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Estátua de António Ribeiro Chiado
Estátua de António Ribeiro Chiado

Ribeiro Chiado (António).

 

n.      [ 1520? ].
f.       1591.

 

Poeta jocoso que viveu no século 16. 

Era conhecido pelo Chiado, por ter morado muitos anos em Lisboa, na rua assim chamada já naquele século, nome que se conservou até meados do século 19, em que foi mudado para o de rua Garrett. Nasceu num humilde arrabalde de Évora, e faleceu no ano de 1591. Quis professar na Ordem de S. Francisco, mas não se lhe dando por válida a profissão, passou o resto da vida como celibatário, vestido sempre com hábito clerical. Apesar de não ser muito douto, tinha verdadeiro talento e bastante conhecimento das boas letras. Improvisava versos com a maior facilidade, mais pelo impulso da natureza, que de arte, sendo os seus versos muito jocosos e joviais, provocando festivos aplausos a quem os escutava. Também imitava com muita propriedade e galanteria as vozes e os gestos de diversas pessoas conhecidas. Todos estes predicados lhe alcançaram a estima geral e a maior popularidade. 

Escreveu dois autos, que se imprimiram depois da sua morte, e em que seguia os modelos de Gil Vicente. São os seguintes: Auto de Gonçalo Chambão, Lisboa, 1613, 1615 e 1630; parece que anteriormente houve outras edições, ainda em vida do autor; Auto da natural invenção, que, segundo diz Barbosa Machado, foi representado na presença de D. João III, e se imprimiu, mas não declara quando, nem onde. Escreveu também umas obras religiosas, provando assim a sua afeição ao hábito franciscano que vestia, apesar de não ter podido ser frade. São elas as seguintes: Filomena dos louvores dos Santos com outros cantos devotos, Lisboa, 1585; consta de vários géneros de versos; Letreiros sentenciosos, os quais se acharam em certas sepulturas de Espanha feitos em trovas, Lisboa, 1602. Destes Letreiros, diz Farinha, que vira outra edição mais «antiga, feita em letra quadrada», e sem ano nem lugar de impressão, a qual estava na livraria real; diz mais, que nesta edição, além dos letreiros, vinham outras peças, o que tudo ele reimprimiu, publicando uma colecção cujo título é: Letreiros muito sentenciosos, os quais se acharam em certas sepulturas de Espanha, feitos por António Chiado em trovas, as quais sepulturas ele viu. E uma regra espiritual que ele fez ao Geral de S. Francisco, e assim uma petição que o mesmo Chiado fez ao Comissário, e a reposta do Geral, feita por Afonso Alvares, Lisboa, 1783. Na livraria de D. Francisco Manuel de Melo, que passou para a Biblioteca Nacional de Lisboa, existiam num livro de miscelâneas, os três seguintes autos: Pratica Doyto feguras; Auto das Regateiras; Pratica dos compadres. António Ribeiro Chiado deixou muitos manuscritos, cujos títulos vêm mencionados na Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado, vol. I, pág. 373.

 

 

 

 

Chiado  (1925)
Lisboa Património Cultural

Obras digitalizadas de Chiado, António Ribeiro
BNP - Biblioteca Nacional Digital

 

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, pág. 281.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral