CRONOLOGIA DA REFORMA NO SÉC. XVI

 

João-Frederico, Eleitor da Saxónia

João-Frederico o Sábio, eleitor da Saxónia, rodeado de Lutero, Zwingli e Melanchthon, entre outros.

A REFORMA

 

1493 - 1519. Maximiliano I é eleito imperador alemão. Adopta o título de Imperador Romano.

1495. Dieta de Worms. Tentativa de modernização da constituição do império medieval. Proclamação da «paz perpétua» e criação de um Tribunal Supremo do Império, o Reichkammergericht (Tribunal da Câmara Imperial), sediado em Franqueforte, depois em Speier e finalmente, em 1689, em Wetzlar.

1501-1505. Martinho Lutero (1483-1546) estudou na Universidade de Erfurt, tendo obtido o grau de Magister Artium.

1505, 17 de Julho-1511, Outubro. Lutero entra na ordem dos Agostinhos, pregando em Erfurt.

1508. Criação da Liga de Cambrai reunindo Maximiliano da Áustria, Luís XII de França, o Papa Júlio II e Fernando o Católico, de Aragão. O objectivo da liga é quebrar o poder de Veneza. Maximiliano conquista uma parte do território da república mas não consegue conquistar Pádua (1509). O Papa abandonou a Liga, organizando com Veneza, os cantões Suíços e Fernando de Aragão a

1511. Santa Liga, dirigida contra a França. Maximiliano da Áustria aderiu em 1513.

1511. Lutero visita Roma.

1512, 19 de Outubro. Lutero obteve o grau de doutor em Teologia e tornou-se professor da Universidade de Wittenberg. Neste ano é eleito sub-prior do convento de Wittenberg.

1512. Dieta de Colónia. A reforma do império progride, com o estabelecimento de 10 círculos, os Landfriedenskreise, para uma melhor manutenção da paz no interior do Império. Os dez são: Áustria (1), Baviera (2), Suábia (3), Francónia (4), Alto Reno (5), Baixo Reno (6), Borgonha (7), Vestefália (8), Baixa Saxónia (9) e Alta Saxónia (10). Havia ao todo 240 estados no Império, não contando com os cavaleiro do Império. A Boémia e os estados vizinhos - a Morávia, a Silésia e a Lusácia - assim como a Prússia e a Suíça (de facto já completamente independente) não foram incluídos nos círculos. Criou-se o Conselho Áulico, um tribunal mais subordinado ao Imperador do que o da Câmara Imperial.

1513-1521. Pontificado de Leão X (Giovanni de Medici, filho de Lourenço o Magnífico). Papa que foi um grande patrono das artes, foi no seu pontificado que começou a Reforma na Alemanha. Não há nada que leve a crer que Leão X tenha compreendido a gravidade da situação, e a única solução que tentou foi excomungar Lutero.

1514-1522. Tradução poliglota da Bíblia, em quatro idiomas - caldeu, hebraico, grego e latim - na Universidade espanhola de Alcalá de Henares.

1515. Lutero é escolhido como vigário do distrito de Gotha da ordem dos Agostinhos, passando a ter sob a sua autoridade onze conventos. No ano seguinte publica a Teologia Alemã.

1517. COMEÇO DA REFORMA. As revoltas Lollard em Inglaterra, tendo como base os ensinamentos de John Wycliff, as revoltas hussitas na Boémia, e outras revoltas religiosas propondo reformas mais ou menos radicais da Igreja, diminuíram o prestígio da hierarquia, tanto como a corrupção e as práticas mundanas da igreja renascentista. O desenvolvimento da crítica académica como a de Desidério Erasmo de Roterdão, cujas edições críticas do Novo Testamento grego (1516) e da Patrística, revelaram graves deficiências nos textos eclesiásticos da altura; ligado ao nascimento de um sentimento nacional alemão, aliado ao desenvolvimento da xenofobia, sobretudo na Alemanha e em Inglaterra; o desenvolvimento da economia capitalista,  que levou à criação de uma classe média que via o catolicismo como um impecilho ao desenvolvimento, e a enorme riqueza fundiária da Igreja, com possibilidade de ser secularizada por pressão de príncipes ambiciosos e sem escrúpulos, foi o pano de fundo em que se irá desenvolver a Reforma.

1517, 31 de Outubro de. Lutero afixa na porta da igreja do castelo de Wittenberg as 95 Teses contra o abuso da absolvição ou indulgências, sobretudo pelo monge dominicano Johann Tetzel. No princípio de 1519 começou  na Suíça outro movimento reformador dirigido por Ulrich Zwingli (1484-1531).

1518. Foi chamado a Augsburgo pelo Cardeal Tomás de Vio de Gaeta. Lutero recusou abjurar, e apelou para o Papa. Mediação do camerlengo papal Karl von Miltitz.

1519, 1 de Janeiro de. Começo da REFORMA NA SUÍÇA, dirigida por Ulrich Zwingli  Zwingli denunciou as indulgências e outros abusos da hierarquia cristã, tendo causado uma grande impressão em Zurique. Em 1521 denunciou a contratação de mercenários, e em 1522 condenou os períodos de jejum e abstinência assim como o celibato, tendo ele próprio casado em 1524. Zurique, seguindo os seus ensinamentos, aboliu a confissão em  1524 e fechou os mosteiros. Zwigli actuou sempre independentemente de Lutero, de que o separava a doutrina da transubstanciação.

1519, 27 de Junho. Discussão em Leipzig com Andreas Bodenstein, chamado Karlstadt, e Johann Eck

Bases da doutrina Luterana: justificação pela fé, o que faz com que não acha necessidade de haver intermediação pelos sacerdotes entre o crente e Deus.

Entretanto os eleitores alemães, apesar da candidatura de Francisco I rei de França, tinham escolhido para Imperador o neto de Maximiliano. O rei Carlos I de Espanha, tornou-se

1519-1558. Carlos V. Visitou a Alemanha pela primeira vez em 1520, para presidir à Dieta de Worms. Na dieta Lutero (17 e 18 de Abril de 1521) defendeu perante o Imperador as suas doutrinas, tendo viajado até Worms com um salvo conduto dado por Carlos V. Tendo acabado por ser banido do território do Império, foi levado por João Frederico o Magnânimo, Eleitor da Saxónia, para Wartburgo e aí viveu sob a sua protecção durante um ano.

O Édito de Worms proibiu a divulgação das obras de Lutero em todo o império, e condenava aqueles que o albergassem ou apoiassem. Lutero traduziu a Bíblia, com a ajuda de Filipe Melanchthon.

1520. Lutero escreveu três obras neste ano: A Sua Majestade Imperial e à Nobreza Cristã sobre a Renovação da Vida Cristã (23 de Junho), Sobre a Escravidão Babilónica da Igreja (6 de Outubro) e Da Liberdade Cristã (4 de Novembro).

1520, Junho, 21. Johann Eck conseguiu a publicação da bula papal «Exsurge Domine» condenando 41 das proposições apresentadas por Lutero nas suas obra. O monge queimou a Bula e alguns documentos de direito canónico (1520, 16 de Dezembro de).

1521, 3 de Janeiro. O Papa Leão X excomunga Lutero, por meio da bula «Decet Romanum Pontificem», no fim do prazo dado ao monge para se retractar, mas a informação demora vários meses a chegar a Alemanha.

1521. Melanchton publica Loci Communes, a primeira obra de teologia luterana.

1521-1526. Primeira guerra de Carlos V contra Francisco I de França. Carlos pretende obter os ducados de Milão e da Borgonha. Francisco pretende a Navarra espanhola e Nápoles. Os franceses, comandados por Lautrec, foram expulsos de Milão, entregue a Francesco Sforza (1522). O condestável francês, Carlos de Bourbon, alia-se a Carlos V. O exército francês sob as ordens de Bonnivert (1523-1524) tenta invadir a Itália infrutiferamente. As forças imperiais invadem o Sul de França. Francisco I atravessa o Monte Cenis e reconquista Milão.

1522. Progresso da Reforma. Lutero, sabendo dos problemas criados por Karlstadt (Andreas Bodenstein) regressa a Wittenberg. Introduz o culto público com liturgia em alemão e comunhão nas duas espécies, tanto no Eleitorado da Saxónia como no Hesse. Lutero publica a tradução do hebreu para o alemão do Novo Testamento (21 de Setembro), com gravuras do pintor  Lucas Kranach. O progresso da Reforma é facilitado pelo empenhamento do Imperador na guerra com a França.

1522. A Revolta dos Cavaleiros. Franz von Sickingen e Ulrich von Hutten apoiam a Reforma. Sickingen dirige uma liga de nobres que ataca os principados eclesiásticos. Põe cerco à cidade de Trèves (1522), mas em vão. Por seu turno, foi cercado em Landstuhl tendo morrido em combate. Hutten fugiu da Alemanha, tendo morrido na ilha de Ufnau no Lago de Zurique (1523).

1524-1525. Guerra dos Camponeses na Suábia e na Francónia. Os camponeses aproveitaram as desordens criadas pela revolta de Lutero, inspirando-se nos seus ataques apaixonados contra as autoridades estabelecidas, para lutarem contra as imposições sociais e económicas do feudalismo alemão, mas sobretudo a devolução das terras comunais apropriadas pela nobreza. Listaram as suas exigências nos revolucionários Doze Artigos. Lutero repudiou a revolta. O exército dos camponeses foi derrotado em Knigshofen no rio Tauber e punidos de uma maneira cruel. Outra revolta de carácter social e religioso foi a dos Anabaptistas na Turíngia, seita que negava a eficácia do baptismo infantil e rejeitavam qualquer tipo de sacerdócio, tendo apresentado um programa baseado no desaparecimento da propriedade privada. O chefe, Thomas Munzer foi capturado e executado.

1524. Fernando de Áustria, irmão mais novo de Carlos V, a quem o imperador entregara o governo da Alemanha em 1522, organizou uma aliança com os dois duques da Baviera e os bispos soberanos do Sul da Alemanha, incentivado pelo núncio papal Lorenzo Campeggio, para lutar contra as mudanças religiosas.

1524. Cinco cantões suíços - Lucerna, Uri, Schwyz, Unterwalden e Zug - aliaram-se com Zurique e o movimento Reformador.

1524. Erasmo de Roterdão publica Do Livre Arbítrio, no qual defende o poder do homeme confiar na razão e na vontade que tinham sido corrompidas pelo pecado original, condenando claramente as teses de Lutero.

1525. A BATALHA DE PAVIA. Francisco I foi derrotado decisivamente e capturado pelas forças imperiais. Na Paz de Madrid (1526) renuncia a qualquer pretensão a Milão, Génova e Nápoles, assim como à suserania sobre a Flandres e o Artois. Aceitou também  ceder o ducado da Borgonha, tendo entregue os seus filhos como reféns.

1526. A Liga de Torgau é criada pelos príncipes protestantes - João da Saxónia, Filipe de Hesse, o Luneburgo, o Magdeburgo, a Prússia e outros - para se oporem a Fernando de Áustria e os seus aliados bávaros. A Liga tentou que fosse promulgado o édito da Dieta de Speier, favorável à nova doutrina.

1526-1532. Guerra com os Turcos.

1527-1529. Segunda Guerra entre Carlos V e Francisco I. O rei de França declarou que as condições do tratado de Madrid tinham sido conseguidas pela força, e por isso eram nulas. Aliança de Cognac entre Francisco I, o Papa, Veneza e Francisco Sforza, duque de Milão contra o Imperador. O exército imperial, sem ter sido pago e amotinado, ocupa Roma à força, comandado pelo Condestável de Bourbon que morre no assalto à cidade. O Papa é cercado no Castelo Sant'Angelo (1527). O general francês Lautrec invade Nápoles, mas a revolta de Génova, dirigida por Doria, cuja independência Carlos V prometera reconhecer, e a epidemia de peste, de que Lautrec morreu, obrigaram os franceses a abandonar o cerco e a retirar para França. 

1528. Berna e Basileia aceitaram a Reforma, sendo seguidos por três outros cantões, Friburgo e Solothurn mantiveram-se católicos e uniram-se aos cinco cantões originais.

1529, 3 de Agosto de. Tratado de Cambrai (Paz das Damas). Assim chamado por ter sido negociado por Margarida de Áustria, tia de Carlos V, e Luisa de Sabóia, duquesa de Angoulême, mãe de Francisco I. Francisco pagou dois milhões de coroas e renunciou às suas pretensões em Itália, na Flandres e no Artois: Carlos prometeu desistir da sua pretensão à Borgonha por algum tempo, libertando os príncipes franceses que estavam reféns.

1529, Abril. Lutero redige os dois catecismos até hoje em uso nas igrejas luteranas, O Catecismo Menor, para as crianças, e o Catecismo Maior para os adultos.

1529. Segunda Dieta de Speier, onde, devido à posição vitoriosa do Imperador, Fernando e o partido católico tomaram uma posição mais decidida. Decidindo-se aplicar mais estritamente o édito de Worms (1521). Os estados evangélicos protestaram contra esta decisão, passando por isso a ser conhecidos por Protestantes.

1529, Outubro. Colóquio de Marburgo. No debate entre Lutero e Zwingli sobre se os artigos de fé se deviam basear somente na Palavra de Deus ou também na razão humana, Lutero defendeu que só as Escrituras eram fonte de artigos de fé.

1530. Carlos V é coroado Imperador pelo Papa em Bolonha; a última coroação de um imperador alemão por um Papa.

1530. Dieta de Augsburgo, presidida pelo Imperador, para tentar superar o Cisma. Apresentação (25 de Junho) em nome dos príncipes e cidades evangélicas dos 28 artigos que definiram a Confissão de Augsburgo por Melanchton (Philipp Schwarzert). Apresentação da Confutação Católica (3 de Agosto). A Dieta exigiu a abolição de todas as inovações e deu até 15 de Abril de 1531 para que os luteranos regressassem ao seio da Igreja Romana.

1531, 6 de Fevereiro de. Liga de Esmalcalde (Smalkade), aceite desde 1530, entre a maioria dos príncipes e das cidades imperiais protestantes.

Carlos conseguiu que o seu irmão Fernando fosse eleito Rei de Roma (sucessor ao Império) e coroado em Aix-la-Chapelle (Aachen). O eleitor da Saxónia protestou contra tal  procedimento em nome dos Protestantes.

1531. Guerra dos Cantões católicos contra Zurique. Zurique foi derrotada em 11 de Outubro e Zwigli morto

Devido ao perigo Turco, Fernando assinou a

1532. Paz de Nuremberga. O édito de Augsburgo foi abolido, sendo permitido o livre exercício do culto aos Protestantes, até à realização de um novo Concílio, a ser convocado no decurso do ano seguinte.

1534-1535. Anabaptistas de Munster (Johann Bockelsohn de Leyden). Consequências anarquistas extremas da doutrina da justificação pela fé de Lutero.

1534. Lutero publica a tradução do Antigo Testamento, o que permite publicar a Bíblia completa em Agosto desse mesmo ano.

1534. Filipe, duque de Hesse, restaurou o duque Ulrique de Vurtembergue, expulso em 1519 dos seus estados pela Liga das cidades da Suábia. O imperador tinha investido o seu irmão como duque, mas Fernando aceitou ser aceite pelos evangélicos como Rei de Roma em troca da renúncia ao ducado do Vurtembergue.

1534, 15 de Agosto de. Fundação da Companhia de Jesus. Inácio de Loyola (Iñigo Lopez de Recalde, 1491-1556) com cinco associados funda a Companhia de Jesus, conhecida pela Ordem dos Jesuítas. Foi aprovada pelo Papa Paulo III em 27 de Setembro de 1540, por meio da Bula «Regimini militantis Ecclesiae». Os Jesuítas, organizados com uma rígida disciplina e obediente ao Papa, foram os principais agentes da (Contra) Reforma Católica.

1535. Expedição de Carlos V a Tunis, com o apoio de Portugal.

1536. Genebra, aliada a Berna, adoptou a Reforma, devido sobretudo ao esforço de William Farrel. No mesmo ano João Calvino (1509-1564) chegou à cidade. Os seus ensinamentos tiveram uma grande influência, mas também grandes oposições. Em 1538 foi banido da cidade.

1536-1538. Terceira Guerra de Carlos V contra Francisco I de França. O rei francês renovou as suas pretensões ao ducado de Milão, após a morte de Francesco Sforza II sem sucessor. Carlos V invadiu novamente a Provença, mas sem resultado, enquanto Francisco I invadiu a Sabóia e o Piemonte. O rei francês conseguiu a aliança do sultão turco Suleimão, que atacou a Hungria e enviou a frota atacar a costa italiana. A guerra terminou por meio da

1538, 18 de Junho de. Trégua de Nice, que se baseou na manutenção dos territórios tomados por dez anos.

1539-1541. Lutero revê a sua tradução da Bíblia.

1541. João Calvino (1509-1564) introduziu a Reforma em Genebra. Nascido em Noyon, em França, publicou a Christianae Religionis Institutio em 1536, onde defendeu não só a reforma da Igreja mas a de todos os indivíduos. Chamado a Genebra em 1541 governou a cidade até à sua morte, tendo-a organizado como um estado teocrático. Sistematizou a revolta emocional de Lutero criando a doutrina da predestinação com base em Santo Agostinho. As igrejas calvinistas mantinham um código moral muito estrito e, ao contrário das luteranas, mantinham a sua independência das autoridades seculares. Em Genebra, na Escócia (John Knox, 1505-1572), e por uns tempos em Inglaterra e mesmo na América do Norte (Boston), os Calvinistas criaram estados teocráticos. Em França e na Hungria tornaram-se uma minoria importante. Na Holanda e nalgumas zonas da Alemanha, tornaram-se o grupo Protestante dominante.

1541. Expedição infrutífera de Carlos V contra Argel.

1542. Henrique, duque de Brunswick-Wolfenbuttel, foi expulso das suas terras pela Liga de Esmalcade.

1542-1544. Quarta guerra de Carlos V contra Francisco I, devido à investidura do filho de Carlos V, o futuro Filipe II de Espanha, no ducado de Milão. O facto de dois agentes franceses, enviados ao sultão turco, tendo resistido à captura, serem mortos foi o pretexto. Francisco I alia-se a Suleimão e ao duque de Cleves. A frota franco-turca bombardeia e saqueia Nice. Carlos V aliade a Henrique VIII derrota o duque de Cleves e avança até Soissons, em território francês. Suleimão ataca a Húngria e a Áustria.

1544, 18 de Setembro. Tratado de Crespy. Francisco, duque de Orleães, 2.º filho do rei de França, deveria casar com uma princesa da casa imperial e receber Milão. Morreu em 1545 e por isso o acordo ficou sem efeito. Milão manteve-se na posse do Imperador que o deu a Filipe enquanto feudo. Francisco I acabou por abandonar as suas pretensões a Nápoles, e a suzerania sobre a Flandres e o Artois, enquanto Carlos V abandonou as suas pretensões à Borgonha.

1545-1563. CONCÍLIO DE TRENTO. Os Decretos Tridentinos produziram uma genuína reforma da Igreja Católica Romana, e reafirmaram as bases fundamentais do seu dogma.

1546, 18 de Fevereiro de. Lutero morre em Eisleben, sendo enterrado em Wittenberg em 22 de Fevereiro.

1546-1547. A GUERRA DA LIGA DE ESMALCALDE. Carlos V, sem preocupações externas, tentou aniquilar a independência dos estados na Alemanha e restaurar a unidade da Igreja. Com o apoio do Papado que lhe prometeu dinheiro e tropas. Os chefes da Liga de Esmalcalde, João Frederico, eleitor da Saxónia, e Filipe, duque de Hesse, foram banidos. O duque Maurício da Saxónia concluiu uma aliança com o Imperador. Carlos V depois de ter vencido os membros da Liga no Sul da Alemanha, dirigiu-se para Norte, em direcção à Saxónia, forçou a passagem do Elba e derrotou na

1547, 24 de Abril. Batalha de Muhlberg, o eleitor da Saxónia, capturando-o e cercando Wittenberg, a sua capital. O tratado foi mediado por  Joaquim II de Brandeburgo. A dignidade eleitoral e terras foram entregues ao Ramo Albertino (do duque Maurício). O Ramo Ernestino manteve Weimar, Iena, Eisenacj, Gotha, e outras terras. O eleitor foi mantido cativo. Filipe de Hesse rendeu-se e também foi preso. 

O Interim de Augsburgo (1548) não foi aceite genericamente pelos Protestantes, nem tão pouco pelo Papa, já que aceitava a formulação de verdades de Fé católicas numa terminologia protestante, o casamento dos padres que tinham aderido à Reforma e concedia a comunhão sob duas espécies.

A cidade de Magdeburgo, centro da resistência protestante, é banida do Império. Maurício da Saxónia, responsável pela aplicação do decreto, armou-se secretamente e em

1552. Surprendeu o Imperador, após a assinatura do Tratado de  Friedewalde (1551) com Henrique II de França, e obrigou-o a libertar o seu sogro, Filipe de Hesse, e a concluir a Convenção de Passau. aceitando a liberdade religiosa para os aderentes à confissão de Augsburgo até à próxima Dieta imperial.

1552-1556. Guerra entre Carlos V e Henrique II de França, que, enquanto aliado de Maurício da Saxónia, tinha ocupado Metz, Toul e Verdun. Carlos cercou Metz, que sob o comando de Francisco de Guise se defendeu com sucesso. A trégua de Vaucelles deu à França, provisoriamente, a posse das cidades ocupadas.

1553. Maurício derrotou Alberto marquês de Brandenburgo-Culmach em Sievershausen, mas foi ferido mortalmente.

1555. Supressão violenta de uma revolta anti-calvinista em Genebra. A cidade tornou-se um centro de refúgio para protestantes ingleses e franceses e um ponto de radiação da doutrina calvinista. Mas os outros cantões protestantes suíços mantiveram-se fiéis à doutrina de Zwingli.

1555, 25 de Setembro. PAZ RELIGIOSA DE AUGSBURGO. Os príncipes territoriais e as cidades livres que, à data, tinham aceite a confissão de Augsburgo passaram a ter liberdade de culto, o direito de introduzirem a Reforma nos seus territórios (jus reformandi) e direitos iguais aos dos estados católicos. Não se chegou a acordo sobre a Reserva Eclesiástica determinando que os bispos e abades que se tinham tornado protestantes perdiam os seus cargos e rendimentos; mas esta provisão foi imposta por decreto do Imperador. Esta paz não reconheceu privilégios especiais para a Igreja Calvinista.

1556. ABDICAÇÃO DE CARLOS V. em Bruxelas (com efeito em 1558).

A Coroa de Espanha, com Nápoles, Milão, o Franco-Condado e os Países-Baixos era doada ao seu filho Filipe II; a função imperial e as possessões dos Habsburgos eram entregues ao seu irmão Fernando I. Carlos viveu no mosteiro de Yuste, mas nunca professou, tendo ali morrido em 1558.

1558-1564. FERNANDO I, marido de Ana, irmã de Luis II, rei da Boémia e Hungria, foi eleito rei pelas cortes destes territórios após a morte do cunhado. Guerras constantes em defesa da Hungria, que foi obrigado a abandonar quase totalmente aos Turcos.

1564-1576. MAXIMILIANO II, filho de Fernando, foi um governante moderado, com alguma simpatia pela causa protestante que nunca atacou, deixando que os protestantes praticassem livremente a sua religião.

Guerras com João Zápolya, príncipe da Transilvania, e com os Turcos. O sultão Suleimão I morreu no acampamento erguido em frente de Szigeth, defendida pelo heróico Nicolas Zrinyi. Pela trégua com Selim II (1566) cada uma das partes manteve as suas conquistas.

REACÇÃO CONTRA O PROTESTANTISMO: Reforma Católica ou Contra Reforma.

1576-1612. RUDOLFO II, filho do imperador Maximiliano II, um homem de cultura, astrólogo e astrónomo, mas incapaz para governar. Nova disputas sobre a reserva eclesiástica. A cidade imperial de Donauworth foi banida do império porque uma multidão tinha impedido uma procissão católica. A cidade, apesar da proibição do Imperador, foi integrada no eleitorado da Baviera, cujo eleitor tinha sido encarregue de fazer cumprir a ordem (1607). Estes distúrbios levaram à formação da

1577. Abertura de um seminário jesuíta em Lucerna, marcando o começo da fase mais activa da Contra-Reforma, dirigida principalmente pelo cardeal Carlo Borromeo de Milão. 

1608. União Protestante, dirigida por Frederico IV, Eleitor Palatino do Reno, a que se opôs a

1609. Liga Católica, liderada por Maximiliano, duque da Baviera. Ambos os príncipes eram membros da casa de Wittelsbach.

Rudolfo, que tinha renunciado a governar a Hungria, a Morávia e a Áustria, por imposição do seu irmão Matias, tentando conciliar a população da Boémia outorgou a

1609. Carta Real (Majestatbrief), que permitia o livre exercício da religião aos três estados de senhores, cavaleiros e cidades reais. Matias obrigou Rudlfo a abdicar do governo da Boémia

1612-1619. MATIAS, não tendo sucessão, e tendo obtido a renuncia de todos os seus irmãos, conseguiu assegurar que a sucessão aos reinos da Boémia e da Hungria fosse entregue ao seu primo Fernando, duque da Estíria, Carintia e Carniola, que tinha sido educado por jesuítas num catolicismo rígido.

 

Fontes principais:

William L. Langer,
An Encyclopedia of World History,
Boston, Houghton Mifflin, 1968

António Augusto Simões Rodrigues (dir.),
História Comparada: Portugal, Europa e o Mundo. Uma Visão Cronológica,
Lisboa, Temas e Debates, 1997

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