Napoleão Bonaparte, Imperador dos Franceses

Napoleão Bonaparte

DISCURSO DE NAPOLEÃO BONAPARTE

 

Discurso proferido, em 16 de Agosto de 1807, no Palácio Bourbon sobre a «Situação do Império», perante o Corpo Legislativo, o Tribunado e o Conselho de Estado franceses.

 

Acabado de chegar a Paris, após as campanhas militares contra a Prússia e a Rússia, na Alemanha e na Polónia, provocadas pelo ultimato do rei da Prússia de Agosto de 1806, e a assinatura dos Tratados de Tilsit, com a Rússia e a Prússia, Napoleão, que tinha estado ausente da capital francesa cerca de dez meses, celebrou em 15 de Agosto o dia de «São Napoleão», e no dia seguinte dirigiu-se ao Corpo Legislativo. Talleyrand, vice grande eleitor, assistiu ao juramento dos novos membros recentemente eleitos, e a seguir o Imperador da República Francesa pronunciou o discurso, que o historiador francês Adolphe Thiers afirmou ter sido escutado com uma viva emoção pelos membros das grandes instituições do estado francês e aplaudido intensamente. A tentativa de integração de Portugal, da Dinamarca e da Suécia, os «vizinhos» da Inglaterra, no «sistema federativo» napoleónico já estava em marcha.

 

«Senhores deputados dos departamentos no Corpo Legislativo, senhores tribunos e membros do meu Conselho de Estado.

Desde a vossa última sessão, novas guerras, novos triunfos, novos tratados de paz mudaram a face da Europa política.

Se a Casa de Brandemburgo, que foi quem primeiro conjurou contra a nossa independência, ainda reina, deve-o à sincera amizade que me inspirou o poderoso imperador do Norte.

Um príncipe francês reinará no Elba: saberá conciliar os interesses dos seus novos súbditos com os seus mais importantes e mais sagrados deveres.

A Casa da Saxónia recuperou, após 50 anos, a independência que tinha perdido.

Os povos do ducado de Varsóvia, da cidade de Danzig, recuperaram a sua pátria e os seus direitos.

Todas as nações rejubilam, em comum acordo, ao ver a influência perniciosa que a Inglaterra exercia sobre o continente destruída sem possibilidade de regresso.

A França está unida aos povos da Alemanha pelas leis da Confederação do Reno; aos da Espanha, da Holanda, da Suiça e das Itálias, pelas leis do nosso sistema federativo. As nossas novas relações com a Rússia estão cimentadas pela estima recíproca destas duas grandes nações.

Em tudo o que fiz, tive em vista unicamente a felicidade dos meus povos, mais importantes para mim do que a minha própria glória.

Desejo a paz marítima. Nenhum ressentimento influenciará, alguma vez que seja, as minhas decisões. Não o saberia ter contra uma nação, joguete dos partidos que a dilaceram e enganada sobre a situação dos seus negócios, assim como em relação aos seus vizinhos

Mas qualquer que seja o resultado que os decretos da Providência decidirem sobre a guerra marítima, os meus povos ver-me-ão sempre igual a mim mesmo, e eu continuarei a ver os meus povos dignos de mim.

Franceses, o vosso comportamento nestes últimos tempos, enquanto o vosso Imperador esteve afastado mais de 500 léguas, aumentou a minha estima e a opinião que tinha sobre o vosso carácter. Senti-me honrado em ser o primeiro de entre vós. Se, durante estes dez meses de ausência e perigos, estive presente no vosso pensamento as marcas de amor que vós me destes provocaram-me constantemente as mais vivas emoções. Todas as preocupações, tudo o que podia ter a ver com a conservação da minha pessoa, não me tocavam senão pelo interesse que vós mostrastes e pela importância que ela podia ter para o vosso destino futuro. Sois um bom e grande povo. 

Pensei em várias disposições para simplificar e aperfeiçoar as nossas instituições.

A nação retirou importantes benefícios do estabelecimento da Legião de Honra. Criei diferentes títulos imperiais para dar um novo brilho aos mais importantes dos meus súbditos, para honrar brilhantes serviços  com brilhantes recompensas, e também para impedir o regresso de qualquer título feudal, incompatível com as nossas instituições.

Os relatórios dos meus ministros das Finanças e do Tesouro público farão conhecer o estado próspero das nossas finanças. Os meus povos sentiram uma importante diminuição na contribuição predial.

O meu ministro do Interior dar-vos-á a conhecer as obras que foram começadas ou acabadas; mas o que falta fazer é ainda mais importante, já que quero que em todas os lugares do meu Império, mesmo no mais pequeno lugarejo, o bem-estar dos cidadãos e o valor das terras sejam aumentados devido ao sistema geral de melhorias que concebi.

Senhores deputados dos departamentos no Corpo Legislativo, a vossa ajuda ser-me-á necessária para chegar a este grande objectivo, e tenho o direito de contar constantemente com ela.

 


Fonte:
L. Picard, Expédition du Portugal (1807), Paris, Jouve & Cie., 1912

 

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