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Rafael Bordalo Pinheiro
Rafael Bordalo Pinheiro

Bordalo Pinheiro (Rafael).

 

n.      [ 21 de Março de ] 1846.
f.       [ 23 de Janeiro de 1905 ].

 

Pintor, caricaturista a escultor contemporâneo.

Nasceu em 1846; é filho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro. (V. este nome.)

Começou o estudo do desenho com seu pai, e depois de ter pintado quadros que chamaram a atenção sobre o artista, trocou o pincel pelo lápis, tornando-se um dos mais espirituosos e delicados caricaturistas, rivalizando com a maior parte dos estrangeiros, se os não excede sob muitos pontos de vista. O seu primeiro grande sucesso foi com a Lanterna magica, a que pertenciam Guerra Junqueiro, Guilherme de Azevedo e Lino de Andrade. Em 1871 publicou um álbum de caricaturas de homens notáveis, com o título de Calcanhar de Aquiles. Criou em seguida, ainda neste ano, o Binoculo, que foi o primeiro jornal que se vendeu dentro dos teatros, e de que saíram apenas quatro números. Ainda em 1871 apareceu o Mapa de Portugal, de que se venderam 4.000 exemplares em um mês. Publicou em 1870 a Berlinda, álbum humorístico ao correr da pena. Oferecendo-se-lhe do Rio de Janeiro a direcção do jornal O mosquito, aceitou o encargo, e partiu para o Brasil, onde mais tarde fundou outro jornal humorístico, O besouro. Regressando a Lisboa criou o António Maria, que obteve grande sucesso artístico, seguindo-se Os pontos nos ii, jornal que alcançou também importante aceitação. Ultimamente, a sua verve inesgotável de caricaturista tem embelezado as páginas do jocoso semanário A parodia.

Na exposição de Paris de 1889 foi Bordalo Pinheiro quem dirigiu a construção do pavilhão português agrupando ali os nossos produtos com mão de mestre, expondo as suas lindíssimas faianças das Caldas da Rainha, conseguindo tornar-se admirado naquele grande centro. Os mais conhecidos decoradores, pintores a aguarelistas franceses lhe foram apresentados, os jornais teceram-lhe elogios. Bordalo Pinheiro fundou nas Caldas da Rainha uma fábrica de louça, em que a sua individualidade artística ainda mais se tem evidenciado. Acerca da fundação desta fábrica publicou o sr. Ramalho Ortigão um artigo no Ocidente de 1886, vol. IX, a pág. 58. A industria da bem conhecida louça das Caldas estava em grande decadência, e foi Bordalo Pinheiro quem lhe deu novo relevo, aperfeiçoando-a notavelmente com o seu génio imaginoso e artístico, conseguindo fazer obras de arte de grande valor. Na louça nova das Caldas todos os motivos decorativos são tirados da fauna e da flora local ou dos utensílios domésticos do povo. O tipo da maior parte do vasilhame sai igualmente de modelos tradicionais preexistentes, como a bilha de Coimbra e a bilha da Maia, o pichel de Redondo, o moringue de Estremoz, etc. Dos trabalhos de elevado mérito e perfeição que Bordalo Pinheiro tem obtido daquela louça, conta-se a Jarra Beethoven, obra de arte que esteve algum tempo exposta à admiração do público, sendo depois remetida para o Brasil. Em 1903 a Associação dos Jornalistas ofereceu ao distinto artista um álbum em que colaboraram muitos dos mais entusiastas admiradores do seu talento privilegiado.

Bordalo Pinheiro colaborou na Illustración de Madrid, a na Illustración española y americana. No ano de 1873 começou também a aparecer o seu nome na Illustrated London News. Rafael Bordalo tem um filho, o sr. Manuel Gustavo, que é também caricaturista apreciável e professor de desenho na Escola Rodrigues Sampaio.

 

 

 

 

Genealogia de Rafael Bordalo Pinheiro
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, pág.
391

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral