A sua posição foi considerada ambígua por, entre outros, Pierre Trudeau, o futuro primeiro-ministro canadiano, já que a França durante a administração gaulista combateu ferozmente a luta autonómica na Bretanha. |
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«[A França] concluiu com o Governo do Quebeque acordos ... para que os franceses de ambos os lados do Atlântico trabalhem conjuntamente na mesma obra francesa.»
É
uma grande emoção, que enche o meu coração, ver diante de mim a cidade
francesa de Montreal. Em nome do país de origem, em nome da França, saúdo-vos
de todo o meu coração. Vou-vos contar um segredo que não repetireis.
Aqui, nesta noite, e ao longo de toda a minha viagem, estive numa
atmosfera parecida com a da Libertação. Além disso, percebi o tremendo
esforço de progresso, de desenvolvimento e, portanto, de emancipação
que vocês realizam aqui, e é em Montreal que o devo dizer, porque se há
no mundo uma cidade exemplar pelos seus sucessos atuais, é a vossa. Digo
que é a vossa, e permito-me acrescentar, que é o nosso. Se
soubessem a confiança que a França, acordada depois de imensas
dificuldades, tem em vocês, se soubessem como ela começa a sentir
novamente afeição pelos franceses do Canadá e se soubessem como ela se
sente obrigada a contribuir para a vossa caminhada em frente, para o vosso
progresso! É por isso que concluiu com o Governo do Quebeque, com o meu
amigo Johnson, acordos, para que os franceses de ambos os lados do Atlântico
trabalhem conjuntamente na mesma obra francesa. E, além disso, a assistência
que a França, diariamente um pouco maior, aqui efetua, sabe que vocês a
irão restituir, porque vocês estão a construir elites, fábricas,
empresas, laboratórios, que irão surpreender todos e que, um dia, tenho
a certeza, vos permitirão ajudar a França. Foi
isto que vos vim aqui dizer esta noite, acrescentando que levo desta reunião
extraordinária em Montreal uma recordação inesquecível. Toda a França
sabe, vê, ouve, o que acontece aqui e posso dizer-vos que ela quererá
mais. Viva
Montreal! Viva o Quebeque! Vive
o Quebeque livre!
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Fonte: "Discours du Général au balcon de l'Hôtel de Ville de Montréal - Juillet 1967" in Charles-de-Gaulle.org. Espaço da Fondation Charles de Gaulle
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