A GUERRA EM ANGOLA.

 

2. Combate de Naulila – Retirada sobre os Gambos

 

Cavalaria portuguesa
Partida da cavalaria portuguesa
do Lubango para o Cuamato

 

Na previsão do ataque, 1 cuja direcção se ignorava, mas que, presumivelmente, seria ou Caluéque teu Naulila, Roçadas toma a decisão de elaborar umas instruções para cada uma destas hipóteses, nas quais, além da missão principal a desempenhar por cada destacamento directamente visado pelo inimigo, prescrevia a cooperação que cada um prestaria ao outro, instruções que, dizia Roçadas, certamente serviram de base às ordens e instruções especiais emanadas do Quartel General.

Uma destas ordens, dirigida ao comandante do destacamento do Galuéque 2, determinava-lhe que atacasse o destacamento alemão que ficara junto à margem esquerda do Cunene, a fim de o aniquilar, e, cumprida que fosse esta missão, aguardaria ordens para marchar à primeira voz na direcção que fosse indicada.

Aquela ordem, expedida pelas 20 h do dia 17 de Dezembro, só às 17 h 45 m de 18 foi recebida pelo major Salgado; ou seja quase duas horas e meia após o início do combate de Naulila.

A posição de Naulila tinha a forma de um ângulo muito aberto, ou melhor a de um arco irregular numa extensão de 2.000 m, desde o Cunene, onde se apoiava a direita, até à estrada da Oncuáncua que incidia sobre a esquerda.

Roçadas esperava o ataque principal na direcção do sector voltado para o sul e sudoeste, pois as posições que o inimigo ocupava, a existência das duas únicas comunicações - caminho da Chana e a estrada da Oncuáncua - e a própria conveniência militar do adversário assim o faziam suspeitar.

Não houvera tempo nem material para organizar defensivamente o exterior da posição.

O comando directo das forças de Naulila fora confiado ao capitão Mendes dos Reis.

Como vincos, Franck deslocara-se para leste na tarde de 17, internando-se no mato, ficando Water na margem esquerda do Cunene.

Estas disposições iniciais de Franck, depois de colhidas pelo alferes Vahle todas as informações sobre Naulila e caminhos que ali conduziam obedeciam ao seu plano de ataque.

Franck estaciona, já noite fechada, a uns 5 quilómetros da posição de Naulila; Water, junto ao Cunene, protege-o contra um possível ataque do major Salgado.

Vau Calueque

O vau Caleque no Cunene

Respectivamente, à meia-noite e na madrugada de 18, as ditas colunas – Water e Franck – rompem a marcha sobre Naulila.

Water iniciará o ataque às 4 h 30 m. sobre a esquerda; Franck atacará por leste, sobre a estrada da Oncuáncua, flanco que julga mais fracamente guarnecido. Water não consegue, porém, atingir o nosso flanco direito à hora determinada. Franck é obrigado a atacar primeiro. Mas o plano de ataque, com duas colunas, reajusta-se por fim, e durante quatro horas de luta intensa, à decisão e manobra enérgica dos alemães, opõe-se, do nosso lado, falta de direcção e de comando, esforços dispersos que nunca chegam a termo, muito embora a grande maioria das forças empenhadas se batam com energia, tenacidade e valor 3.

As perdas do lado dos alemães foram: - mortos, 12 praças; feridos, 10 oficiais e 20 praças 4.

As nossas foram: - mortos, o capitão Homem Ribeiro, o tenente Sereno, o alferes Alves, e 66 praças, das quais 54 europeias; feridos, os tenentes Betencourt, Marques, Aragão e Figueiredo e o alferes Figueiredo e 71 praças das quais 61 europeias; prisioneiros, tenentes Aragão e Marques, alferes Andrade e 62 praças.

O efectivo das forças alemãs com que nos defrontáramos era de 38 oficiais combatentes, 2 médicos, 3 auxiliares, entre os quais o bóer Duplessis e o Dr. Vageler, 450 praças europeias, todos montados, e 1500o auxiliares indígenas, 6 peças e 2 metralhadoras, um posto de T.S.F. e uma ambulância. Todos os alemães estavam armados e municiados.

A retirada imediata, iniciada às 9 h 30 m com toda a ordem e sem sermos incomodados pelo inimigo, foi para a Dongoena, posto militar mais próximo, atravessando-se o Cunene no vau Chiquenda. Deste vau foi enviada ordem verbal ao major Salgado para retirar também para a Dongoena, ordem confirmada por escrito quando a coluna de Naulila atingiu pelas 15 h aquele posto.

Distribuída uma ração de bolacha e vinho 5, a coluna continuou a marcha pelas 18 h, tendo o destacamento do Calueque recebido ordem de cobrir o movimento. Por engano dos guias a coluna afastou-se do Cunene, o que aumentou as dificuldades da marcha, especialmente pela falta de água e ardor do sol. Tendo descansado da meia-noite até de madrugada, pôs-se novamente em marcha, chegando as primeiras forças ao Humbe pelas 13 h de 19.

Às 15 h 30 m a explosão do paiol do Forte Roçadas deu origens a factos de uma certa gravidade e que levaram Roçadas a determinar a concentração de todas as forças na zona Cahama-Gambos, 6 tendo-se atingido pelas 9 h de 22 a Cahama, onde já se encontrava a 11.ª companhia de infantaria 14, que por iniciativa do seu comandante, e ao saber do desastre, veio guarnecer esta posição.

Como a posição militar fosse má e o local insalubre, foi deixado nesta localidade apenas o 2.º esquadrão de dragões, já organizado, embora com efectivo reduzido, constituindo um destacamento de vigilância e segurança. As restantes forças foram concentrar-se entre o Tchipelongo e os Gambos, partindo de Cahama na madrugada de 24.

Depois da retirada, o gentio do Humbe assalta, arromba e saqueia as casas desta localidade, hostiliza os extraviados, tendo sido mortos alguns e roubados outros.

Em 30, o comandante do 2.º esquadrão de dragões, capitão Teixeira, envia ao Humbe, em serviço de exploração, um pelotão sob o comando do 1.º sargento Rodrigues, acompanhado de alguns auxiliares portugueses. Atacado pelo gentio revoltado, é obrigado a retirar, sendo perseguido até à Bela-Bela, tendo sido mortos o 1.º sargento Rodrigues e 14 praças.

Em consequência destes factos de declarada rebelião e de boatos de que havia entendimentos entre um pretendente ao sobado do Humbe e os alemães, o serviço de informações é confiado aos auxiliares e à missão do Tchipelongo.

Os alemães, esses também tinham retirado para a Damaralandia, mas não imediatamente, pois encontrando-se a coluna de Naulila ainda na Dongoena, apresentou-se ao comandante Roçadas um soldado nosso, dos que haviam ficado prisioneiros, com um bocado de papel em que o tenente Marques, também prisioneiro, escrevera: «Que Sua Ex.ª o comandante dos alemães queria saber se nós queríamos tratar de paz e que, se quiséssemos nos apresentássemos até à tarde, como o mesmo Ex.mo Sr. estava esperando; o sinal era a bandeira branca». 7

Chegada da cavalaria

Chegada ao Cubango do resto do 1.º esquadrão de dragões depois de 18 de Dezembro

Nos primeiros dias do mês de Janeiro a distribuição das nossas forças era a seguinte: Quartel-general nos Gambos; auxiliares boers em Otchinjou; o 3.º esquadrão de cavalaria 9 8 em Tchiapepe (menos 1 pelotão, em Otchinjou); o batalhão de marinha em Forno da Cal; continuavam em Cassinga o destacamento do baixo Cubango 9 e a 15.ª companhia indígena; as restantes por Cahama, Forno da Cal, Gambos, Pocolo e Lubango.

O incidente de Naulila (19 de Outubro de 1914) precipitara, como vimos, os acontecimentos, pois nem o número de unidades à disposição do Comando, nem a insuficiência dos serviços da retaguarda permitiram concentrar a tempo na linha Naulila-Dongoena os efectivos necessários. Na proposta que Roçadas entregara no ministério das Colónias, antes do seu embarque para Angola, pedia que o corpo expedicionário do seu comando fosse reforçado com 2 batalhões de infantaria, 2 baterias de artilharia montada ou de montanha, 2 baterias de metralhadoras e 1 esquadrão de cavalaria. Em 25 de Novembro, na previsão de uma invasão das forças alemãs da Damaralandia e em resposta a uma pergunta telegráfica do governador-geral, Roçadas confirma aquela requisição de reforços 10.

Posteriormente e por iniciativa do governador-geral, a totalidade das forças metropolitanas, requisitadas e estacionadas a partir de 28 de Março de 1915 no Sul da província, era de 5 batalhões de infantaria, 1 batalhão de marinha, 3 esquadrões de cavalaria, 5 baterias de artilharia montada, 3 de artilharia de montanha e 8 de metralhadoras.

Índigenas no Cuamato

Índigenas aglomerados no forte do Cuamato

E como às unidades teriam de ser exigidos serviços em locais distantes do litoral e dos verdadeiros centros de abastecimento, forçoso era dotar os agrupamentos a constituir, na hipótese de futuras operações militares, do pessoal e material necessários à organização e funcionamento dos diversos serviços de 1.ª e 2.ª linha.

Fez Roçadas, nesta ordem de ideias, requisição de pessoal destinado ao quartel general e aos serviços de engenharia, de artilharia, de saúde, veterinário, de administração militar e de transportes, e de material de engenharia (pontes, T.S.F. e aviões), reserva de material para 1 bateria de metralhadoras, material de subsistências, transportes, fardamentos, equipamentos, sanitário e medicamentos e veterinário. Em 9 de Maio de 1915, data do seu embarque para a metrópole, estas requisições estavam em parte satisfeitas.

 

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Notas:

1. Esta previsão era cada vez mais justificada pelas informações recebidas, no 6m de Novembro e primeiros  dias de Dezembro, da região do Cuambi, cujo soba se dizia disposto a auxiliar-nos contra os alemães e os cuanhamas rebeldes, informações que deram os alemães, do comando de Franck, com tropas brancas e indígenas, todos montados e com metralhadoras, concentrando-se na fronteira.

Em 12 de Dezembro, patrulhas nossas de vigilância do Caluéque dão notícia de alemães à vista, tendo uma delas, que passou o vau de Caluéque em perseguição de um grupo de alemães montados, sido atacada já na margem esquerda do Cunene, por forças ocultas atrás duma sebe. Recebeu então o esquadrão de dragões ordem par, sair em reconhecimento, em toda a sua força, sob o comando do tenente Aragão, a que se juntaria o pelotão de vigilância do Caluéque, perfazendo um total de 85 cavalos.

Comunicações sucessivas do tenente Aragão confirmam a existência de alemães na margem esquerda do Cunene, a S.O. dos morros de Caluéque. E novas informações recebidas do Cuambi afirmavam que a força alemã acampada em Tamangue marchara no dia 9 em direcção a Ongaudjera. (Nota da Direcção, fundamentada em apontamentos tomados in loco pelo ajudante de campo do Comandante Roçadas, tenente Eduardo Shirley Pereira, e por este obsequiosamente cedidos).

2. O comandante deste destacamento, major Salgado, enviara às 8 h 30 m de 16, ao chefe do E.M. informações de movimentos do inimigo na margem esquerda do Cunene, a jusante do vau do Caluéque. No dia seguinte às 14 h 50 m recebia-se no Q.G., vinda do mesmo comandante, a comunicação de que o posto de observação dos morros de Caluéque vira há pouco, por entre o mato, seguirem três grupos de uns 50 cavaleiros em direcção que devia ser a de Naulila, e avistara ainda um carro puxado a bois e uma metralhadora ou peça de artilharia na mesma direcção dos cavaleiros que tinham passado uns 30 minutos antes. E às 18 h 35 m recebia-se nova comunicação noticiando o movimento, na mesma direcção, de cavaleiros, carros e muares com cargas a dorso. Durante a noite de 17, porém, nada se soube de anormal e o norueguês Brodtkorb, enviado pelo Q.G., com 2 negros, em exploração, regressou pelas 2 h de 18 dizendo não ter visto alemães. (Nota da Direcção, idem).

3. Naulila - Augusto Casimiro - «Perante a violência do fogo inimigo que também trazia metralhadoras, - diz Shirley Pereira nas suas notas de ocasião - desorganizou-se a frente da nossa linha de combate, frente ocupada pela 9.ª companhia de infantaria 14, pela bateria de metralhadoras e por uma companhia de landins. O capitão Homem Ribeiro, que com heroísmo encorajou os homens da sua companhia (9ª), caiu morto, enquanto as nossas metralhadoras aguentavam, com firmeza e com eficiência de tiro, o primeiro embate. Entretanto, tinha sido chamada a nossa reserva, a 12.ª companhia do 14 (capitão Aristides Cunha), que brilhantemente foi ocupar a linha de combate e com as metralhadoras e os landins, deu combate ao inimigo. A nossa artilharia Erhardt (1 peça) não foi eficiente». Ordenado um contra-ataque pelo comandante Roçadas, «a nossa infantaria, com muita bravura, obrigou o inimigo a vacilar. Este, porém, nesta ocasião empregou as suas reservas, obrigando, com fogo de artilharia e rajadas de metralhadoras, a que as nossas forças retirassem. Eram 8 h 50 m – quando de ambos os lados cessou o fogo». (Nota da Direcção).

4. Para estas baixas (que possivelmente terão sido mais numerosas) muito deve ter contribuído, segundo o testemunho de Shirley Pereira, o fogo mortífero das nossas metralhadoras. «As. secções de metraIhadoras eram comandadas, uma pelo tenente Varela, outra pelo tenente Bettencourt que se portaram heroicamente durante toda a acção». Este último, «ferido duas vezes durante o combate, conservou-se sempre no comando da sua secção». Parece que o próprio comandante Franck foi ferido no combate, tendo entregado o comando ao seu imediato. (Nota da Direcção).

5. Duas bolachas e um decilitro de vinho que foi toda a alimentação do dia 18 de cada oficial e cada praça.

6. Ao romper do dia 20 - diz Shirley Pereira -- reorganizou-se a coluna -- incluindo já o destacamento do Calueque (major Salgado) que chegara ao Humbe pelas 15 h de 19 -, na qual se incorporou a 15.ª companhia indígena de Moçambique que, indo em marcha para o Otoquero, retrocedeu para o Humbe onde chegou em 19 pelas 17 h. Esta companhia fora hostilizada no Cuamato com tiros isolados de grupos gentílicos. (Nota da Direcção).

7. Relatório do tenente-coronel Alves Roçadas, pág. 214.

8. Do que acabamos de expor, guiando-nos sempre pelo Relatório do Comandante Roçadas e pelo livro Naulila do capitão A. Casimiro, a acção deste esquadrão apresenta-se mal definida, não se compreendendo como, dada a insuficiência em tropas encarregadas do serviço de segurança e exploração, especialmente em cavalaria, dos destacamentos do major Salgado e do capitão Mendes dos Reis, aquela unidade não tivesse efectuado a sua concentração a tempo de ter tomado parte na luta. Mas poderia o esquadrão ter cooperado no combate de Naulila ou, pela menos, ter avançado rapidamente, procurando assim proteger a retirada das tropas em marcha sobre a Cahama e os Gambos?

O capitão A. Casimiro afirma, a pág. 133 e 138 do seu livro, que a marcha do esquadrão do Lubango ao Humbe, ao longo do Cunene, fora uma marcha lenta. O Comandante Roçadas, por outro lado, ao relatar o combate de Naulila, a pág. 204, diz que «mal pensava que o esquadrão de cavalaria 9 estivesse tão próximo e ainda intacto».

O comandante do esquadrão no seu relatório – de que Roçadas teve conhecimento – mostra-nos o que foi aquela marcha e as dificuldades que encontraram para a sua preparação e execução.

Da apreciação imparcial desse relatório e da correspondência dirigida pelas estações superiores ao comandante do esquadrão (que a falta de espaço nos não permite tratar), do exame atento do itinerário percorrido pelo esquadrão, resulta que: quando acompanhado dos seus ao carros boers de reabastecimento, tanto na marcha para o sul como no regresso ao norte, conseguiu uma velocidade media diária de a 21 quilómetros, pois do Lubango até ao estacionamento de 21 de Dez. percorreu 438 quilómetros em 21 dias e deste estacionamento até o Quipungo, 253 quilómetros em 12 dias; quando, porém, a partir do Quipungo, pôde libertar-se dos carros, percorreu 164 quilómetros em 4 dias ou seja 41 quilómetros por dia. Durante a marcha apenas morreram 2 cavalos e no regresso ficaram 2 no Capelongo e 2 no Caculovar, por não poderem acompanhar o esquadrão; o estado sanitário dos homens foi sempre regular, apesar de o esquadrão não dispor de médico. Outro tanto não aconteceu durante os demorados estacionamentos dos Gambos e do Tchiapepe. Assim. em 21 de Maio de 1915, das 180 praças que constituíam o seu efectivo mobilizado, somente 83 estavam em condições de prestar serviço de campanha; dos 169 cavalos mobilizados, apenas 59 podiam ser empregados no mesmo serviço.

9. Provisoriamente em Cassinga, em virtude do ocorrido no Cuangar, era constituído com pessoal chegado da metrópole em comissão para a província, com algumas praças europeias e indígenas da guarnição do distrito, sob o comando do capitão de infantaria Veloso de Castro.

10. Já em 11 de Novembro tinha sido decretada a organização daquele reforço (O. E. 26, pág. 1352) cujo efectivo total era de 72 oficiais e 2.731 praças. A acrescentar o batalhão de Marinha que, sob o comando de Alberto Coriolano da Costa e com um efectivo de 19 oficiais e 544 praças, embarcou na metrópole, a bordo do Beira, em 18 de Novembro.

Fonte:  

Coronel António Maria Freitas Soares, «A campanha de Angola»
in General Ferreira Martins (dir.), Portugal na Grande Guerra, Vol. 2, Lisboa, Ática, 1934,
págs. 207-213

A ver também:

Portugal na Grande Guerra

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