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O Portal da História Dicionário > Nuno Freire de Andrade, 1.º conde de Camarido

Camarido (Nuno Freire de Andrade e Castro de Sousa Falcão de Figueiredo, 1.º conde de).

 

n.        1 de maio de 1765.
f.         9 de abril de 1845.

 

Moço fidalgo com exercício na Casa Real, segundo senhor da vila das Galveias, em verificação de vida concedida por decreto de 13 de maio de 1796, marechal de campo, etc.

Nasceu a 1 de maio de 1765, faleceu a 9 de abril de 1845. Era filho de Fernando Martins Freire de Andrade e Castro, moço fidalgo com exercício na Casa Real, senhor dos morgados da Ribeira do Sado e do Bom Despacho, e de sua segunda mulher, D. Joana Isabel de Lencastre Forjaz.

Destinando-se à carreira das armas assentou praça a 4 de janeiro de 1783, e em 1787 foi despachado alferes, em 1790 promovido a tenente, e em 1791 a capitão. Partiu em 1793 para a Catalunha com o regimento de Peniche, a que pertencia, sendo-lhe poucos dias antes do embarque conferida a graduação de sargento-mor. Assistiu às campanhas do Rossilhão e Catalunha, em 1793 e 1794, tanto às ordens do general em chefe de divisão portuguesa; como no comando do Regimento de Infantaria de Monção, sendo classificado pelo referido general em chefe como um dos oficiais mais distintos da citada divisão. Durante a campanha obteve a efectividade do posto de sargento-mor, e depois do regresso da expedição foi nomeado tenente-coronel a 17 de dezembro de 1795; em 1797 subiu ao posto de coronel, recebendo o comando do regimento de Valença, que em 1806 passou a ser o n.º 21. Em 29 de setembro de 1807 foi elevado a brigadeiro comandante do regimento n.º 11. Estava nesta situação quando se deu a invasão dos franceses comandadas por Junot. Durante a defesa do reino distinguiu-se como valente militar. Em princípios de janeiro de 1809 foi nomeado marechal de campo, ficando encarregado particularmente de vigiar a província da Beira, e de defender os pontos estratégicos de Coimbra e Ponte da Murcela.

Estava em Coimbra, quando os soldados do general Soult invadiram o nosso território. Sabendo pouco depois do traiçoeiro assassinato de seu irmão Bernardino Freire de Andrade em Braga, a 17 de Março do referido ano de 1809 (V. Andrade, Bernardino Freire de), e sendo ao mesmo tempo exonerado da comissão que exercia, e nela substituído por um oficial inglês, desgostou-se com todos estes sucessos, e pediu e obteve dos governadores do reino a demissão por decreto de 7 de abril, retirando-se a viver com a sua família, afastado inteiramente da vida pública. Por morte de Bernardino Freire de Andrade, seu irmão primogénito, sucedeu-lhe na casa. Em 1822, D. João IV agraciou-o com o título de conde de Camarido, e em 1826 foi nomeado veador da infanta D. Isabel Maria, a quem acompanhou sempre, estando com essa senhora em Elvas, donde regressou a Lisboa em maio de 1831. Como o decreto não foi publicado, e só em 1810 lhe passaram no Rio de Janeiro a patente de marechal de campo, pretendeu, que lhe fizessem valido este posto para se reformar em tenente general, mas não chegou nunca a ter solução favorável aos seus pedidos. O conde de Camarido era também irmão de Gomes Freire de Andrade, principal deão da Igreja Patriarcal (V. Andrade, Gomes Freire).

Casou a 6 de junho de 1802, com D. Maria Isabel Correia de Melo e Brito de Alvim Pinto, dama camarista da rainha D. Carlota Joaquina, filha e herdeira de José Correia de Melo e Brito de Alvim e Pinto, moço fidalgo, com exercício, acrescentado a fidalgo escudeiro por alvará de 20 de novembro de 1765, senhor dos morgados de Sinde e Carreira, e de sua mulher, D. Maria Rita Leitão de Sousa Nápoles de Meneses. Deste matrimónio nasceram seis filhos; José António Freire de Andrade e Castro, que foi oficial-mor da Casa Real, por carta de 20 de dezembro de 1827, moço fidalgo com exercício no Paço, por alvará de 14 de novembro de 1821, comendador das Galveias na Ordem militar de S. Bento de Avis, o qual nasceu a 9 de março de 1809, e faleceu a 7 de fevereiro de 1848. Casara em 20 de Agosto de 1834 com sua prima D. Antónia Augusta Freire de Andrade e Castro, filha dos 3.os condes de Bobadela, Gomes Freire de Andrade e D. Ana Joaquina Maria do Resgate Miranda Henriques. Deste enlace houve apenas uma filha, D. Maria Isabel Freire de Andrade e Castro, que foi herdeira da casa de Camarido, por sucessão a seu pai, e da de Bobadela, por suceder a seu avô materno, falecido em 1831. D. Joana Isabel, nascida a 19 de janeiro de 1808, faleceu no estado de solteira em Março de 1853. O 3.º filho foi Bernardim Freire de Andrade, moço fidalgo com exercício na Casa Real, comendador de Terena, na Ordem de S. Bento de Avis, alferes do Regimento de Cavalaria n.º 10. Nasceu a 3 de fevereiro de 1810, e faleceu a 21 de junho de 1867. Casou a 30 de outubro de 1853 com sua sobrinha D. Maria Isabel, filha de seu irmão José António Freire de Andrade. Os outros três filhos do conde de Camarido foram Fernando Nunes, que faleceu em 1827, tendo. apenas quinze anos, e sendo aspirante de marinha; D. Maria Rita, que casou com seu primo, D. José Maria de Carvajal e Vasconcelos, que faleceu em 1872; Nuno Freire de Andrade e Castro, fidalgo da Casa Real, que nasceu a 6 de abril de 1823, falecido em Lisboa, em estado de solteiro, a 16 de novembro de 1881, vitima dum desastre. Era conhecido pelo morgado das Picoas.

O título de conde de Camarido foi concedido em duas vidas, por decreto de 16 de julho, e carta de 10 de agosto de 1822. A segunda vida, porém, nunca foi verificada, porque nenhum dos três irmãos, José, primogénito, Bernardim, falecido sem sucessão, nem Nuno Freire, o ultimo que sobreviveu, também sem deixar descendência, se quiseram aproveitar daquela mercê, ficando assim o título extinto. Estes fidalgos estão hoje representados pela senhora condessa de Camarido, D. Maria Isabel Freire de Andrade e Castro.

O brasão era o seguinte: um escudo com as armas dos Freires, em campo verde, uma banda vermelha coticada de ouro, saindo das bocas de duas serpes do mesmo metal, armadas de sanguinho; timbre, dois pescoços de serpes de ouro, torcidos um com o outro, voltados em fugida, armados de sanguinho.

 

 

 

Genealogia de Nuno Freire de Andrade
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs. 646-647

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
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