Portugal - Dicionário

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Real de Água.

 

 

Imposto de consumo sobre a carne, bebidas alcoólicas e fermentadas, arroz descascado, vinagre e azeite de oliveira expostos à venda. Este imposto primitivamente foi lançado exclusivamente sobre o vinho, e depois sobre a carne, vinho, etc., e, sendo este tributo de um real por cada canada, arrátel ou outra unidade, com destino ao arranjo de canos, fontes, aquedutos, para abastecimento de agua das povoações, se ficou chamando real de água.

Em Lisboa era também aplicado à limpeza e concerto das calçadas, com um adicional, que se denominava realete da limpeza ou simplesmente realete. BIuteau, no seu Vocabulário, diz que se deu a denominação do real de água ao tributo que os moradores de Elvas pagaram para a construção do aqueduto com que abasteceram de agua aquela cidade, generalizando-se depois semelhante denominação ao imposto sobre carne, peixe e vinho, a que em ocasiões de aperto se recorreu em outras terras do país. Segundo Freire de Oliveira, nos seus Elementos para a historia do município de Lisboa, vol. I, a pag. 178 e seguintes, nesta cidade o real de água teve origem com a segunda dinastia. Foi no reinado do mestre de Avis que a câmara em conselho com os homens bons da cidade, por consentimento dos munícipes, e com autorização daquele monarca, impôs este tributo no vinho para fazer casas na Vila Nova (local que hoje corresponde ao lugar onde está edificada a igreja da Conceição Velha), e para suprimir outros impostos vexatórios, como a anadúva para aquela obra. O realete da limpeza data do século 18, em que foi concedido à câmara por resolução de 10 de julho de 1702. Para a construção do monumental aqueduto das Águas Livres decretou D. João V um novo imposto especial que se confundiu com o real de água, e que como este tributava o vinho, a carne e o azeite. V. Águas Livres. Pôde, pois, afirmar-se que o real de água foi criado por el-rei D. Manuel I em 1498 a pedido dos povos de Elvas, para o concerto dum poço que abastecia de água aquela praça; depois prolongou-se à construção do grande aqueduto da Amoreira, e mais tarde foi ampliado em todo o país em favor do Estado. Por causa deste imposto houve grandes tumultos em Vila Viçosa em 1638.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, pág. 105.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral