Portugal - Dicionário

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Melo (Francisco de).

 

n.      1490.
f.       27 de abril de 1536.

 

Clérigo secular, do conselho do rei D. João Ill. etc. 

Nasceu em Lisboa em 1490. faleceu em Évora em 27 de abril de 1536. Era filho de Manuel de Melo, alcaide-mor de Olivença, reposteiro-mor de D. João II e capitão de Tânger, e de sua mulher D. Brites da Silva. 

Tendo manifestado desde criança notável inteligência, o rei D. Manuel o mandou estudar na Universidade de Paris, que para isso o subsidiou, continuando a mandar-lhe pagar pela feitoria de Flandres a sua moradia na importância de 38.160 réis anuais, desde 1514 até 1520. Cursou as aulas de matemática e de filosofia com Pedro Brison, e depois de se formar nestas duas faculdades recebendo o grau de mestre em artes, também se licenciou em teologia. Tomando as ordens de presbítero regressou a Portugal, e D. João III o nomeou membro do seu conselho e mestre de matemática dos infantes, nomeando-o também capelão do paço. Esteve em Évora ensinando o infante D. Henrique, e aí hospedou em sua casa o sábio flamengo Nicolau CIenardo, que veio a ser lente da Universidade de Coimbra e também mestre do mesmo infante. Além de grande matemático, era homem de grande reputação pela sua eloquência tanto em português como em latim, e foi encarregado por D. João III de fazer as orações de abertura em diferentes cortes. 

Mas foi sobretudo como físico e matemático que mais se assinalou. Não deixou, porém, obra alguma impressa acerca destas ciências, mas deixou em manuscrito um comentário em latim sobre o Tratado de óptica e perspectiva, atribuído a Euclides, e outro também em latim, sobre a Hidrostática de Arquimedes, e uns Elementos de geometria necessários à astronomia. Gil Vicente, numa das suas comédias, cita-o como um dos grandes sábios do seu tempo. Acerca da vida e escritos de D. Francisco, de Melo, coordenou António Ribeiro dos Santos uma Memória, que vem nas Memórias de Literatura da Academia Real das Ciências, tomo V, pág. 237 a 249. Nesta Memória se dá ampla e minuciosa descrição dum precioso códice manuscrito, que compreende vários tratados matemáticos de D. Francisco de Melo, em latim, o qual existe na Biblioteca Nacional de Lisboa. O padre José Caetano de Almeida, bibliotecário de D. João V, diz que possuíra em tempo um volume manuscrito, no qual se encontravam coligidas as orações que D. Francisco de Melo fizera nas diferentes cortes, uma tradução de Cícero com um prólogo seu, umas proposições que fez por ordem do cardeal D. Afonso para apresentar no Sínodo de Évora. Este volume ficou, como muitos outros, reduzido a cinzas no incêndio que se seguiu ao terramoto de 1755, restando unicamente o índice do que nele se continha. Há dele impressa uma fala que fez nas cortes de Torres Novas em 1525. D. Francisco de Melo foi sepultado na igreja do convento de S. João Evangelista, de Évora.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, pág. 971
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Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral